Londres, março de 1842.
Christian Francis Ross, um homem que aprendeu desde cedo as dificuldades da vida. O reconhecimento que aguardou pela vida inteira, enfim chegou. Mas com tantas mudanças, surge a vontade de enfim dar sentido e finalmente conta...
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Christian
Como se não bastasse Lurdes chorar tão intensamente ao me ver quando fui a mansão Royer, ainda Melissa me despedaçou novamente e meu coração está como grãos de areia. Mas dessa vez não voltarei a me trancafiar em meu lar, eu sairei e viverei. Melissa não tardará a viver seu romance com Jasper, mesmo que jamais possa existir outra mulher para mim, ainda sim tentarei viver de forma que não precise dividir minha vida com ninguém. Talvez eu peça a anulação do casamento para que ela possa ter a sua segunda chance, um de nós terá uma segunda chance.
Adentro rapidamente a minha casa e Elise está com os braços cruzados assentada na poltrona do hall.
-Você acreditou nela, Chris? -meus ombros murcham com seu questionamento.
-O que me resta se não acreditar? -ela se levanta e caminha até mim.
-Ela está mentindo! Ninguém que fizeste o que pensa que ela fez agiria de modo tão deprimente. A não ser que fosse uma tristeza falsa, mas você olhou para ela e viu como ela está debilitada assim como você. -seu dedo polegar se move para o meu rosto, secando minhas lágrimas. -Meu amigo, tudo se resolverá.
-Estou destruído demais para pensar com clareza. -um sorriso confortante brota em seu rosto.
-Estou aqui para te auxiliar, caro amigo. -seu semblante se torna incerto. -Peço que me perdoe por tê-la destratado, mas não fazia ideia que ela fosse sua esposa.
-Essas coisas podem acontecer, mas peço que não se repita.
-De maneira alguma, pedirei desculpas a ela quando vê-la novamente. -assinto.
-Vou subir.
-Não permitirei que fique um mês inteiro em seu quarto novamente.
-Pelo contrário, vou sair. -seu olhar se arregala em surpresa.
-Para onde?
-Ao Del Club, um clube de cavalheiros misto. -ela assente.
-Já ouvi falar sobre ele. Ouvi dizer que a rainha Vitória está planejando por um fim em seu funcionamento. -de fato é verdade, pois como é um clube que permite mulheres em seu núcleo fere os bons costumes de seu reinado.
-Daremos um jeito para que não aconteça. -possuo certa porcentagem das ações do clube -assim como Ian, Alexander e o maldito do Jasper-, então preciso lutar por algo que tem certa parte minha.
-Posso ir lá um dia? -eu a fito em interrogação.
-Não ouse me pedir permissão, é dono de seu próprio nariz e faz o que quiser de sua vida. -suas maçãs faciais coram.
-Obrigada por ser um amigo e patrão tão bom para mim. -sorrio para ela.
-Tentarei fazer o meu melhor sempre! -dito isso, subo as escadas para me banhar e me aprontar.
