Capítulo 55 - A Flor Que Não Tem Espinhos

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Notas iniciais: sei que o p.o.v. da Elsa foi o mais pedido, mas vi que não era o momento certo. Perdoem os meus vacilos e não desistam de mim kkk Divirtam-se :)


***


Rapunzel*

Há dez minutos.

Preciso me segurar firme na sela de Maximus para não cair quando o pégaso sobe no ar e Flynn Rider se abraça na minha cintura com força. Ao tempo em que subimos, ouço o rugido feroz da Hidra e uma pincelada negra risca o céu na direção do monstro – é Banguela.

— Você acha que Soluço foi embora da ilha?! — Grito para Flynn por cima do ruído do vento.

Ele sacode a cabeça em negação:

— O dragão estava sozinho. E Soluço deve saber que a preocupação maior nesse momento não é aquela Hidra.

Estremeço. Desvio o rosto para que o filho de Hermes não veja o medo estampado nele. Só um motivo muito grave faria Banguela voar na direção oposta a Soluço, para se juntar ao dragão cinzento que rodeia a Hidra. Isso me causa outro calafrio porque, se aquele dragão cor de fumaça está num lugar, Tadashi com certeza não está muito longe. Ainda mais se a situação for particularmente perigosa.

Mas a preocupação por Tadashi ou qualquer outra pessoa some quando engasgo e pulo de susto em cima de Maximus, fazendo o pégaso dar uma curva fechada em pleno ar.

— Rapunzel! — Flynn berra atrás de mim. — O que foi?!

O pégaso relincha alarmado e bate as asas, como se perguntasse: "Qual é o teu problema, menina?!".

— Vocês não estão vendo isso!? — Aponto, aterrorizada, de olhos arregalados e pulso acelerado.

— Vendo o quê?

Pégaso e semideus passam a vista em volta, confusos, sem olhar o que parece que somente eu estou olhando. Mas sei que os espectros assombrosos, como dementadores, sobrevoando o campo de batalha são reais. Sei que os espíritos que cruzam nosso caminho são de verdade.

— Não, não! Ahnn! — Estremeço de medo, me protegendo com os braços quando um daqueles monstros fantasmagóricos corre em minha direção. Todos os pelos da minha pele se eriçam num frio inexplicável.

Flynn me encara, abismado, como se eu fosse louca.

— Rapunzel, o que tá acontecendo?

Mais um calafrio percorre minha espinha. Espio por entre os braços antes de levantar a cabeça, percebendo que o espectro atravessou meu corpo para se aproximar do campo de batalha.

— Meu Zeus, Rider. — Viro para ele. — Como pode não ter visto isso?! Como pode não ter sentido isso?

O semideus arruma uma mexa dourada que o vento jogou para frente do meu rosto, para que possa olhar nos meus olhos esbugalhados de medo.

Ele é um adulto gentil ao falar comigo como se eu fosse uma criança:

— O que, exatamente, você está vendo?

Sinto a respiração ofegante ao varrer todo o espaço com os olhos arregalados e perdidos. Algumas criaturas têm asas e dentes afiados, velozes em campo de batalha e selvagens como animais. Outros são tenebrosos e frios, rodeando semideuses caídos como urubus carniceiros.

— Eu não sei — confesso num sussurro amedrontado. — Parecem fantasmas... Estão em todos os lugares. Você acha que eu estou ficando louca?

— Você não está louca. Só está olhando o que tem por trás da névoa.

Solstício de InvernoWhere stories live. Discover now