1x02: be a cop

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Giovanna entrou no carro novamente com um sorriso contido no rosto. Era bom demais estar no poder quando se tratava dele. No último caso que trabalharam junto, engoliu muito desaforo do homem que fazia questão de falar a cada cinco minutos que o lugar dela era dentro do laboratório e longe das pessoas, já que ela não tinha tato algum para lidar com o sentimento alheio, sendo muitas vezes insensível em alguns cenários em que o cuidado era necessário. 

A questão era que a verdade era essencial na vida de Giovanna Antonelli. 

A verdade só era encontrada no desconforto, nas perguntas, quando pensamos. Era assim que ela sobreviveu aos anos de solidão após o desaparecimento dos pais. 

Antes que pudesse divagar em sua mente, chegaram no cemitério. Podia ver ao longe o caminhão do laboratório e tinha certeza que Liam já estava a esperando. Seu estagiário era um fiel escudeiro, e Giovanna gostava de ensinar o garoto, tinha futuro no ramo e linha de pesquisas muito boas. 

— Dra. Antonelli, como foi a viagem? Identificou muitas vítimas? — ele perguntou levemente animado com a volta da professora. 

— Liam, recolha amostrar do lago e da terra, por favor. 

— Claro, Dra. Antonelli. Agora mesmo. 

Alexandre observou o garoto se afastar e balançou a cabeça em negativa. Era praticamente uma criança em busca da atenção da mãe, fazia tudo para agradar Giovanna. 

— Ele não consegue nem disfarçar que é um nerd. 

— Um nerd? 

— É, vocês que ficam nos laboratórios, os olhos vidrados em microscópios, vivendo no próprio mundinho. 

Ao se aproximarem da margem do lago para entrar no barco, Giovanna parou e o encarou. Maldito engomadinho. 

— Ah, sim, você quer dizer pessoas com capacidade de raciocínio básica. 

Nero bufou e a ajudou a entrar no pequeno barco que os levariam até o ponto onde durante a manutenção do lago os funcionários do cemitério acharam o cadáver. Alexandre colocou a câmera na água e Giovanna olhou para a tela, vendo apenas plantas aquáticas. Se perguntava o que deveria estar vendo exatamente, cruzando os braços e apertando os olhos. 

Foi quando apareceu um conjunto de ossos envolto de uma rede preta. Olhou para Alexandre, que já a encarava. 

— Peça para esvaziarem o lago, quero o corpo no exato local. Acredito que isso vá demorar, por isso vou para casa tomar um banho e me trocar. 

— Eu te levo. — ele se manifestou logo, tirando a câmera da água. 

— Não precisa, eu consigo ir sozinha. — ela falou logo que voltaram para a margem. 

Nero observou ela se afastar com a mão na cintura, contrariado por nunca ser capaz de entender essa mulher. 

Giovanna voltou para o local do crime, já estava escurecendo e os focos de luz já estavam posicionados para seu trabalho. Liam já tinha organizado os ossos de maneira anatômica e a esperava para começarem uma identificação inicial. Ela vestiu o macacão impermeável e as galochas, prendeu o cabelo, colocou as luvas e se aproximou. Observava de canto o jeito como Alexandre estava encostado no caminhão do Smithsonian, observando cada passo de seu trabalho. 

Nunca sabia dizer o que se passava na mente daquele homem, e isso não a surpreendia, ela não era boa em ler nas entrelinhas. Gostava de tudo que podia ver, provar, ter de concreto. Sentimentos e a mente humana não era seu forte. 

— Mulher, jovem adulta, diria que entre 18 e 25 anos. — ela parou por um tempo observando melhor, tocando. — Jogadora de tênis. 

— Como pode dizer isso só olhando? — Alexandre perguntou, se aproximando dela. 

Parts of the WholeDove le storie prendono vita. Scoprilo ora