A marca de Hermes| Luke Castellan

015.

I remember when you kissed me...

VIOLA HARRIS

Ela estava com medo.

Viola raramente sentia medo, mas naquele dia, estava cheia dele. Medo de não conseguir recuperar as pulseiras, medo de ser presa, mas principalmente, medo de ser pega e morta por alguns daqueles bandidos.

E não que a garota fosse admitir em voz alta, mas estava menos nervosa por saber que Luke estaria ali ao seu lado, lhe protegendo...

Viola nunca se deixou ser protegida por ninguém. Nunca precisou. Ela não precisava nem que Luke a protegesse, mas ele insistia. Não seria um não dela que o impediria de fazer o que ele queria. Viola achava que ninguém poderia dizer não àquele garoto. Ele tinha...alguma coisa que o fazia ser muito persuasivo.

Durante parte da festa, Viola fica andando pelo local, com uma taça de champanhe nas mãos, distraindo os convidados, sem levantar suspeitas. Até que, quando chega o momento, ela volta a se aproximar de Luke, que havia ficado o tempo todo parado com as mãos nos bolsos, evitando encostar em algo.

Ela não ia negar que ele estava lindo. Viola sabia reconhecer um homem bonito quando via um e Luke era exatamente esse tipo de homem. A cicatriz no rosto não o deixava menos atraente, muito pelo contrário...

É, no fim Vivi tinha razão. Ela tem que procurar um namorado urgentemente. So assim pra parar de pensar nesse garoto dessa maneira.

— Já tá na hora?— Luke pergunta e Viola assente.

— Precisamos...precisamos fazer uma coisa.

— O que?

— Me dá sua mão...— Viola pede e Luke olha estranho pra ela.– É só que...o lugar é lá em cima. Se a gente for pra lá...podem ir atrás de nós. Mas...se dermos a entender que estamos juntos...ninguém vai nos incomodar.

— Com "estamos juntos", você quer dizer...— Luke diz, nem precisando concluir a frase antes de arregalar os olhos.

— O que foi, vai dizer que é virgem?— Viola pergunta rindo, mas Luke apenas fica vermelho e olha para os lados.— Não acredito! Vai, não precisa ter vergonha. Até porque, não é como se a gente realmente fosse fazer alguma coisa lá em cima...

— Ah, para de falar garota!— diz agarrando a mão dela e puxando-a escada acima. Viola o guia até o lugar em que estavam as jóias, mas ele era uma espécie de cofre gigante, que só podia ser aberto por pessoas autorizadas.

— E agora?— Viola pergunta.

— Consegui essa belezinha aqui...— Luke diz, mostrando o crachá de um dos funcionários da festa.

— Como?— Viola diz surpresa, porque não o viu pegar isso em momento nenhum.

— Da mesma maneira que eu peguei o seu  colar naquele dia...— Luke dá de ombros.— Vou abrir a porta e você entra, tá legal? Vou te dar cobertura...

— Tá bom.

— Quando você entrar, vou ter que trancar a porta. Quando terminar, é só bater que eu abro. Procure o ponto cego das câmeras, aí não seremos pegos.

Luke faz exatamente como disse e abre a porta. Viola entra, se escondendo das câmeras e correndo atrás das pulseiras. É fácil encontrá-las, numa das estantes do meio, Viola trata logo de pegá-las e dá um jeito de enfiar no vestido, voltando por onde veio, de novo tomando cuidado com as câmeras e bate na porta, com medo de Luke ter sido pego. Por sorte, ele estava ali pra abrir pra ela.

— Conseguiu?— pergunta pra ela, que assente e Luke a abraça, num impulso, mas logo a solta, até que escutam passos no corredor, bem perto de onde estavam.

— Tem alguém vindo.— Luke sussurra e eles correm até um dos quartos que tinham no corredor, mas estava fechado. Eles tentam outro, todos estavam fechados.

—  E agora? Se pegam a gente aqui, vão desconfiar...— Viola diz, mas Luke apenas olha pra cara dela.

— A não ser que...— Luke diz...— Tá, parece que não vamos ter que fingir que é apenas um dar de mãos.

— O que você...?— porém, antes da garota concluir a pergunta, alguém vira o corredor e Luke, sem lhe dar tempo de pensar, a pega pela cintura e cola seus lábios nos dela, beijando-a.

Viola não sabe o que pensar, nem como reagir, mas não faz menção de se afastar, apenas aceita o beijo e é como se eles se esquecessem de onde estão por alguns segundos. Tudo que importava, tudo que ela queria, era continuar aquele beijo, por pior que fosse essa conclusão. Ela apenas passa as mãos pelo pescoço, enquanto o toque dele continua na cintura dela, aprofundando o beijo mais ainda.

— Por que estão se pegando aqui? — a pessoa pergunta e eles finalmente se afastam. O batom de Viola todo borrado, e manchando a boca de Luke

— Ah...é...— Ela tenta mentir, mas ainda está desconcertada com o beijo.

— Quando dá vontade...não dá pra fazer nada a não ser aceitar...— Luke diz, cínico.— Você sabe como é, né?

— Sei. Só que aqui não é lugar de se pegar não. Ainda mais você, garoto. Devia estar trabalhando...

— É, está certo. Já estamos indo...— Viola diz e sai puxando Luke dali.— O que foi isso?— pergunta.

— Queria que ele pegasse a gente?— Luke pergunta, sem olhar pra ela.— Fiz o que precisava ser feito.

"Mas precisava ter uma pegada tão boa, seu merdinha?"

— O que foi? Você gostou?— Luke pergunta.

— Sonhe, Tormento, Sonhe! Já fizemos o que devíamos fazer. Vamos embora.— Viola diz e Luke deixa o colar do rapaz de quem havia roubado ali, saindo com Viola pelos fundos. Novamente, eles pegam um táxi de volta pra casa da menina.— Aí, obrigada. Tá?

— De nada, Pilantra. Que bom que deu tudo certo.

— É...que bom. Boa noite, Luke— diz e sai do carro, correndo pra casa.

Vivi já dormia em seu quarto. Que bom que ela conseguiu se virar sozinha. Viola, porém, sabia que não ia conseguir dormir tão cedo.

Ela estava pensando no beijo. Se fechasse os olhos, ainda conseguia sentir o toque dele na sua cintura, seus lábios por toda a sua boca, o calor do corpo dele no seu e como seu coração acelerou com tudo isso.

— Definitivamente, seu apelido não é à toa não, Tormento...— Viola diz olhando as pulseiras que, de certa forma, eram as culpadas por toda aquela história ter começado.

SAIUU AAAAAAAAAAAA

E agora eles dois não vão mais parar de pensar nisso...