Capítulo 19 - Inimaginável

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Elsa*

Meu sangue gela e por pouco não denuncio minha presença quando dou um pulo de susto, arregalando os olhos. Ela disse que eu mataria Percy Jackson?, perco o fôlego. "O" Percy Jackson?! O cara que salvou o Olimpo, tipo, umas mil vezes?!

Como assim? Simplesmente não pode ser. E Annabeth falando isso... Pense que você está sendo acusado de um crime que não cometeu, mas a arma estava em suas mãos e você não tem nada que possa provar a sua inocência além da certeza de que você jamais faria algo assim - é o jeito como me sinto agora.

- Calma aí, señorita - Leo fala gravemente -, eu sei que a garota é meio sinistra, mas...

- "Mas"? Leo, não tem "mas"! Neve, ceifadora, Foice, solstício de inverno... Tudo aponta numa só direção.

Aponta para "Elsa", afundo em mim mesma, entrando em pânico. Aquela profecia horrível aponta para mim! Passo os olhos pela Foice, estremecendo. Parece que ela é mesmo maldita, afinal.

Por fim, Leo faz a pergunta que está me atormentando:

- Tá legal, agora que sabe disso, o que você vai fazer?

- Acho que a coisa mais inteligente a se fazer é ficar quieta. - Consigo escutar o longo suspiro que deixa os pulmões de Annabeth, a mesa estalando enquanto a semideusa apoia-se nela, parecendo perdida. - A profecia disse que a ceifadora é quem vai encontrar o filho do mar, então agora vou ficar de olho nela.

- Hum, entendi, é como dizem: "mantenha seus amigos pertos e os inimigos mais perto ainda".

Uau. Agora uma semideusa lendária me vê como uma inimiga. É incrível a facilidade que as coisas têm de piorar para mim. Lembro que uma vez o sr. D. disse que odiava profecias. Bem, acho que vou entrar para o time anti-profecias também.

- Chega de falar disso - a filha de Atena diz -, estou com fome, eu... Nossa, ficou frio aqui de repente!

Uh-oh!, olho para baixo, uma fina geada se espalha dos meus pés. Péssima hora pra essa coisa de filha de Quione aparecer!

- Vamos lá pra fora - Valdez convida -, tem uma fogueira.

Não, não! Eles não podem saber que eu estou aqui!, cambaleio dois passos para trás, meus dedos formigando congelantes, esfriando o aço da Foice. Tenho que sair, tenho que...

- Urgh!

- Hiro! - Viro a cabeça para trás de vez, eu havia trombado por cima do garoto.

- Caramba, Els...

- Shh! - Silencio, segurando o garoto pelo pulso e o arrastando aos tropeços, contornando a tenda do quartel general de modo que Leo e Annabeth não nos vissem enquanto saíam.

Calados, ficamos observando enquanto eles se distanciam, até que Hiro quebre o silêncio:

- Pera aí, você tava espiando eles?

- O quê?! Claro que não.

O garoto arqueia uma sobrancelha e cruza os braços, como quem diz ironicamente "Sério? Conta mais".

Sacudo a cabeça, desviando o assunto:

- O que você tava fazendo?

- Fugindo do meu irmão. A propósito, Elsa, muito obrigado pela força que você me deu lá na hora.

- Qual é, Hiro... - Começo, mas ele me interrompe.

- Eu não sou criança, beleza? Sem falar que todo mundo sabe que não é legal irem mais pessoas que o necessário pra uma missão. A gente dá conta disso sem Annabeth e sem Tadashi.

Solstício de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora