1º Capitulo

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Hoje seria outro domingo como todos os outros, um dia normal e cheio de tarefas em casa para fazer como não tenho aulas enquanto meu pai está novamente por ai a perder o seu pouco dinheiro, em jogos e bebidas.

Nós nunca fomos ricos, eu estou fazendo faculdade porque consegui uma bolsa, o que foi um motivo de muita alegria, e eu nunca poderia ser tão sortuda, eu também trabalho meio período numa lanchonete perto da universidade, eu preciso ajudar em casa e tenho uma pequena parcela para quase todos, mas ainda assim, difícil para mim pagar a faculdade .

Somos apenas meu pai e eu. Nunca conheci minha mãe, pois ela morreu assim que me deu vida, e mesmo dezenove anos depois ainda me culpo, porque sei que foi por minha culpa. Ela não deveria ter morrido, ela não deveria ter me escolhido em vez de escolher sua vida, ela deveria ter ficado e eu nunca deveria ter conhecido o mundo. Eu sinto tanto a sua falta, mesmo sem nunca a ter conhecido, sinto muito a falta dela e o meu pai também. Sou culpada por isso que ele está a viver, todas as noites que ele passa fora para beber e jogar. Ele começou a ser assim quando eu entrei para o ensino médio, eu simplesmente me senti terrível. Ele nunca me disse que era minha culpa, ou jogou algo contra mim, mas eu sei, sei que ele sofre pela mamãe o que é a minha culpa.

E eu sinto falta de como éramos antes, quando eu era pequena e ficávamos sempre juntos. Meu pai não é alguém agressivo, mas ele anda tanto tempo longe e quando não está nos cassinos perdendo seu dinheiro, está por ai fazendo alguns trabalhos para ganhar algum dinheiro para gastar novamente com seus vícios. Eu não o culpo, eu sei que ele amava a minha mãe e ela não está mais aqui, e além de perdê-la, começou a beber e a jogar e isso arruinou tanto que até perdeu o emprego que tinha na empresa que trabalhava desde que vim à vida, agora anda a fazer trabalhos aqui e ali.

Enquanto termino de lavar as louças, após ter limpado toda a casa, penso no que fazer para o almoço, não tem muitos ingredientes, está no final do mês e é sempre assim, talvez eu consiga fazer uma sopa, como ontem.

Levo todos os ingredientes que pude juntar e a massa na panela ao fogo e espero pacientemente sentada a mesa. Eu desejaria ter amigos, eu estou sempre sozinha, a não ser na faculdade, lá tem o Matt. Ele é um garoto animado e realmente bonito, e ainda não sei por que fala comigo, eu sou estranha e me sento na frente, enquanto ele fica lá atrás com seus amigos sociais, mas ainda assim todos os dias ele abre o seu sorriso, me desejando um bom dia. Isso não chega a ser amizade, mas acho que não sou muito sociável e o fato de quase todos morar na casa da fraternidade, os tornam mais próximos.

Eu já pensei em morar lá, aliás, eu poderia ter amigos, mas eu não teria como pagar e também tem o meu pai. Ele já se sente mal por minha mãe o ter deixado eu não poderia fazer o mesmo, eu tenho que ficar e cuidar da casa.

As coisas aqui não estão realmente boas, o dinheiro lá da lanchonete onde trabalho não é muito e eu tenho que comprar algumas coisas para faculdade, pagar a parcela e também tenho que comprar comida e essas coisas essenciais para casa. Às vezes penso em simplesmente fugir, mas não quero deixar meu pai sozinho, eu não irei virar as costas para ele quando mais precisa, e ele é a única pessoa que me amou toda a vida, além da minha mãe, eu me sinto feliz apenas por saber que ele não me culpa.

Escuto o barulho de chaves na fechadura e sei que papai está de volta, o que me deixa animada, ele não costuma voltar cedo para casa e ainda nem escureceu. Talvez ele esteja deixando aquilo de lado. Eu nunca irei perder a esperança. Rio com a ironia da vida. 

Corro para a sala e encaro a velha porta de madeira enquanto é aberta e meu pai entra. Seu casaco velho e já bem gasto em vários lugares, seu cabelo castanho já com vários fios brancos fora do seu velho chapéu que ele tanto gosta de usar, e eu sinto-me fora do lugar, como queria que as coisas fossem diferentes.

Casino Love // H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora