Capítulo 3 (Parte 2)

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Por Bella Swan
[...]
 O arrepio e a sensação de medo me deixam paralisada por alguns segundos, até que finalmente eu consigo me mover e saio da cama o mais rápido que posso sem dar tempo para que Edward possa me impedir.
Eu me sinto uma droga por estar agindo como uma criança ao invés de enfrentar a situação como uma mulher segura e madura faria, mas não posso fazer nada contra isso. Eu confio em Edward mais que em mim mesma, porém estamos falando da Tanya Denali, e é nela que eu não confio.
Todas as vezes que alguém a menciona, meu subconsciente projeta a cena do beijo entre ela e Edward no Brasil e também a imagem dela seminua, sentada sobre a mesa de trabalho dele na Masen, enquanto mais uma vez o beijava de uma forma apaixonada. Foram cenas que  tive a infelicidade de presenciar e que jamais sairão da minha mente, enquanto eu viver.
Tanya está disposta a tirar o meu marido de mim, e deixou suas intenções bem claras ao aparecer na nossa festa de casamento e se insinuar desavergonhadamente para ele. Eu sei que Edward a tem como uma amiga. Uma irmã, como ele me disse certa vez. O fato é que ele tem sentimentos por ela e eles já foram namorados algum dia.
 Tanya é tão bonita... Eles se conhecem desde criança, conviveram juntos, cresceram juntos e em algum momento tiveram uma amizade colorida. Eles tem uma história longa e ela é apaixonada por ele.
Eu nunca entendi por que ele escolheu à mim. Eu sou tão "sem graça"... Tão comum!
Meu maior medo é que Edward acabe despertando algum sentimento mais forte que a amizade para com ela.
A maioria dos meus amigos da escola que um dia se autodenominaram "melhores amigos" acabaram descobrindo esse "algo a mais" com o tempo e hoje são casados. Alguns tem até filhos juntos.
Todos esses pensamentos se passaram pela minha cabeça em menos de um minuto, mas pareceu uma eternidade.
Eu estava me sentindo mal por estar deixando toda a insegurança que eu havia reprimido voltar à tona. Eu me sentia mal por não estar segura sobre Edward e Tanya e sentia raiva de mim mesma por estar com raiva e ciúmes de Edward, mesmo sem ele ter feito nada.                                                                    Tentei ir até o banheiro, já sentindo as lágrimas se acumulando nos meus olhos, mas Edward me impediu, me abraçando carinhosamente por trás. Por alguma razão desconhecida, mesmo estando arrasada, não me afastei.
-Bella, me deixe explicar... –Ele falou próximo ao meu ouvido, fazendo todo o meu corpo arrepiar.
Corpo traidor, eu pensei em tom de auto repreensão, e respirei fundo tentando afastar o choro cada vez mais próximo.
-Está tudo bem, Edward. –Menti depois de uma breve conversa interna que me levou a crer que essa era a melhor coisa a se fazer agora. -Você não precisa me explicar nada. A vida é sua, eu não devo me meter. –Minha parte racional concordava plenamente com aquelas palavras, mas foi impossível conter a amargura com que elas foram pronunciadas.
-Não fale assim, por favor! –Havia uma evidente apreensão na sua voz aveludada. –Bella, desde o momento em que você disse "sim" e eu disse "sim", nós passamos a fazer parte um do outro. Você tem todo direito de querer saber coisas como essa! Eu iria ficar muito curioso e irritado se soubesse que você recebeu a ligação de um "velho amigo" seu. –Ele rosnou apenas com a possibilidade e eu quase, bem quase, sorri. Só não o fiz por que estava me concentrando para não chorar.
Eu não tenho o direito de pedir que ele se afaste da sua melhor amiga. Também não quero fazer papel de esposa controladora e acabar desgastando o nosso casamento.  Respirei fundo e, por fim, agi como uma pessoa adulta faria.
-É sério, Edward. –Sussurrei mais calma, após algum tempo de silencio. Felizmente ele ainda estava me abraçando por trás e não podia ver no meu rosto que eu estava mentindo. –Você pode ir ver a Tanya. É difícil pra mim, mas eu confio em você. –Essa parte era verdade. Edward libertou a minha cintura em um gesto rápido, mas antes que eu pudesse  sentir falta do seu calor, ele já estava frente a frente comigo, me fitando com uma expressão confusa e curiosa.
-Por que você acha que eu vou ver a Tanya? –Ele perguntou cauteloso, e eu bufei fazendo um bico.     É, eu sei, isso foi infantil.
--Você recebe uma ligação e fica cheio de sorrisos ao telefone; no dia seguinte acorda cedo, se arruma todo, e agora me diz que a ligação era da Tanya... O que você quer que eu pense? –Perguntei retoricamente, sem conseguir esconder meu ciúme e o meu marido sorriu. Sim, aquele sorriso lindo, cheio de dentes, que por fim se transformou no meu sorriso torto favorito. Um lindo sorriso que me fez amolecer um pouco, mas parte de mim ainda estava chateada.                                                                    Ele estava rindo de mim?!
-Ciúmes, Sra. Cullen? –Toda tensão havia se dissolvido da sua voz. O humor havia voltado.
Bufei e tentei dar as costas, mas ele me impediu, me fixando no lugar.
-Amor, a Tanya ligou para me felicitar pelo meu aniversário. –Ele começou a explicação, me fitando intensamente e a minha boca se abriu em um "O" de surpresa. Ótimo, Isabella! Ela sabia a data de aniversário do seu marido, e você não! Ponto para a Tanya. Meu subconsciente ironizou, e eu me senti um lixo por isso. –Tanya e eu crescemos praticamente juntos. É natural que tenhamos carinho um pelo outro. Eu sei que ela tem uma paixão obsessiva por mim, mas isso vai passar! Ela é jovem, bonita e logo vai encontrar alguém que a ame. Se alguém tem razão em sentir ciúmes dela, esse alguém é Alice. Como "irmão" eu sempre me dei melhor com a Tânia. Ela tinha a mesma idade que eu e eu confiava nela pra falar de certas coisas que eu não podia falar com a Alice. Ainda assim, eu amo aquela Tampinha mais do que eu possa explicar. Tanya não é mais que uma segunda irmã para mim. Uma boa amiga. Mas o que eu sinto por ela é insignificante se comparado ao que sinto por você. -Pontuou ele, com sinceridade. -Tanya está em Londres. –Ele continuou. –A mãe dela está doente, precisando de cuidados e ela resolveu passar um tempo com ela, cuidando dela. A Dona Carmen Denali é uma grande mulher. –Ele falou com admiração, e só então entendi que todos aqueles elogios no telefonema eram direcionados à mãe da Tânia e não à ela.
Oh! Depois de ouvi-lo eu me sentia muito envergonhada. Se existisse o prêmio "Idiota do Ano", eu o ganharia por unanimidade
-Oh... –sussurrei envergonhada. –Edward, eu... –Meu rosto estava pegando fogo. Como eu pude tirar tantas conclusões equivocadas?!
Ele sorriu e colocou o dedo indicador nos meus lábios, me impedindo de continuar. Ele estava com aquele sorriso torto que eu tanto amo nos lábios.
-Não diga nada. –Ele me acalmou. –Eu deveria ter contado isso ontem. –Falou, arranjando um jeito de culpar a si mesmo pelas minhas paranoias. Isso era tão Edward!
-Desculpa, Amor. –Sussurrei culpada. –E a mãe da Tanya, como está? –Perguntei preocupada. Ela parecia ser importante para ele, e isso a tornava importante para mim também.
-Não tem por que se desculpar. –Ele sorriu, levando minha mão direita até os lábios e beijando os nós dos meus dedos. Eu sorri com esse gesto de carinho. Cada gesto como esse multiplicava o meu amor por ele. - Respondendo à sua pergunta, a Dona Carmen está bem. Um pouco cansada, mas bem. –Ele sorriu carinhoso. –E quanto à Tanya, você não precisa se preocupar com ela. Eu te amo, e você foi a única mulher que conseguiu preencher o vazio que eu sentia. "O que Deus uniu, o homem (ou a mulher) não separam". Não foi o padre que nos uniu. O Padre apenas selou o compromisso de amor eterno, mas foi Deus quem nos uniu, Bella, e nada e nem ninguém vai nos separar. "Para Sempre", Sra. Cullen. Entendido? –ele falou, enxugando as lágrimas de emoção que caíam em cascata pelo meu rosto.                                                                                                                                                                                      Por que ele sempre tinha que falar coisas tão lindas, com esse olhar tão verdadeiro e profundo?
-Entendido, Sr. Cullen. –Falei, ainda emocionada. –Eu te amo. –sussurrei próxima aos seus lábios, e em seguida estávamos nos beijando como na primeira vez. Ali, Tanya já não existia: Éramos apenas nós dois  e o nosso amor.
[...]
-Edward. –Chamei alguns minutos depois, enquanto passava geleia na torrada.
Depois da  pequena discussão e da nossa reconciliação em melhor estilo, meu apetite voltou com tudo e retornamos para a cama, onde o nosso café da manhã nos esperava.
-Sim?–Ele respondeu em tom de pergunta, me fitando com atenção.
Eu havia me lembrado de um pequeno detalhe não esclarecido e estava muito curiosa.
-Se você não vai encontrar a Tanya, para onde você vai então? –Perguntei ansiosa pela resposta e ele sorriu lindamente.
-Você esqueceu mesmo, não foi? –Perguntou divertido e eu franzi a testa.
-Esqueci de que? - Foi minha vez de perguntar.
-Eu estou arrumado, por que, caso a minha linda esposa não lembre, hoje ela tem uma consulta marcada com a melhor e mais procurada obstetra de Seattle, e eu acordei mais cedo para me cerificar de lembrá-la, já que eu também vou com ela para saber como as outras duas mulheres da minha vida estão. –Ele respondeu sério e ao mesmo tempo bem humorado, e eu corei vermelho escarlate.
Claro! A consulta com a Dra. Brandon! Como eu me esqueci disso?!                                                                       Eu sabia que a gravidez afetava a parte emocional, mas não a memória, pensei com ironia e uma pitada de humor.                                                                                                                                                                       Felizmente eu tenho um marido lindo e perfeito pra me refrescar minha memória e ainda me acompanhar até a clínica.
Sorri carinhosa pra ele e me inclinei para beijar-lhe novamente, antes de voltar a comer minha torrada, feliz da vida.
No fim, eu estava apenas sendo absurda e tirando conclusões precipitadas, enquanto Edward estava apenas sendo Edward. Meu Anjo, o pai dos meus filhos e meu marido carinhoso de sempre.

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MyhhCardasi2

Conhecendo a Dor (Completo até 30/05/2016)Where stories live. Discover now