Capítulo 34

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Cristal

Minha mãe não quer sair mais do meu lado, nem mesmo no banho, diz que se eu desaparecer de novo ela vai junto, pois não vai me deixar sozinha.

Estou esperando minha mãe pegar no sono para eu poder sair de fininho de perto dela, pois preciso de um espaço, quero respirar.

Estar dormindo no lado da minha mãe é estranho depois que você para de ser criança, mas acho que para ela não deve fazer diferença.

Decido sair quando vejo ela se virar para o outro lado, espero alguns minutinhos e saio silenciosamente de perto dela.

Caminho o mais devagar que posso até chegar a porta, destranco ela e tento abrir o mais lentamente possível, tenho sorte que as portas não fazem barulho, quando saio finalmente consigo respirar tranquilamente.

Apenas desço para a cozinha comer algo e quando chego lá vejo Dante e Nathan comendo o bolo de chocolate com morango da minha mãe, ela vai ficar tão brava quando notar que comeram seu bolo favorito.

—belos hóspedes vocês são— digo com os braços cruzados enquanto os observo comer com um olhar de acusação.

Nathan —não me olhe dessa forma, foi ele que me convenceu a comer— diz olhando para nosso pai.

Dante —que tal comer com a gente e ficar quietinha, não vai fazer diferença para sua mãe, ela manda fazerem outro na hora que ela quiser— diz empurrando o bolo que sobrou na minha direção, apenas respiro fundo e pego, pois estou com fome e ele tem razão nisso, mamãe pode ter quantos bolos ela quiser, mas ainda sim sei que vai ficar brava.

—você é uma péssima influência, sabia?— digo e ele abre um sorriso.

Dante —não é para tanto também, eu só gosto um pouco de irritar sua mãe— talvez seja por isso que ela quer distância dele.

—poderia parar de fazer isso se sabe que ela não gosta— digo me sentando perto deles, pego uma colher e começo a comer o bolo o que me alegra um pouco.

Dante —sabe, faço isso por diversão, mas agora também por vingança— apenas rio, pois isso é extremamente infantil da parte dele.

Nathan —as vezes eu duvido um pouco que seja realmente meu pai— diz e logo termina de comer o bolo, vejo ele se levantar e sair de perto de nós.

Dante —Cris, eu queria pedir desculpas pela forma que falei contigo quando te encontrei, eu me irritei a toa, você não tem culpa de nada que envolva eu e sua mãe— ele abaixou a cabeça, parece realmente culpado.

—está tudo bem, ainda vai me ajudar a controlar meu poder de teletransporte?—  ele abre um sorriso ao ouvir isso.

Dante —claro que vou, também tentarei de insinuar a voar, mas não vai poder ser aqui, preciso voltar as minhas responsabilidades no meu lado do purgatório, tudo bem?— ele quer que eu fique no seu reino?

—acho que está tudo bem, mas preciso falar com minha mãe primeiro— tenho certeza que vai permitir, pois nunca demonstra o que realmente quer.

Dante —ela não vai se recusar a deixar você ir, não tem esse direito— a relação desses dois deve ser complicada.

Acho que é melhor eu realmente ir, não quero deixar minha mãe estressada, pois tenho certeza que é assim que ela deve se sentir ao ver ele agora todos os dias por causa de mim.

—ela tem sim direito de opinar, mas não de negar, pai— digo e ele apenas parece concordar até eu ver ele pegando um pedaço do meu bolo com sua colher —você é um ladrão detestável!— digo irritada o que o faz abrir um sorriso como se divertisse com isso.

Dante —está falando igual sua mãe agora— claro que eu tô, ele as vezes consegue passar dos limites aceitáveis.
(...)

Apenas caminho até a escada que leva  ao calabouço, pois estou a tanto tempo sem ver o cavaleiro que estou curiosa para saber se ainda está vivo.

Quando chego a cela dele abro a porta e o vejo deitado na cama de pedra com os olhos fechados.

Será que está dormindo?

Apenas caminho devagar na direção do banco de pedra, mas paro um pouco em sua frente, estendo a mão e tiro sua franja longa da frente do seu rosto.

Quando vou tocar em sua pele ele abre os olhos e se afasta para perto da parede. Acho que realmente estava dormindo e se assustou com minha presença.

Cavaleiro —pensei que estivesse morta e que não viria mais me atormentar— diz com um tom ríspido e sério o que me faz abrir um sorriso.

—que pena então, para sua infelicidade estou viva e vou continuar atormentando você sim—  digo me sentando em meu banco, pois estou a fim de conversar enquanto olho para o tanquinho dele.

Suas mãos e pés continuam presos com correntes pesadas, sua cintura também.

—eu descobri alguns poderes interessantes depois do meu aniversário de 18 anos, estou feliz com isso, por ser mais especial do que imaginava que eu fosse— digo sorrindo, mas ele só me olha.

Cavaleiro —o que adianta ter poderes interessantes se não vai poder aproveitar eles direito, só vai viver até os 23 anos garota— diz tentando me desanimar.

—sei, mas ainda estou feliz, e não adianta ficar dizendo essas coisas, eu não vou me matar se é o que espera— quando digo isso ele só suspira o que me faz olhar para seus olhos completamente pretos o que me faz sentir um frio na espinha.

Cavaleiro —poderia mandar me decapitarem sabe, eu tentei matar você— acho que ele percebeu que não tem como sair e agora está tentando ser morto para voltar a vida.

—isso não vai acontecer, se eu puder garantir, vai ficar aqui pela eternidade me ouvindo, serei sua única companhia já que não precisa comer ou beber água— quando digo isso ele me olha com ódio e o que parece um rugido sai de seus lábios o que me assusta um pouco para dizer a verdade.

Cavaleiro —se eu conseguir sair daqui pode ter certeza que vou arrancar sua língua antes de te matar.

—eu duvido muito, preciso ir— se minha mãe acordar e não me ver no lado dela surta.
(...)

Caminho pelo corredor até chegar na porta do quarto de minha mãe que está aberta, fico preocupada na hora, pois tenho certeza que fechei. Quando olho apenas vejo meu pai sentado em uma cadeira olhando para ela enquanto faz carrinho em seu rosto.

Se ela acordar e se deparar com isso....

Vejo minha mãe começar a se mover, quando ela abre os olhos se assusta e vai para trás na cama, ela apenas levanta a mão e arremessa meu pai da janela da varanda, começo a rir muito disso o que a faz olhar para mim séria.

Eliza —isso não tem graça Cristal!— ela deve estar pensando que tenho algo a ver com isso, parece realmente nervosa e com medo.

—mãe, está tudo bem?— pergunto preocupada, mas ela só se levanta e entra no banheiro, talvez ele realmente a tenha assustada, será que ela pensa que ele seria capaz de machuca-la por ter me escondido dele?




Entre Mundos (Deuses Elementais)Where stories live. Discover now