Capítulo 56 - Falha

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Notas iniciais: nesta ordem - @c0njecturas @Madu_Samos @BiahLeLacheur e @MarinaHelal . Vocês saberão do que eu estou falando quando chegar a hora. Beijinhos e boa leitura.

***


Hiro*

Por volta de dez ou quinze minutos atrás.


Poderia ser uma trovoada ou o grito da Hidra. Não dava pra saber. Meus ouvidos zuniam, como se recusassem a absorver mais qualquer som que fosse, depois de tanto tempo no meio do barulho: bombas de fogo grego, rugidos monstruosos, o riscar metálico de espadas e armas de todo tipo. Também tinham os berros enlouquecidos de Astrid, que botava os monstros pra correr. Eu queria poder filmar a filha de Ares agora, pra assisti-la depois com um balde de pipoca do lado.

E falando em pipoca, tenho que dizer que Vanellope parece milho estourando na panela, pula aqui e aparece ali, deixando uma trilha de monstros que explodem em pó pelo caminho. Caramba, aquela tampinha é incrível! A filha de Mercúrio é tão impetuosa quanto Astrid, só que muito mais rápida. Mal dá pra acompanha-la.

Quanto a mim, meu papel se resume a dar cobertura para os outros semideuses, porque estou realmente cansado. Ainda não consegui me recuperar da loucura que foi iniciar a guerra antes da hora.

Pelo menos, posso dizer que estou me saindo bem: fui eu quem liderou os meios-sangues para limpar o caminho, de forma que Leo Valdez pudesse arrastar suas engenhocas mortais para perto da Hidra, nos dando alguma chance de derrota-la. Também fui eu quem salvou Alice (aquela garota de Hades que abriu o portal de viagens nas sombras) de ser pisoteada por um ciclope meio cego; a garota tinha usado tanto os poderes que desmaiou no meio do campo de batalha.

- Hiro! - Vanellope se aproxima de mim; seu cabelo preto está opaco de tanta poeira de monstro. - Olha lá, Rapunzel e Flynn, eles já subiram para a ilha, estamos perdendo muito tempo aqui, precisamos chegar no Jardim de Verão!

- Vanellope, você nã-Outch...!

Ela me empurra forte para trás, e usa o taco para cravar fundo no pescoço do telquine os pregos de bronze celestial. O bicho late uma espécie de choro/gemido de cachorro antes de morrer.

- Você não pode ir, tem que ficar aqui! - Exclamo depois de um momento.

- O quê?! Claro que não, eu...

Agora é a minha vez de salvá-la, abraçando a semideusa de forma a me colocar entre ela e as flechas do arco de uma dracaenae. As setas mortais ricocheteiam na minha armadura como se fossem lápis simples de escola.

Ouço uma voz feminina raivosa ordenar às minhas costas:

- Durmam!

Me atrevo a espiar por cima do ombro e dou de cara com uma cena de cinema: Bia, a filha de Hipnos, faz todos os monstros num raio de dez metros ficarem tontos de sono. Daí fica bem mais fácil que um esquadrão de cinco outras semideusas saia limpando o território. Não conheço nenhuma daquelas garotas, devem ter chegado há menos de uma semana no Acampamento Meio-Sangue. Elas nem devem ter sido reclamadas ainda, mas já foram recrutadas para a guerra contra o Céu.

Uma delas tem olhos escuros puxados e, por baixo da armadura, veste uma camiseta preta com os dizeres "WINTER IS COMING" - é essa garota que usa a espada fina como uma agulha para trespassar o coração da dracaenae, a que atirou flechas em mim. Outra menina, uma meio-sangue sombria, de cachos castanhos e pele pálida, é rápida e habilidosa como uma serpente, para imobilizar o ciclope do Mar de Monstros, junto com uma garota alta de cabelo curto que não para de fazer piada (dez dracmas que deve ser filha de Hermes). Com Polifemo preso em correntes feitas de trevas e cordas cintilantes, uma terceira garota - de cabelos lisos escapando do boné estampado de corujas -, corre e pula, a espada erguida acima da cabeça para que consiga acertar o monstro.

Solstício de InvernoWhere stories live. Discover now