𝐷𝑖𝑒𝑐𝑖𝑛𝑢𝑒𝑣𝑒.

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Serena
2011
La Paz

Conforme os días iam se passando, minha comunicação com Enzo se tornava mais escassa, oque me destruía por completo todas as vezes, vê-lo se tornava mais difícil e menos recorrente em feriados. Era quase natal, estávamos todos reunidos na casa de Romero, onde já vivia por cerca de dois meses, encontrei um pai onde nem fazia ideia que poderia achar, também a convivência com Celeste e Paula eram as melhores que poderia imaginar. De fato não havia pensado na possibilidade de viver com minha tia, e nos tornarmos tão próximas.

─ Serena, seu amigo esta bem na Espanha? ─ Romero diz enquanto eu o ajudava a desempacotar as compras para a ceia de hoje a noite.

─ Acho que vai bem, as vezes é difícil conversar com ele. ─ Eu digo pensando seriamente em como estava a minha relação com Enzo.

─ Ahh... Que pena, ele parecia ser um bom garoto! ─ Ele diz guardando as sacolas.

─ Sim, sinto falta dele. ─ O mesmo me encara com pena.

─ Não se preocupe, vamos achar algo para você se destrair, que tal um filme? ─ Ele sugere e eu concordo.

Romero e eu temos uma relação que eu realmente não esperava que acontecesse, tudo isso este ano foi maluco demais.
O dia ia passando, olhava meu telefone inúmeras vezes, na esperança de alguma mensagem de compaixão vindo da Espanha me encontrasse. Sem sucesso todas as vezes, havia checado a Secretaria eletrônica da sala mais de um milhão de vezes, e nada. Nem um "Feliz natal Serena", em compensação, sua mãe havia me ligado, dizendo que ele não estava lá e resolveu passar o primeiro natal na Espanha, que me desejava um ótimo feriado e que estava com saudades. Não conseguia pensar em motivos para que Enzo me esquecesse, talvez uma espanhola Gatissima, ou só não estamos mais em sintonia, sinto falta do meu garoto. Deixo uma mensagem em seu telefone, " Feliz natal, sinto sua falta. Lena. " na qual parece não ter sido recebida.

─ Por que esta tão cabisbaixa, querida? ─ Minha tia senta-se ao meu lado no sofá.

─ Não é nada, apenas esperando uma mensagem. ─ Eu digo com um sorriso forçado.

─ É daquele menino que me contou não é? ─ Ela diz se referindo a Enzo e eu assinto.
─ Você sabe que garotos não vão te fazer passar nas provas, quero um futuro bom para você, com direito a nomes em telões e marcas implorando por sua atenção.─ Minha tia não havia gostado de Enzo quando o mesmo vinha aqui, não entendi o porque, mas não vou questiona-la, não vale mais a pena.

─ Olha quem acordou! ─ Celeste vem correndo para a sala e pula no sofá.

─ Boa noite princesa, estava dormindo até agora? ─ Eu pergunto para a pequena que subia em meu colo.

─ Era pra ser uma soneca da tarde, mas não deu certo!─ Ela sorri inocente.

─ Estou vendo! ─ Por fim, esqueci o assunto e passei o natal com minha família.


Enzo
Madrid
2011

A única coisa que precisava no momento, era um abraço vindo de Serena, minha saudade pela morena não cabia no mundo, já havia deixado mais de mil mensagens na Secretaria eletrônica e nada, nem um "feliz natal", ou, um "saudades". Confesso que nossa comunicação nos últimos meses estava escassa, e não tinha culpa nisso, com a faculdade e o trabalho estava ocupado até para dormir. Sempre ligava para Serena mas sem resultados, e quando a mesma me ligava, quase nunca atendia. Nossa última comunicação foi em outubro no seu aniversário, não conseguia a entender com todo o murmuro a sua volta então foi a comunicação mais furreca do mundo.
Mas pela Espanha esta tudo bem, fiz amigos e estou me virando, estou aqui a apenas seis meses, mas já tenho uma vida, tanto social quanto física. Encontrei meu lugar em Madrid.

─ ENCITO! ─ Meu amigo chega me abraçando.

─ Gustó! ─ Eu retribuo o abraço e o mesmo se senta ao meu lado.

─ Ainda preocupado com a garota do Uruguai? ─ Ele me pergunta ao ver eu abrindo o telefone.

─ Em partes sim, mas estou perdendo as esperanças. ─ Eu fecho o telefone.

─ Cara, estamos em Madrid! A cidade dos sonhos espanhóis, você vai encontrar outra garota rapidinho, bonitão e narigudo, do jeito que a mulherada gosta! ─ Ele sorri e logo eu me pergunto em que mundo ele estava. Fiz uma promessa, nenhuma entraria no lugar de Serena.

─ Haha, ela é diferente. ─ Eu digo e o mesmo me encara com tédio.

─ Ela voa? Por que se não, existem mil iguais a ela por aí. Mas quer saber? É natal, vamos festejar amiguito!─ Ele abre uma lata de cerveja para mim.

Por alguns momentos eu escuto meu telefone vibrar, mas quando vou pegá-lo Gustavo o arranca de minha mão e coloca em seu bolso, a casa vai ficando mais lotada e eu mais bêbado. Era quase natal, precisava pegar meu telefone para ver se Serena havia me mandado mensagem, quando peço para Gustavo, vejo que o mesmo deleta algo em minha frente. Caço em todos os lugares, de lixeiras a backups mas nada, a possível mensagem de Serena sumiu. Entro na fase de superação, estou na Espanha e é natal, não posso ficar cabisbaixo por causa disso.

No dia seguinte acordo com Gustavo fedendo a cerveja e seu apartamento virado de cabeça para baixo, era segunda feira, me acordei cedo, arrumei o pouco que consegui e segui para minha casa. Ao entrar em meu quarto, decido tomar a decisão mais plausível para uma situação de possível abandono, oque eu esperava que fosse pura falta de comunicação. Escrevo uma carta, uma carta para Serena no Uruguai, explicando oque estava acontecendo e o quanto eu estava com saudades, como eu estava enlouquecendo sem ela por aqui e quando eu voltaria para casa, para vê-la.
Em algumas minhas eu demonstrei tudo oque sentia, também contei um pouco da Espanha e como Gustavo é maluco, esperava que Serena visse isto, como o apartamento dele passou um furacão e o tanto de foras ele recebeu em uma só noite. Também mandei um feliz natal, talvez fosse muita humilhação, mas me recusava a acreditar que a pessoa que mais amo esta se recusando a falar comigo.

Quase chorei fazendo isso aqui, daqui pra frente é só pra trás, sinto lhe informar vocês, mas dias de luta e dias de glória né? Enfim, a próxima fase da fanfic começa amanhã!
Alguns capítulos serão pequenos, como 500 palavras e coisa do tipo, mas serão só pra explicar momentos nem tão importantes mas que fazem sentido ao passar dos anos.
Beijocas, amo vocês.
(Sempre vou compensar com um capítulo de 1000 caso o de 500 aconteça.)

𝐂𝐔𝐀𝐍𝐃𝐎 𝐂𝐀𝐄 𝐋𝐀 𝐋𝐋𝐔𝐕𝐈𝐀. ━━ 𝐄𝐍𝐙𝐎 𝐕𝐎𝐆𝐑𝐈𝐍𝐂𝐈𝐂Where stories live. Discover now