1x05: the mother in the christmas

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Nero se aproximou da porta da sala dela. Estava fechada e as persianas estavam baixas. Bateu suavemente na porta, esperou um sinal de que pudesse entrar. Não ouviu nada, então bateu novamente.

— Giovanna, abra, por favor. — ele pediu calmo.

— Está aberta.

Alexandre entrou devagar, deixando a porta entreaberta. A encontrou sentada na mesa do escritório, algumas fotos espalhadas e uma fivela de cinto totalmente enferrujada. Giovanna deixava algumas lágrimas escorrerem, e Alexandre não sabia ao certo o que dizer, não fazia ideia do que se passava na cabeça dela.

Ele sabia como era importante para ela a verdade sobre o que aconteceu com seus pais, e visto essa reação, ele sabia: ela estava encontrá-los com vida.

— Giovanna, eu sinto muito.

Ela o olhou finalmente, depois voltou a atenção para a fivela.

— Eu peguei isso emprestado no primeiro dia do ensino médio sem ela saber, é claro. Meu pai mandou fazer especialmente para ela. Eu tinha 15 anos quando eles sumiram. São 16 anos sem um sinal de vida sequer, eu sabia que eles tinham que estar mortos. Dói mesmo assim.

— É normal, são seus pais. Tem que doer.

Ele se aproximou de braços cruzados. Sentiu a presença de Liam ao lado dele com o arquivo que provavelmente veio junto da ossada.

— O que diz? — Giovanna perguntou, com medo do que poderia escutar.

Liam pareceu hesitar e Nero o olhou com dureza. O menino abriu a pasta para ler.

— Em setembro de 2018 um grupo estava escavando o Cemitério Sunset, na  Pensilvânia, quando achou os restos mortais em avançado estado de decomposição.

— Em um túmulo? — Alexandre perguntou.

— Não, parece que alguém só cavou um buraco na área lateral do cemitério e... bom, eles enviaram para cá logo que descobriram junto com amostras de terra e tudo que poderia ajudar na identificação. — Liam fechou a pasta. — Sua mãe estava aqui o tempo todo, chegou aqui junto com você.

— Liam...

— As duas chegaram no final de 2018. — ele explicou para o agente.

Robert entra na sala e sente o clima pesado.

— Antonelli... vá para casa, Alessandra irá te levar.

Ela voltou o olhar para a fivela de cinto. Alexandre se aproximou dela, tocou seu ombro.

— Vá para casa. — ele falou com carinho.

Eram poucas as coisas que ela poderia fazer em casa, mas a primeira da lista fez assim que tirou os sapatos. Deixou o corpo cair no chão e as lágrimas rolarem livremente como não poderia ter feito no Smithsonian. Era o tipo de choro que doía, que lavava a alma por todos os anos que ela esteve no sistema de adoção depois de tudo que aconteceu, pelas dificuldades, pelos abusos psicológicos, pelo bullying na escola.

Pela falta absurda do jeito divertido do pai e da sensatez da mãe.

Quando seus olhos já estavam inchados o suficiente, Giovanna foi para um banho longo e quente.

''Fumando! Giovanna! Eu não te criei para fumar!

— Mãe, é só um cigarro, eu não sou fumante, era só para... parecer legal!

— Desde que começou a se envolver com Tom está respondona, suas notas impecáveis caíram, e agora está até com cigarros na mochila, filha!

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