1x06: daddy's boy

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Voltar para o mundo real depois de ouvir as atrocidades de Vincent doía. Ela ficou em silêncio e não reclamou em nada quando ele simplesmente parou a SUV na frente de seu prédio. Desligou o motor, olhou para ela.

— Não se preocupa, o FBI deve estar agora procurando a arma que matou sua mãe.

— Você ouviu o que ele disse, foi meu pai.

— Homens como ele mentem, seus pais nunca mataram ninguém em roubo algum, o que te leva a crer que seu pai tenha matado a sua mãe?

Ele tocou o ombro dela, apertando, acariciando, um apoio como faria com qualquer colega de trabalho. Exceto que ela não era uma qualquer colega de trabalho, principalmente quando o cheiro dela exalava no carro e quando ele a ajudava a descobrir o que aconteceu com seus pais quando na verdade ele, como policial, deveria estar investigando quantos crimes eles cometeram.

Não era a primeira vez que percebia que ficava desarmado quando o assunto era Giovanna, tinha algo no olhar dela, no jeito duro, mas ao mesmo tempo inocente. E não inocente de vida, de experiência, não. Inocente em fé, em esperança, por mais que ela jurasse que não.

— Vamos subir, sim? Você precisa descansar um pouco. — ele falou com a voz calma.

— Preciso ir para o laboratório.

— Não precisa, Giovanna. Precisa parar um pouco, acha que eu não te conheço?

— Acho.

Alexandre bufou, abrindo a porta do carro pra parar de ouvir tantos absurdos.

— Mulher teimosa. — resmungou, vendo ela descer também.

A seguiu para o apartamento em silêncio. Entraram, ele já foi tirando a jaqueta e jogando no sofá, sentando sem seguida. Sentia falta de uma grande TV na sala dela, aquelas de última geração que ele sabia que ela tinha dinheiro para comprar.

— Precisa de uma televisão.

— Não preciso, não.

— Qual é, qual foi a última vez que assistiu uma série, um filme? Afinal, o que você faz no tempo livre?

Antes que ela pudesse responder, ouviu o celular dele tocar. A feição dele mudou logo que viu o visor. Ficou sério, se levantou e pediu licença para usar o corredor da casa dela. A ligação parecia íntima.

— Oi, Catherine. — ela ouviu ele falando ao longe e tratou de ir para a cozinha.

Estava focada em arrumar algumas coisas na geladeira quando ouviu a explosão dele.

— Como assim! Era o meu fim de semana com ele! Não, eu não me importo se você e seu namorado vão para Nova Jersey, o Dylan vai ficar comigo. — ela podia ouvir a respiração nervosa dele. — Catherine, não faz isso, por favor. Tem dois meses que não vejo meu filho, sempre cedo quando precisa, por favor... me deixe com ele.

A ligação terminou e ela não sabia exatamente se isso era bom ou ruim. Giovanna tirou uma cerveja da geladeira. Era um pouco depois do almoço, estava pensando se deveria pedir algo para comer, sabia que essa cerveja viria bem agora.

Ele voltou para a sala com a cara fechada. Giovanna se aproximou devagar, estendendo a cerveja. Alexandre a olhou, deu um meio sorriso e agradeceu. Sentou no sofá como se fosse um peso, passou a mão pelo rosto.

— Problemas com seu filho?

— Meu filho não é o problema, a mãe dele sim.

— Quer falar sobre isso agora?

Ele a olhou finalmente, via aquele jeito dela quando se esforçava para tentar entender alguma coisa, ela não tentaria racionalizar nada, só ficaria calada. Talvez tenha sido assim que Alessandra tinha ensinado, e se alguma forma ele queria o jeito dela. Queria que ela lhe ajudasse a pensar.

Parts of the WholeWhere stories live. Discover now