Capítulo 13 - Obstáculos

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Jack
Alguns minutos atrás.

Nós tínhamos contornado o terreno, esperando o momento certo pra invadir - a hora em que Merida e Rapunzel teriam começado a pancadaria no portão -, mas como isso ainda não aconteceu, Elsa e eu ficamos esperando.

Nesse momento, me flagro olhando pra ela, encostada na árvore, brincando com a pontinha da trança, tão quieta que nem parece que eu existo.

Que ironia, não é mesmo, Frost?, penso comigo mesmo, sorrindo sem humor. Você quem decidiu que não queria se aproximar dela, evitar a tortura. Mas sem mesmo ter chegado perto, sabe que essa tortura já começou. Você fica aí desse jeito, se corroendo de vontade de puxar assunto, implorando aos deuses pra que ela olhe pra você, morrendo só pra ver um pouquinho daquele sorriso... O seu plano, ele não tá dando certo.

É, cara, eu sei, mas o que eu posso fazer? Pelas barbas de Bóreas, Elsa é linda. A trança bagunçada por cima do ombro, o jeito tímido de como ela cobre o sorrisinho com a mão... Secretamente, fico louco com isso. E aí eu passo a odiar Tadashi e qualquer um que tenha chegado perto dela, até mesmo Soluço - paranóia minha? Talvez.

O problema é que eu sei que mesmo se eu for a brecha no acordo entre Quione e Afrodite, por causa da minha natureza, mesmo que eu consiga Elsa só pra mim... Essa coisa que eu inevitavelmente quero com ela...

Isso nunca ia durar.

Entenda, não é impossível matar um cara como eu, mas acredite, é muito difícil mesmo, então digamos que eu seja imortal. Tenho uns trezentos anos e mais trezentos me esperam. Já Elsa tem dezesseis e é uma garota de sorte se conseguir sobreviver mais um dia.

Por isso, anote aí: eu não vou me apaixonar por alguém que tenha uma vida tão curta. Sem chance. Eu me recuso. Não quero ser só mais um joguete para entreter Afrodite e não aceito que, quando ela morrer, a semideusa me lembre do quanto a eternidade pode ser solitária.

Estou muito bem vivendo do jeito que estou vivendo, obrigado.

Mas não é só isso que me faz pensar que falar com ela não é uma boa ideia. Eu tenho medo que...

- Jack, você sabe onde Anna está?

Pronto. Era dessa pergunta que eu tinha medo que ela fizesse. Não tenho ideia de onde Anna esteja e pra falar a verdade, nem sei se ela está mesmo viva. Eu havia mentido - mas espere, não me odeie ainda! -, eu só estava seguindo ordens de Quione, que me transformaria numa estátua de gelo se eu deixasse Elsa sair do acampamento para procurar a irmã.

- Você não tá realmente preocupada com isso, tá? - Falo por fim. - Eu sei que se preocupa com a sua irmã, mas uma hora ela vai aparecer, não foi isso mesmo que Rachel disse naquela profecia? Algo sobre o Oeste...

- Sim, mas...

- Então relaxa - um sorriso confiante se espalha nos meus lábios -, você é muito nervosinha.

Ela me encara desconfiada enquanto coloco o cajado por cima dos ombros, passando os braços pela haste de madeira, despreocupado. Mas assim que Elsa desvia os olhos para o outro lado, meu sorriso se desfaz. É, estou só fingindo. A verdade é que por dentro estou pior do que todos esses semideuses juntos.

É que eu sei o que está nos esperando lá dentro.

Como se estivesse lendo meus pensamentos, Elsa põe as mãos na cintura e diz:

- Você também não disse ainda como vamos pegar aquelas deusas.

- Você não confia mesmo em mim, né? Tudo bem, olhe. - Faço um semicírculo no ar com o cajado, conjurando em grego antigo. - Apokalýptoun.

Solstício de InvernoWhere stories live. Discover now