Capítulo 56

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Cristal

Me sento na mesa e fico esperando todos chegarem para o jantar, estou morrendo de fome e com um pouco de enxaqueca.

Nathan —sua cara está estranha, parece desanimada, aconteceu algo?— vejo meu irmão caminhar em minha direção com uma expressão de preocupação.

—não é nada, só estou um pouco entediada aqui, não tem muita coisa para fazer— digo e ele me olha fixamente por um tempo, parece não estar acreditando nisso.

Nathan —se tem algo de deixando preocupada pode contar para mim, estou sempre aqui para ajudar você, ainda mais se for sobre Dragomir, não consigo gostar dele de jeito nenhum— parece que tem muito mais cérebro que
nosso pai.

—estou bem, sério, e você também está?— pergunto olhando para ele que está com uma cara de cansaço bem aparente.

Nathan —só lutei a manhã inteira e tive que aturar a visita ruim da minha mãe, se é que posso chamar alguém que me batia e torturava a toa dessa forma— diz se sentando em uma cadeira perto de mim.

—você é forte Nathan, acho que não aguentaria passar por algo assim por causa da minha própria mãe— digo e ele abaixa a cabeça por um tempo.

Nathan —tudo que eu tenho é traumas quando penso em tudo que passei com ela, nunca me deu um abraço, nunca disse que me amava... Eu nasci apenas para ela conseguir dar um golpe do baú em um rei, e ela realmente conseguiu isso, pois nosso pai sempre paga para ela se afastar de mim— me sinto mau ao ver ele cabisbaixo assim.

—ele faz isso para proteger você, mas acho que isso você já sabe— digo e ele abre um sorriso.

Nathan —eu não acho que podia ter um pai melhor, imagino que se fosse qualquer outro rei iria querer esconder um bastardo bem longe dele e do reino—   diz abrindo um sorriso educado enquanto as empregadas servem a comida.

—você não é um bastardo— digo, mas ele apenas fica em silêncio.

Nathan —diante as regras desse mundo, filhos que nascem fora de um casamento são sim considerados bastardos— então sendo assim eu também sou bastarda.

—pera aí então, se o nosso pai casar e tiver um filho essa criança teria mais direitos que nós?— pergunto ficando pasma com isso, pois de certa forma é injusto.

Sinto alguém colocar a mão em cima do meu ombro, me viro para olhar e vejo que é apenas meu tio Cris.

Cristian —realmente, diante as regras o filho concebido dentro de um casamento tem mais direitos, mas não se preocupem, o Dante não é um homem de casamento, é provável até que gere mais filhos por aí inclusive— que forma mais estranha de falar do irmão.

Nathan —nada é improvável para o nosso pai sinceramente, mas não acho que vá se tornar ausente caso se case e tenha outra família— diz enquanto olha nosso tio escolher uma cadeira no outro lado, é o lado que nossos tios e primos sentam.

—eu tenho uma dúvida sobre essas regras, eu também sou considerada bastarda no reino da minha mãe?— é uma dívida que tenho desde que entramos nesse assunto.

Cristian —para ser sincero fica complicado de se explicar, você não é bastarda, pois normalmente é uma frase usada para reis que fazem filhos por aí e abandonam ou ignoram. No caso de sua mãe, ela é rainha e qualquer herdeiro que venha dela tem direito ao trono, mas se ela casar um dia e gerar um menino aí seu direito ao trono vai ser menor que o da criança— isso me parece extremamente machista.

—e se a criança fosse uma menina?— pergunto, mas antes que Cristian possa responder escuto a grande porta da sala de jantar ser aberta, meu pai, Henri e Alex entram na sala de jantar.

Henri —sobre o que de interessante estão a conversar?— diz parecendo interessado.

Cristian —sobre o que aconteceria se a Eliza casasse e tivesse um filho— noto uma expressa estranha se formar no rosto do meu pai.

Dante —por que vocês estariam conversando sobre isso, sua mãe pretende casar com alguém? Ela parecia solteira da última vez que a vi— ele parece confuso e cheio de perguntas.

—pelo que eu saiba ela não está com ninguém, mas seria bom se ela conhecesse alguém que cuidasse dela e a fizesse feliz, sobre a questão irmãos, apenas estou curiosa para saber se perderia todos os meus direitos como herdeira, pois pelo que entendi se mamãe casar e tiver um filho homem sim, mas é se for menina?— não é como se eu estivesse querendo o trono para mim, pois pelo que o futuro me reserva não vou nem ver minha mãe conhecendo alguém que a fará feliz.

Cristian —os direitos serão maiores para você que é a mais velha mesmo— eu sabia que essas regras são extremamente antiguadas.

Dante —não acha que está muito cedo para querer o trono de sua mãe?— pergunta abrindo um sorriso —apesar que para ela seria um grande presente finalmente se livrar da posição que prende ela no purgatório.

—eu não quero o trono, nada que me faça ter que parar em um lugar por muito tempo, quero me divertir, viajar, conhecer pessoas novas, apenas isso— digo enquanto as empregadas terminam de servir todos os pratos.

Dante —não sei se parece mais comigo ou com sua mãe querendo evitar responsabilidades— diz se sentando em sua cadeira que fica na ponta da mesa.

—sou jovem, tenho mais coisas para fazer que ter responsabilidades— digo o que faz Dante e Henri rirem.

Henri —igualzinha ao pai, que fofa— eu não consigo levar isso como elogio, pois todos o chamam de irresponsável.
(...)

Escuto meu celular apitar enquanto estou a comer, acho que recebi uma mensagem. Apenas pego para olhar.

(Mãe —eu viajei por alguns dias para o inferno, mas já voltei, estou com muitas saudades de você, posso passar aí para de abraçar, sei que está ocupada, se não puder é só dizer)

Dante —é falta de educação olhar o celular enquanto está a comer— realmente é, mas eu raramente recebo mensagem, e quando recebo é importante.

—foi da minha mãe, não posso demorar a responder ela, não quero a deixar agoniada— tenho certeza que ela fica assim, achando que fui sequestrado ou algo do tipo.

Dante —entendo, e o que foi?— por que ele parece curioso?

—minha mãe perguntou se podia vir aqui me dar um abraço, seria uma viagem rápida imagino— falo o que deixa meu pai em silêncio por um tempo.

Dante —é claro que ela pode vir aqui abraçar você, deve estar preocupada, pois o sinal no inferno é péssimo, mau da para se falar— nisso acho que tem razão, pois sempre que minha mãe tentava falar com meus avós a interferência não deixava.

Apenas respondo minha mãe que sim, pois também estou com saudades dela, do abraço apertado, do beijo em minha testa e do apelido de estrelinha.

Sei que preciso passar mais meu tempo com eles, pois não quero que duvidem de quanto os amo.

Entre Mundos (Deuses Elementais)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin