2x11: run like your head is on fire

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Alexandre entrou em um estado de delírio que deixou Giovanna sem palavras. O corpo deve estava quente e molhado ao mesmo tempo, e os paramédicos que vieram no helicóptero não tiveram dúvidas de que o lugar dele era no hospital naquele momento. Uma equipe já os esperava no heliponto e dali para frente tudo que Giovanna conseguia sentir era desespero e alívio, a levando em uma enxurrada de sentimentos, onde o resultado só poderiam ser lágrimas na sala de espera.

Quando Alessandra chegou com Robert, tudo que foi capaz de receber foi um abraço apertado da amiga. Sabia que Sheron devia estar resolvendo o problemão que era ter o corpo de Veiga em seu laboratório e que Pedro estava preso.

O mundo estava de cabeça para baixo.

E o homem que amava quase morreu.

E ela conseguia compreender todo o desespero que ele deve ter sentido quando foi sua vez, parecia estar sem ar, parecia estar no escuro.

— Ele vai ficar bem querida, você conseguiu. — Alessandra falava em sussurros contra seu cabelo enquanto afagava suas costas.

Não se importava se Robert a visse chorando, a essa altura do campeonato não havia nada que não pudesse fazer.

— Familiares de Alexandre Nero?

Giovanna se afastou da amiga logo, limpando as lágrimas. Olhou para a médica, suas mãos se mexiam e contorciam uma na outra sem que pudesse evitar.

— Ele está sedado, estava muito agitado quando chegaram. Pegamos uma amostra de seu sangue para análise e fizemos um exame de imagem. Em um primeiro momento ele está bem, não parece ter fraturado nada e só possui alguns arranhões. Se os exames vierem normais, ainda gostaríamos de mantê-lo aqui por mais 48 horas, para vermos como ele fica emocionalmente.

— Posso vê-lo?

Em teoria a médica não poderia deixar ninguém passar pela observação, mas viu o caso do federal na televisão e descobriu que a mulher na sua frente também tinha sido uma vítima.

— É claro, venha comigo.

Quando Giovanna entrou naquele pequeno espaço, quando o viu na maca, tão grande e ao mesmo tempo tão frágil, sentiu o estômago afundar. Existiam certas coisas na vida para que nada te preparava, e ver o grande Agente Nero naquele estado era uma delas.

Ela sentiu a médica ainda trás dela, mas não se importo. Se aproximou da cama e tocou o braço dele devagar, bem em cima da tatuagem, gentilmente com medo dele desaparecer e ela acordar desse sonho que era vê-lo vivo.

O sentiu frio.

— Ele não gosta de passar frio. — Giovanna sussurrou, olhando para a médica. — Se importa de pegar uma manta? Ele não gosta de passar frio.

A médica olhou por um momento, mas concordou, ainda um pouco abalada por tudo que esses dois já passaram, só de lembrar do telejornal sentia náuseas e falta de ar. Giovanna viu a mulher se afastar e olhou de novo para ele, passando a mão em seu rosto, como se seu toque pudesse curar cada machucado.

— Pronto, pedi uma coberta. — ela falou sozinha. — Assim vai ficar melhor.

Ele continuava de olhos fechados, apagado como um leão capturado. Giovanna sentiu a avalanche de novo, abaixou a cabeça e e começou a chorar baixo.

Sua mão buscou a dele, a aparentando, a levantando até sua boca e distribuindo todos os beijos que quis dar nele desde que voltou do Brasil. Desde que ela voltou nova e pronta para ele, e ele voltou... machucado.

To call for hands of above, to lean on
Wouldn't be good enough
For me, no

— Meu Deus, Alexandre... — ela sussurrou de olhos fechados. — Eu te amo, eu te amo tanto que dói em todos os lugares em que você dói. Eu achei que estava perdido, mas te achei... e te amo.

Parts of the WholeOnde histórias criam vida. Descubra agora