Capítulo 36 - Fúria

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Jack*

Os deuses estão conspirando contra mim.

É a única explicação que eu tenho pra tanta coisa ruim que aconteceu só na última hora. Primeiro, uma semideusa me ataca com um beijo surpresa na frente de Elsa e agora sou o segundo cara mais babaca do mundo — é, o segundo, porque Hamada já ocupa o primeiro lugar. Como se não bastasse a proeza da filha de Afrodite, o semideus maluco entra num surto possessivo-obsessivo pra me roubar a Elsa nos tapas. E pra completar, Nico Di Angelo invoca o Michael Jackson e faz todo mundo dançar Thriller. Três zumbis feiosos e muito violentos estavam me botando no chinelo quando duas anônimas chegaram chutando o balde e salvando o dia.

Ainda estou procurando o fôlego, meu corpo todo sofre com todos os tipos de dores – arranhões, concussões, cortes – que vim colecionando nos últimos dias, e continuo estirado tragicamente no chão até que eu consiga juntar o que me restou de energia para me apoiar no cajado e levantar, a cabeça rodando, estou completamente tonto.

Pisco forte, tentando manter o foco ao me juntar no semicírculo que se formou ao redor das novatas e de Annabeth, sentada no chão com um Percy desacordado no colo. Meu cérebro só começa a processar o significado das coisas no meio da conversa, quando a semideusa da esquerda de aparência mais jovial — a garota que tem fios mais claros, como ouro derretido, entre os cabelos castanhos — está falando.

—... depois de muito tempo quebrando a cabeça com a profecia que recebemos, finalmente vimos que nossa missão era procurar pelos semideuses atacados por Lissa.

— Mas Elsa se adiantou — Rapunzel conclui. — Como vocês duas conseguiram chegar até aqui?

— É — uma Vanellope desconfiada aponta o taco de beisebol na direção da garota —, e acho bom explicarem como fizeram aquela coisa sinistra com os zumbis.

A semideusa dá de ombros:

— As duas coisas foram bem fáceis, na verdade. Estávamos rastreando Lissa há dias até alcançarmos o lugar que serviu de campo de batalha para o Percy. Foi lá que Alice e eu percebemos uma coisa engraçada: tinha neve pra todo lado. Então, supomos que a filha de Quione estivesse, de algum jeito, envolvida nesse mistério, mas tivemos que esperar até o anoitecer para ter certeza.

— Como assim? — Insistiu Vanellope.

Mas quem responde é a semideusa à direita que usava a barra da jaqueta de couro para lustrar seu charkham – uma arma circular de manuseio semelhante ao bumerangue –, que imagino ser Alice:

— Bia é filha de Morfeu, o deus dos sonhos. Ela tentou se comunicar com Elsa durante a noite com a rádio-da-soneca ou sei lá o que, mas ela é incompetente e não fez o serviço completo.

— O nome é rádio-dos-sonhos — a filha de Morfeu corrige, incomodada —, e eu sei muito bem como usar, mas desde que Urano começou a fazer baderna, se comunicar pelos sonhos se tornou uma coisa muito complicada, a ligação estava cheia de estática! Foi sorte conseguir a localização de vocês...

É, a garota tá certa. Morfeu ― Sandman, pra quem conhece ― é meu chapa. O cara não é de falar muito, mas foi graças a ele que eu pude visitar Elsa durante o sono quando o retorno de Urano danificou a rádio-dos-sonhos.

— E os zumbiiis...? — Vanellope prolonga o final da palavra ao tempo que rola os olhos.

— Certo, certo, os mortos-vivos — Bia não perde tempo em explicar. — Morfeu é filho de Hipnos, irmão gêmeo de Tânatos, o deus da morte que trabalha para o pai da Alice, Hades. Se puderem parar pra pensar, o sono e a morte são muito parecidos e uma vez que você é chamado por um deles, é impossível resistir...

Solstício de InvernoKde žijí příběhy. Začni objevovat