Capítulo 24

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Eliza

Acordo de manhã, tomo um banho frio enquanto fico a pensar em tudo que aconteceu na festa de aniversário da minha filha, pois é estranho ver todos que eu exclui da minha vida novamente.
(...)

Apenas me arrumo e saio do meu quarto para ir ver como Cristal está, pois pelo que os empregados dizeram ela estava completamente bêbada.

Eu decidi deixar a barreira que divide o purgatório desativada, pois alguns dos guardiões passaram a noite no castelo por ter ficado tarde. Acho que vou deixar as coisas assim para Cristal poder visitar o pai e irmão dela.

Quando entro nos aposentos dela fico travada no mesmo lugar, pois a cama dela e metade do seu cômodo sumiu, não tem nenhum sinal dela dentro do quarto.

É como se algo simplesmente tivesse levado ela e a cama embora.

Apenas saio do quarto tentando não entrar em pânico com o fato dela ter simplesmente sumido junto com a cama o que com certeza não é normal. Chamo os guardas e mando eles procurarem ela em todos os lugares do reino, pois eu sei que minha filha costuma fugir escondida as vezes, mas não quando está bêbada e cansada, e com certeza ela não leva a cama junto.

Me sento na sala de estar enquanto uso o poder da jóia para tentar localizar ela no purgatório, mas é como se ela não estivesse nesse mundo, será que está em algum outro, espero que sim.

Sinto a presença do Dante se aproximando, apenas vejo ele passar no corredor com a blusa semi aberta, ele não dormiu no quarto que deixei para ele, pois é para o lado oposto do que veio.

—imagino que deve ter tido uma ótima noite— falo apenas para chamar sua atenção para sala, vejo que ele para de andar e caminha para dentro da sala, o quarto da Maori fica no lado que ele veio, não me importo com isso, ele faz o que quiser da vida dele, mas tenho que avisar sobre o sumiço da Cristal.

Dante —tem algum problema com isso?—  pergunta limpando os olhos, parece ainda estar com sono.

—não, não, só queria avisar que a Cristal sumiu e eu não estou sentindo a energia dela no purgatório, quero saber se consegue sentir no seu lado para ter certeza— quando digo isso ele fica sério na hora.

Dante —e você me diz isso dessa forma? Como consegue ficar calma com o sumiço da nossa filha?!— apenas respiro fundo e abro um sorriso, pois nem parece que descobriu uma filha ontem para começar a me julgar, se ele souber que a Cris some toda a madrugada infarta.

—eu tó preocupada sim, Dante, a diferença é que o nervosismo só atrapalha nesses momentos e não posso deixar meu povo me ver vulnerável, além disso, não criei uma princesinha inútil e fraca que nunca tocou em uma arma, criei uma guerreira e sei que aonde quer que esteja vai ficar bem— falo em resposta o que faz ele ficar bravo.

Dante —não importa o quanto acha ela independente, ainda é uma garota frágil, esse mundo é pior do que consegue imaginar, e se ela acabar parando no inferno, ou na terra no reino dos elfos da escuridão, já imaginou isso?— ele acha mesmo que eu não pensei em tudo isso quando estava criando Cristal, toda vez que eu olhava para aquela bebezinha fofa e frágil eu queria ter certeza que poderia proteger ela desse mundo, mas não posso, vou me frustar se achar que consigo fazer isso.

—eu mandei meus guardas procurarem ela e irei para o inferno log....

Dante —você fica, eu vou, você é uma mãe péssima— apenas fecho minhas mãos ao escutar isso. Como ele ousa dizer isso, ele não sabe o que tive que abandonar pelo bem da Cristal, do que serei capaz pela minha filha, algo que ele nunca seria.

—então vai, só saia da minha frente— digo, pois eu não aguento mais ter que olhar para ele.

Cristal

Apenas acordo com um vento frio batendo em meu rosto, abro meus olhos com um pouco de dificuldade por causa da luz forte e da dor de cabeça por causa da ressaca, fico assustada e pulo da cama ao notar que estou no meio de uma floresta, minha cama está aqui e metade da minha cômoda também.

Como diabos vim parar aqui?

É estranho, as folhas das árvores são verdes e não amarelas como as do purgatório, por que?

Não lembro de nada que aconteceu ontem também, tenho que parar de beber, isso está começando a virar um problema.

Apenas me abaixo no chão para vomitar um pouco por causa de toda bebida que ingeri, limpo minha boca e continuo meu caminho pela floresta até ver uma mansão pequena ao longe toda branca, me aproximo para ver se tem alguém para eu pedir informações, mas só vejo uma mulher de cabelos brancos como neve molhando rosas brancas como seu cabelo, seus olhos são de um dourado lindo, tem asas cinzas, sua expressão não tem nenhum sentimento.

—olá?— pergunto ainda longe dela, vejo que ela olha para mim por um tempo sem responder.

***** —o que faz na minha área menina, está perdida?— pergunta enquanto volta a regar suas plantas.

—na verdade estou sim, eu apareci no seu bosque e queria voltar para casa— talvez alguém tenha feito uma pegadinha comigo.

***** —entendi, e de onde você veio, é uma vampira nobre? Sua roupa e aparência não parece ser de plebéia— vampira? Essa mulher é uma vampira? Não parece ser uma, está mais para um anjo.

—meu nome é Cristal, sou a princesa do purgatório, sabe se estamos muito longe do castelo?— pergunto e ela apenas me olha como se eu fosse louca.

***** —se o que está dizendo é mesmo verdade deve estar longe de casa mesmo, estamos na terra minha flor— é o que?!!!

—sabe sobre algum portal que me leve para lá?— pergunto e ela apenas faz um não com a cabeça.

***** —eu infelizmente não sei, mas se quiser entrar para tomar uma taça de sangue é bem vinda, não tenho visitas a muito tempo— ela mora sozinha?

—você é tão linda, como pode estar nessa mansão sozinha?— falo me aproximando devagar, pois não parece uma ameaça e pode me dar mais informações para eu poder me localizar.

***** —sou viúva e decidi não me casar novamente,  sinto como se fosse uma desonra com ele, o amava demais, mas nada é para sempre, nem para vampiros, o que me resta é esperar chegar a minha hora— então o marido dela devia ter passado dos 500 anos e teve que ter sido morto.

—não tem filhos ou netos para fazerem companhia?— pergunto e ela apenas da um sorriso desanimado.

***** —tenho sim, muitos até, mas estão ocupados com a própria vida e tudo bem, não quero os atrapalhar,  sou jovem e vou ter muito tempo para me acostumar com esse lugar— ela parece tão solidária, tal como minha mãe.

—não me disse seu nome.

***** —é Larah, minha flor, vem, entra, irei de ajudar no que precisar.


Entre Mundos (Deuses Elementais)Where stories live. Discover now