Capítulo 23 - A Exceção

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Notas iniciais: dedico esse capítulo para a Alexiete. Feliz aniversário atrasado e obrigada por ser uma leitora maravilhosa <3


Elsa*

Jack tinha razão quando disse que um banho iria me fazer bem. Por sorte, não congelo a água nas encanações e meus músculos relaxam no instante em que entro na banheira, afundando até a cabeça na água morna, nem sinto mais os sintomas do resfriado. Acho que todo mundo devia tomar um banho de banheira de vez em quando.

Assim que saio do banheiro, meus olhos batem nas roupas de dormir que foram deixadas para mim em cima da cama e franzo o cenho, pegando a camiseta e analisando o calção. Provavelmente, as roupas são de Jack, já que ficam enormes em mim - a camiseta azul marinho se passa facilmente por um vestidinho e o calção fica tão folgado que não o uso.

- Elsa? - Jack bate na porta.

- Pode entrar!

Ele espia antes de finalmente passar para dentro. É meio estranho vê-lo com o pijama ao invés da calça caqui marrom, mesmo que ele continue usando o moletom azul.

Jack me lança um rápido olhar antes de encolher os ombros, declarando:

- Definitivamente minhas roupas ficam melhores em você - ele desliga a luz, deixando apenas a luminosidade cálida do abajur na mesa do canto, encostando o cajado na parede.

Sem que ele esteja vendo, me pego sorrindo com o comentário, brincando timidamente com a barra da camiseta, mas minha expressão fica séria quando vejo que ele está arrumando o assento de janela para passar a noite.

- Ei - protesto -, você não pode dormir aí!

- E por que não? - Ele abre as cortinas de vez. - Gosto de ficar olhando as estrelas.

- O céu tá nublado agora, Jack - coloco as mãos nos quadris depois de uma rápida espiada no lado de fora -, e não seria justo com você, a casa é sua.

Ele arqueia a sobrancelha.

- Prefere que a gente durma junto na cama?

Cambaleio, desequilibrada.

- E-eu... Não... Eu... - Me atrapalho com as palavras, meu rosto quente. Quando reparo que ele está prendendo uma risada, limpo a garganta e tento me recompor. - Não me importo se eu não ficar com a cama.

- Gosta de pinguins, Elsa? - Ele se deita com os braços cruzados atrás da cabeça, um riso torto brincando nos lábios. - Porque é nisso que a sua mãe vai me transformar se ela achar que eu estou sendo um péssimo Guardião.

Faço uma careta.

- Você tá exagerando.

- Vai por mim, Quione já fez pior por muito menos. Então obrigado, mas estou muito feliz não sendo um pinguim.

Dou de ombros, me arrastando para o meio da cama e resmungando baixinho:

- Eu gosto de pinguins.

Ouço sua risada abafada quando ele vira para o lado.

- Boa noite, Elsa.

- Boa noite, Frost - digo, deitando e me embrulhando num casulo com as cobertas.

Mas minha mente parece empenhada em não me deixar dormir, irrompendo uma enxurrada de perguntas na minha cabeça. Como um titã encontrou minha irmã? Ela está bem? Se ela sequer é semideusa, então por que os monstros obedecem ao que ela fala? Quando vou encontra-la? Vai demorar muito?

Solstício de InvernoWhere stories live. Discover now