Capítulo 1

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Por Bella Cullen

Olhei impaciente para o relógio na parede da sala pela vigésima vez, e notei que já são 07h37min da manhã, o que significa que Alice estava quase quarenta minutos atrasada. Havíamos marcado de ir a uma loja de artigos infantis para comprarmos o enxoval das minhas filhas. Na verdade eu vou acompanhante, já que quem vai escolher tudo é a Alice, e meu papel é apenas dar palpites e impedir equívocos da minha cunhada. Marie Alice Cullen com um cartão de créditos ilimitado, e duas sobrinhas que estão a caminho para as quais ela tem a liberdade de comprar "TUDO o que for preciso" (palavras do Edward) é um verdadeiro perigo, e eu tenho que me assegurar que ela não acabe comprando coisas demais e que muitas vezes são desnecessárias.
De qualquer forma, toda essa demora já estava começando a me preocupar. Alice não era de atrasar. Além disso, há uma ameaça real lá fora, e ninguém, nem mesmo o meu pequeno Henry, estará seguro enquanto James não estiver atrás das grades pagando por todos os crimes que cometeu. A segurança à nossa volta foi triplicada e todas as pessoas que tem contato direto conosco, incluindo os empregados, não podem sair de casa sem os seguranças que ficam vinte e quatro horas à espreita, nos protegendo da ameaça sombria e "invisível", mas real. James está por aí, em algum lugar, esperando a hora certa pra pegar qualquer um de nós desprevenidos e alcançar o seu propósito imundo: me ter pra ele como um troféu. Como se algum dia eu pudesse olhar pra ele sem ter vontade de vomitar, penso com sarcasmo. Tudo que me causa medo nesse momento é saber que as pessoas que eu amo correm perigo. Só vou ficar tranquila quando James estiver preso ou, em um último caso, morto.
A demora de Alice além de me deixar preocupada, estava me deixando impaciente também, mas depois de analisar a situação eu me acalmei e decidi que ela só devia ter se atrasado e que logo-logo estaria aqui. Toda essa história do James às vezes me deixava paranóica. Afinal, ele não seria tão idiota de tentar fazer algo contra alguém, sendo que esse alguém está cercado por dois brutamontes armados, não é?
Respirei fundo e resolvi me distrair acariciando meu ventre e tentando imaginar como serão as minhas duas princesas. Sempre que imagino eu as vejo idênticas, com os traços de Edward, olhos verdes como esmeraldas e cabelos loiros acobreados, como se fossem duas mini versões femininas do pequeno Henry.
Minha barriga de seis meses e duas semanas está enorme (tanto que o Emmett já chegou a dizer que parece que vou ter quatro filhas e não duas) e isso faz com que eu sinta dor nas costas e, às vezes, falta de ar, principalmente na hora de dormir, que também é complicado nesse estágio da gestação. Mesmo a cama sendo macia e os braços do meu marido sendo tão acolhedores, é difícil encontrar uma posição que me renda uma noite agradável de sono, por isso eu sempre durmo até quase meio dia e fico com olheiras enormes debaixo dos olhos. Hoje abri uma exceção para acordar cedo, e não pude deixar de ficar um pouco chateada com Alice por marcar compras tão cedo.
Como minha Cunhada-Consumista-Obcecada-por-Moda-e-Completamente-Atrasada não chegou, e cansada de tanto ficar sentada, resolvi ir até o quarto do meu filho para ver como ele estava. Passei pelo corredor tentando não fazer barulho. Edward ainda estava dormindo, o que era uma coisa nova já que antes ele acordava às 05h00min. Mas agora que ele tirou férias do trabalho eu acabei o deixando mal acostumado.
Assim que entrei no quarto do Henry, andei a passos lentos para não despertá-lo já que ele tem o sono leve. Ele dormia feito um anjo na sua cama e sua boca estava franzida em um pequeno biquinho que me fez derreter. É sempre assim quando estou com ele. Transformo-me em uma mãe coruja e completamente sentimental. Sentei-me na lateral da cama e afastei lentamente os cabelos loiros da sua testa, depositando um beijo ali e, em seguida, fazendo carinho nos seus cabelos.
Tão parecido com o pai...
Fiquei velando o sono do meu filho por um tempo, com um sorriso bobo nos lábios e me perguntando como um anjo tão lindo pode ter sido gerado por mim, quando ele começou a se mexer na cama e eu achei melhor deixá-lo dormir tranquilo. Dei-lhe outro beijo e saí do local deixando-o sozinho com seus sonhos.
Quando eu estava fechando cuidadosamente a porta do quarto do meu filho, Edward apareceu no corredor vestindo apenas uma calça de moletom grafite que deixava à mostra a barra da sua boxer preta. Minha boca se abriu assim que meus olhos subiram pelo peito nu, até finalmente chegar ao seu rosto. Ah, o rosto! Cada dia mais lindo. Olhar para Edward é como olhar para um anjo.
Os últimos meses tem sido complicados. A gravidez fez com que os hormônios se intensificassem no meu corpo, e o desejo pelo meu marido se multiplicou. É um verdadeiro martírio dormir ao lado dele, desejando-o e sabendo que o sentimento é recípocro, mas sem poder fazer nada. Aos quatro meses de gestação a Dra. Brandom nos disse que não era recomendado "sexo intenso" (Lembro que corei feito um tomate maduro ao ouvir essas palavras), e Edward levou isso além. Ela não nos proibiu de nada, mas ele não queria arriscar e, sinceramente, eu também não. Ele está a mais de dois meses sem me tocar de forma íntima, principalmente agora que a gravidez está em um estágio avançado, mas o importante é o bem estar das nossas filhas que nascerão prematuras no mês que vem, por meio de uma cesariana, segundo me foi aconselhado pela minha obstetra. Enquanto isso, nós temos que nos contentar apenas com beijos castos e em dormir de conchinha à noite. Em todo o caso, assim que nossas princesas nascerem nós dois poderemos "tirar o atraso". O pensamento me fez corar, mas sorri divertida e boba para o meu marido que me fitava a menos de dois metros, com uma expressão confusa.
-Amor, vocês estão bem? -Perguntou me avaliando, e eu revirei os olhos enquanto me aproximava dele e selava nossos lábios por um breve período de tempo. Seu hálito tinha um delicioso cheiro de hortelã, cheiro este que era o meu preferido pela manhã.
-Nós três estamos ótimas. -Assegurei e sua expressão se aliviou.
-Você vai sair? - Perguntou curioso ao notar meu vestido, já que em casa eu sempre preferia usar camisolas ou calças com blusas largas mais confortáveis.
-Alice e eu vamos ao shopping comprar o enxoval das nossas filhas. -Falei tranquilamente e ele franziu a testa.
-Hoje? Você poderia ter me avisado! -Seu tom de voz era de uma leve repreensão, e senti-me corar.
-Eu esqueci completamente. -Murmurei. Essa confusão de hormônios me fazia esquecer pequenos detalhes.
Edward me fitou cautelosamente, e exalou colocando o meu rosto entre suas mãos. Perdi-me com a intensidade do seu olhar.
-Você tem ideia do quão preocupado eu iria ficar quando não encontrasse você em casa? -Ele me perguntou calmo, mas por trás dessa calmaria eu podia sentir o temor na sua voz. Eu não era a única que estava preocupada com o James.
-Eu sei. Mas eu ia deixar o recado com a Joana! -Assegurei- Você estava dormindo e eu não queria te acordar. Desculpe-me! Eu só não achei que isso fosse importante... -Falei me sentindo um pouco culpada. Eu não queria deixá-lo preocupado.
-Amor, TUDO relacionado a você e os nossos filhos é importante pra mim. -Ele falou com a voz intensa e doce, me fazendo suspirar. Eu sabia que estava perdoada. -Só me conte da próxima vez que você for sair, certo? -Eu assenti, e ele sorriu o "Sorriso Edward", àquele sorriso torto que me faz perder o fôlego.
-Então quer dizer você vai comprar o enxoval das nossas princesas. -Ele constatou com um sorriso bobo e eu sorri também.
- Bem, nós temos menos de um mês pra aprontar tudo até que elas nasçam... Então temos que preparar tudo o mais rápido possível. -Falei olhando para a minha barriga enorme com carinho e em seguida voltando a olhar para Edward.
-Eu posso ir com vocês? -Ele perguntou ansioso, mas antes que eu respondesse, Alice apareceu no corredor, linda e deslumbrante, vestindo um vestido vermelho sangue que ia até a metade das suas coxas, e nos pés um salto tão alto que quase senti meus pés doerem. Seus cabelos estavam, como sempre, espetados, e a maquiagem mais parecia uma obra de arte de tão bem feita, dando a impressão de que ela não estava maquiada. Se ela dissesse "Acordei assim", eu com certeza acreditaria.
E lá estava o sorriso "Alice Cullen", que imediatamente me fez sorrir também. Sem dúvidas, Alice era a irmã que a vida me deu.
-Nada disso Edward. Hoje é o "Dia Só das Garotas". Você não é garota por acaso, é? -Ela provocou com as sobrancelhas finas arqueadas, e eu ouvi Edward bufar enquanto ela me abraçava.
-Tinha que ser a Anã de Jardim. -Ele a provocou e Alice bufou.
Sorri divertida com os dois. Eles pareciam duas crianças.
-Eu ouvi o que você disse. -Alice falou chateada. - Mas não adianta. Você não vai e ponto! -Ela falou decidida e eu fiz um bico. Eu queria muito que ele fosse conosco.
-Se a Bella quiser que eu vá, você não pode me impedir. -Ele a desafiou, olhando pra mim e esperando minha resposta, que seria "Sim, eu quero que você vá", isso se não fosse pelo olhar significativo que Alice me lançou, tentando passar uma mensagem silenciosa. Logo entendi que ela não queria que o Edward fosse por algum motivo à mais. Talvez ela queira conversar sobre um "assunto de mulher" ou algo que ela não quer que Edward saiba. Fui vencida e suspirei, olhando para o meu marido.
-Está tudo bem, Edward. Você pode ficar em casa, ou quem sabe pode ir a Masen hoje. Já faz algum tempo que você não vai até lá. -Sugeri. Eu sabia que ele sentia falta do trabalho, mas ao mesmo tempo não queria perder nenhum momento da minha gravidez.
Ele suspirou vencido e lançou um olhar de reprovação para a Alice.
-Eu não sei se é seguro deixar você ir sozinha com a Alice. -A preocupação estava evidente em sua voz. -Você não pode se cansar, e muito menos carregar peso... Eu poderia carregar as sacolas ao menos... -Ele falou e Alice bufou atrás dele.
-Edward, eu não vou fazer a Bella andar muito. Vai ser rápido! Além domais, vamos estar acompanhadas de quatro brutamontes. Eles vão servir pra carregar as sacolas! Prometo que voltamos antes do almoço. -Alice falou e nesse momento os dois olharam pra mim.
-Você tomou seu café da manhã Bella? - Edward perguntou e eu revirei os olhos. Eles me faziam me sentir uma criança às vezes!
-Claro que eu tomei, e eu estou perfeitamente bem! Será que vocês dois podem parar?! Eu estou grávida, e não doente. Eu vou com a Alice e você fica Edward. Assunto encerrado! -Falei chateada e sentindo uma súbita vontade de chorar. Hormônios...
Os dois me fitaram boquiabertos, Alice com um sorriso vitorioso e Edward um pouco emburrado.
-Desculpa Bella. -Alice murmurou. -Podemos ir então? -Ela perguntou e novamente eu olhei para ela, tão linda que parecia uma modelo que estava prestes a desfilar no New York Fashion Week, por outro lado eu estava parecendo um botijão de gás com o meu vestido azul florido e super largo que me fazia ficar ainda "maior", se é que me entendem.
-Uhm... Acho que eu devo trocar de roupa. -Falei um pouco envergonhada e a Alice bufou.
-Você está linda, Bella! Agora vamos. Nós estamos atrasadas! -Ela me apressou e eu suspirei vencida. Afinal, eu nunca liguei muito para a roupa que eu estava usando e não seria agora que eu faria isso.
-Ok. -Suspirei. -Tchau Amor! -Sorri para o meu marido, e só tive tempo de selar nossos lábios brevemente, pois no momento seguinte a minha cunhada já estava me puxando pelo corredor.
De esguelha, pude ver o sorriso torto no rosto de Edward e ouvi-o murmurar algo como "Tchau minha vida. Eu te amo!", e em seguida sorri bobamente, cada vez mais apaixonada por ele.
[...]
-Acho que já compramos tudo, não é Alice? -Perguntei para conter sua empolgação consumista, mas tudo que ela fez foi me fitar com uma expressão chorosa.
-Por favor, Bella! Eu prometo que nós só vamos comprar mais uma ou duas coisas... Por favor! -Ele implorou fazendo um biquinho que quase, bem quase, me fez chorar. Ela é uma boa atriz e sabe como persuadir uma pessoa cheia de hormônios.
-Tudo bem, mas só mais duas coisas. -Falei vencida e Alice sorriu triunfante, batendo palminhas e me surpreendendo ao dar um beijo na minha bochecha. Sorri com a sua empolgação. Não tem como não ficar feliz perto de Alice Cullen.
-Obrigada Bella! Eu te amo! -Falou sorridente, me puxando pra outro setor. Alice sempre tão Alice...
Estamos na loja Only Babys há mais de duas horas, comprando e comprando, e com nossos seguranças segurando sacolas e mais sacolas de roupas e acessórios de bebês, isso sem contar com as sacolas que já foram levadas para o carro e os objetos e móveis maiores, que serão enviados hoje pelo serviço móvel, e montados já na mansão, como os dois berços, por exemplo, e Alice simplesmente não se contentava. Se eu permitisse, ela compraria a loja inteira, mas devo confessar que ver aquela felicidade infantil no rosto dela enquanto andava em meio às roupinhas de bebês, bonecas e animais de pelúcia, recompensava tudo. Ela realmente agia como o Henry agiria se eu o trouxesse aqui, vendo tudo isso como se esse fosse um lugar mágico. Foi só então que eu descobri o "Lado Criança de Alice Cullen". Sinto-me um pouco culpada por ter que estragar um pouco da sua alegria.
-Alice, só mais duas coisas. -Lembrei-a. - Eu já estou um pouco cansada e com fome. -Argumentei. Isso realmente era verdade. Meus pés estavam um pouco doloridos e eu já podia sentir minha coluna doer um pouco. Quanto à fome, gravidas sempre estão famintas e, no meu caso eu devo lembrar que como por três, mas confesso que só falei isso para que Alice acabe a "Seção Compras", para voltarmos pra casa. Há essa hora eu já estava com saudades do meu pequeno anjo, e dos braços quentes e acolhedores do pai dele.
-Certo. -Finalmente ela assentiu. -Mas você está bem, não é?
-Eu estou ótima. -Assegurei, e ela sorriu aliviada segurando um minúsculo casaquinho rosa que tinha a frase "Bebê da mamãe" bordada, e outro igual, mas dessa vez com a frase "Bebê do papai". Imediatamente me veio à mente a imagem das minhas duas princesas, cada qual vestindo um desses, e eu derreti por inteiro.
-Own! Isso é tão fofo!!! -Alice falou suspirando. -Podemos levar os dois Bella? -Ela perguntou na expectativa, novamente com O Olhar Persuasivo da Alice, e não vi por que negar.
-Claro! -Assenti sorrindo e ela sorriu vitoriosa enquanto ia até o balcão pagar os dois, que custaram juntos 250 dólares. Quase me arrependi de tê-los comprado, mas mesmo sendo caros, aqueles casaquinhos eram encantadores.
Quando Alice voltou com a sacola, entregou-a ao Thomas, vulgo "Brutamonte 2". E em seguida já estava ao meu lado, com aquele sorriso de criança travessa segurando um brinquedo que consistia em dois ursos de pelúcia na cor rosa, um com a palavra "I" (eu, em inglês), um coração vermelho entre eles onde estava escrito "Love", e no segundo ursinho estava gravada a palavra "You", os três juntos formando a frase "I Love You". Realmente, esse foi o brinquedo que eu mais gostei. Além de delicado como as minhas princesas, trazia a frase que expressava o que Edward e eu sentimos por as duas.
-Eu amei Alice! -Falei sorrindo. -Mas esse é o ultimo item, ok? -Ela fez um biquinho, mas assentiu, e então fomos nós duas ao caixa pagar pela nossa última compra.
[...]
-Vem Bella! Vamos comer alguma coisa antes de voltarmos pra casa, se não o Edward me mata. -Ela falou dramática e eu sorri, enquanto entrávamos em um pequeno, mas luxuoso restaurante. Na verdade eu queria apenas ir embora. Pensei em protestar, mas eu estava, ou melhor,- nós três estávamos com fome- corrigi-me.
Nos sentamos em uma mesa no centro do salão, e disfarçadamente os quatro seguranças sentaram-se à mesa ao lado da nossa, se passando por clientes para nos dar privacidade, mas sem ficar longe por um só segundo. Eles eram como nossas sombras.
O garçom trouxe o cardápio, e eu o analisei bem antes de fazer o pedido que me fez salivar.
-Eu quero ravióli ao cogumelo, e um copo de suco de cenoura, por favor. -Pedi normalmente e Alice engasgou com o champanhe que estava tomando, servido como cortesia da casa, e que eu não pude tomar por motivos óbvios.
-Suco de cenoura?! -Ela perguntou incrédula, e eu a fitei sem entender sua reação. Pra mim não tinha nada de anormal no meu pedido. -Parece muito... Arg! -Ela fez uma expressão de enjoo.
-Ei! Não fale assim do meu suco de cenoura! -Me defendi e Alice levantou as mãos em sinal de rendição.
-Me desculpe Senhora, mas suco de cenoura não está no cardápio. -O garçom falou, e realmente não estava, mas me deu uma vontade sobrehumana de experimentar esse suco.
-Mas eu quero suco de cenoura! Eu preciso, por favor! -Implorei. Eu necessitava sentir o gosto desse suco nos meus lábios, imediatamente.
-Mas Senhora... -O garçom ia falando, mas Alice o interrompeu.
-Vocês devem ter cenouras nesse restaurante, certo? -Ela perguntou.
-Obviamente. - O garçom respondeu.
-Então mandem preparar o bendito suco de cenoura. Nós pagamos o quanto for! Minha cunhada está grávida, e às vezes têm esses desejos estranhos. Eu não quero que as minhas sobrinhas tenham algum problema ou nasçam com cara de cenoura. E se, por acaso, isso acontecesse, o senhor ia ser o culpado de tudo. Você realmente vai conseguir conviver com essa culpa? -Alice fez um drama tão grande que quase me fez chorar. Pobre garçom. Acho que ela o traumatizou, pensei divertida.
-Me desculpe Senhora. Eu ainda não havia percebido a gravidez. Vou agora mesmo providenciar seu pedido, com licença. -Falou o homem nervoso, enquanto se retirava com o bloco de anotações na mão.
Alice sorriu vitoriosa e eu a acompanhei na risada. Essa garota é fogo!
-Obrigada Alice! -Agradeci sinceramente.
Ela sorriu fraternal.
-Não precisa me agradecer. O que eu não faço por você e pelas minhas sobrinhas, não é? -Se perguntou retoricamente e sorri emocionada. -Mas devo confessar que os seus desejos são estranhos. -Ela falou e nós rimos alto. -Eu acho que devo pensar duas vezes antes de ficar grávida. Gravidez= Enjoos, ganho de peso e desejos indesejáveis como beterrabas cruas e sucos de cenoura. -Ela falou divertida, e eu balancei a cabeça sorrindo particularmente. Tenho certeza que ela não vai pensar assim após ter o primeiro filho, pensei comigo mesma.
[...]
Enquanto eu me deliciava com o maravilhoso ravióli, e saciava o meu desejo com o suco de cenouras, que estava muito bom por sinal, Alice comia um prato mais elaborado com nome francês que eu não me lembro qual e tomava seu champanhe caro, fazendo caretas sempre que eu sorvia o líquido laranja. Eu apenas me divertia com a situação.
-Para sua informação, o suco está muito bom. -Falei divertida para ela, que novamente fez uma careta, mas depois sorriu.
-Se você está dizendo... Mas eu ainda prefiro meu champanhe. -Antes que eu pudesse argumentar dizendo que o suco era bem mais saudável que o champanhe, senti uma mão no meu ombro e me virei imediatamente. Era o "Brutamonte Número 3".
-Aconteceu alguma coisa Jeremy? -Perguntei de repente nervosa, olhando para os lados e em seguida voltando meu olhar para ele.
-A senhora esqueceu o telefone. O Sr. Cullen está na linha. -Ele avisou, me entregando um enorme celular preto, e eu mordi os lábios nervosamente enquanto atendia.
-Você está bem? -A pergunta do outro lado da linha me surpreendeu. Como ele sabia que sou eu na linha? Esse é mais um Talento de Edward Cullen.
-Eu estou ótima. Você não devia ter ficado preocupado.. -Falei suspirando e ele soltou o ar aliviado.
-Bella, eu SEMPRE vou me preocupar. Eu estou a mais de uma hora ligando pra você, e nem você nem Alice atendiam. Eu estava enlouquecendo aqui, e imaginando um milhão de coisas. -A angustia na sua voz era evidente. Posso imaginar as situações que ele deve ter imaginado...
Suspirei, culpada.
-Onde está o seu celular? -Ele perguntou com a voz mais calma e imediatamente recolhi minha bolsa que estava sobre a mesa e tateei seu interior até encontrar o meu celular recém-comprado e super caro.
Assim que minhas digitais tocaram o teclado touch screen (com o qual eu ainda não havia me familiarizado), minha boca se abriu em choque ao ver, nada mais nada menos que 38 chamadas não atendidas. Droga! O celular devia estar no modo silencioso.
-Uhm... Eu acho que, sem quere, devo tê-lo colocado no modo silencioso. -Falei mordendo os lábios e para a minha surpresa ouvi a linda risada do meu marido do outro lado da linha.
-Peça para Alice retirá-lo do modo silencioso, e quando chegar em casa eu vou lhe dar umas aulas de como se usar um iPhone 6. -Ele falou divertido.
Graças aos céus seu humor estava de volta. Sorri também.
-Eu vou aceitar suas aulas, Sr. Cullen. -Falei entrando na brincadeira. Eu realmente estava precisando de aulas.
-Mais tarde, amor. -Prometeu. -Onde você e Alice estão? Já estão voltando pra casa? -Me perguntou.
Oh, nós tínhamos esquecido desse pequeno detalhe.
-Nós terminamos de fazer as compras e agora estamos almoçando num restaurante chamado "Good Savour" (Tradução: Bom Paladar). -Falei e Alice me lançou um olhar repreensivo que eu não entendi.
-Good Savour? Eu conheço esse restaurante! Eu poderia ir até aí fazer companhia a vocês duas e almoçar também? -Ele perguntou ansioso.
-Vir até aqui? -Perguntei surpresa e confusa ao ver Alice sussurrar a palavra "Não" freneticamente, como se não quisesse a presença de Edward. Ela estava estranha. Tenho certeza que ela quer me dizer algo.
-Sim. -Ele falou ansioso e mordi os lábios, me sentindo um pouco culpada por ter que inventar uma desculpa.
-Na verdade... Nós já estamos quase acabando nosso almoço. Acho que vai ter que ficar para outro dia. -Falei. Ok, era verdade, mas mesmo assim me senti mal por isso.
-Tudo bem. -Suspirou ele vencido. -Vou desligar para que você possa comer em paz. Só tome cuidado, e volte em segurança, ok? -Ele perguntou. Eu balancei a cabeça afirmando, e me sentindo ridícula ao perceber que ele não estava me vendo fazer isso.
-Ok. -Assenti com a voz sussurrada.
-Eu te amo. -Ele falou e pude ouvir pela sua voz que ele estava sorrindo.
-Eu te amo. -Respondi suspirando, e fui eu quem finalizou a ligação, entregando o celular do Jeremy e voltando o meu olhar para a minha cunhada.
-Pode ir falando Alice! Por que você não quis que o Edward nos acompanhasse? -Perguntei de supetão e Alice sorriu eufórica.
-Você é esperta Bella! -Ela sorriu travessa. -É que na verdade, eu quero te contar uma coisa que o meu irmão não pode saber, AINDA. -Ela confessou em um sussurro, como se o que ela vai me contar fosse um segredo.
Fiquei curiosa.
-Então me fale! -Pedi, e ela sorriu um sorriso sonhador.
-Bem, é que amanhã é o aniversário do Edward, e eu estava pensando que seria legal se fizéssemos algo surpresa para comemorar. -Ela falou de uma vez, e tudo que eu consegui fazer foi abrir a boca em surpresa. Amanhã é o aniversário do meu marido?!
Só então me dei conta de que eu não sabia a data de aniversário dele, e ele nunca mencionou nada á respeito.
-E... Ele não me disse nada! -Falei gaguejando pela surpresa e Alice suspirou.
-Como imaginei. Ele não comemora o aniversário desde o dia que nossos pais morreram... Mas agora que está tudo bem, eu acho que essa data merece e PRECISA ser comemorada. Amanhã ele estará fazendo vinte e cinco anos, e agora ele tem você, o Henry, as minhas sobrinhas que vão nascer em breve... E tem a todos nós. Edward perdeu muito da sua vida se prendendo em um mundo de dor e culpa, e você libertou ele desse mundo. Agora é hora dele recuperar o tempo perdido. -Alice falou sorrindo fraternalmente para mim enquanto eu enxugava a umidade que havia se formado em meus olhos.
Sim, eu o libertei do mundo de sombras, pois o Anjo merece a luz.
-Você tem razão Alice. -Sorri emocionada. -E eu quero a sua ajuda para comprar um presente pra ele. -falei, e ela sorriu brilhantemente, empolgada e feliz por eu ter aceitado.
-Ótimo! Vamos às compras então! -Ela sorriu eufórica, e eu quase desmaiei ao ouvir a palavra "Compras" novamente.
-Ok, mas primeiro eu preciso terminar de tomar meu suco. -Falei me divertindo com a careta que a minha cunhada fez, e já imaginando o presente que comprarei para o meu marido.
O aniversário do meu Edward tinha que ser comemorado da melhor maneira possível, com muito amor.

Conhecendo a Dor (Completo até 30/05/2016)Where stories live. Discover now