Capítulo 8

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Por Bella Cullen

**Sem revisão! ** Estou postando todos os capítulos da maneira como estão e só depois vou edita-los. Avisem sempre que encontrarem palavras escritas incorretamente.
Boa leitura!
[...]
-Está se sentindo melhor, Sra. Cullen? -O Dr. Brand pergunta pela décima vez, enquanto checa minha pressão arterial. Ainda estou tremendo, mas felizmente a onda de pânico que me impedia de respirar já se foi. Entendo isso como uma melhora e balanço a cabeça positivamente para o Dr. Brand. Ainda não consigo falar. A adrenalina e o medo fazem meu sangue pulsar mais forte, e um sinal de Alerta Vermelho pisca na minha mente, me ordenando a ficar calma. 'Sua pressão arterial!', me repreende outra voz interior, e eu me obrigo a respirar fundo para acalmar as batidas do meu coração. Por um milagre, funciona. Menos um problema! Não tem como estar 100 % após um choque dessa magnitude. Tenho certeza que ainda estou pálida, e meus olhos ainda estão bem abertos e assustados, temendo que a qualquer momento James entre por aquela porta e faça algum mal a Edward. Edward! A menção do seu nome me faz olhar em sua direção. Ele também está pálido e a preocupação está estampada no seu rosto. A preocupação parece ter o deixado pelo menos dez anos mais velho. Tremo só de lembrar-me da imagem do meu pesadelo, onde ele está sem cor, frio e imóvel, rodeado por uma poça de sangue. O pânico ameaça voltar, mas respiro fundo e repito mentalmente para mim mesma a frase "Ele está bem! Edward está aqui! Foi só um pesadelo. James não vai conseguir machucá-lo." Mas uma parte pessimista de mim está me dizendo que não devemos subestima-lo. James é perigoso, e é capaz de tudo para conseguir o que quer. Esse pensamento me deixa inquieta, e olho para Edward que está ao meu lado, segurando a minha mão com um olhar alarmado e assustado, mas ainda não disse nada. Me custa acreditar que ele esteja bem mesmo. A imagem foi tão real e assustadora que comecei a tatear primeiro o peito e depois os braços do meu marido, em busca de algum ferimento.
-Vo... Você está bem? -Eu peço, examinando seu rosto. Ele está confuso e ainda mais preocupado. -Ele te machucou? -Pergunto em pânico, e o vejo lançar um olhar para o Dr. Brand. Os dois estão tendo alguma conversa silenciosa, mas não me interessa. Só preciso saber se ele está bem.
Quando ele volta a olhar para mim, seus olhos estão cautelosos e tranquilizadores. Ele parece um pouco mais calmo agora.
-Hey, Amor! Acalme-se! Está tudo bem! Eu estou aqui e estou bem! -Ele disse com a voz mais suave e angelical possível, com um tom muito parecido com o que usamos para falar com crianças. E agora eu era uma criança assustada. -Foi só um pesadelo! Está tudo bem. -Ele voltou a dizer percebendo que eu ainda permanecia com a mesma expressão assustada de antes. Não, Edward! Não foi só um pesadelo! O pesadelo de verdade começou há alguns minutos a atrás, quando acordei, minha mente diz. Luto contra as lágrimas. Eu preciso dizer a ele! Preciso avisá-lo que James voltou. Todos precisam tomar cuidado! E se ele entrou aqui no Hospital? Minhas filhas! Elas estão em perigo! Oh céus! Que ele ainda não as tenha encontrado, eu rezo baixinho, e meu instinto materno e protetor aflora em mim. Tento me levantar imediatamente, destinada a enfrentar James ou quem quer que seja que queira se aproximar das minhas filhas, mas meu corpo traidor me trai, trazendo uma dor aguda na minha região pélvica. Caio deitada na cama, com o rosto contorcido em dor, e isso dá tempo suficiente para que Edward e uma enfermeira impeçam minha nova tentativa de me levantar. Eu estou desesperada. Sou uma mãe aflita, mas ninguém além de mim sabe o risco que todos ao meu redor, principalmente os mais frágeis, estão correndo a cada segundo que se passa.
-Bella, Bella! -Edward chama meu nome em uma súplica. Sua voz de anjo está agonizando. Minha mente está muito cheia. Não consigo formular uma frase coerente, não consigo sair da cama, não consigo avisar a Edward. Ele precisa saber, mas estou perturbada, assustada demais. Meus olhos encontram as rosas brancas dentro do vaso e outro grito horrorizado escapa dos meus lábios. É como se eu estivesse revivendo o pesadelo. Os olhos de todas as pessoas na sala se desviam imediatamente para a direção onde estou olhando, e a confusão aumenta visivelmente nos rostos dos três quando eles voltam a me fitar. De esguelha, vejo Edward lançar um olhar suplicante para o Dr. Brand, em uma pergunta silenciosa.
-Ela está no meio de um ataque de pânico. -Dr. Brand solta o ar bruscamente dos pulmões enquanto responde. Sinto Edward apertar ainda mais minha mão, como se estivesse dizendo "Eu estou aqui! Você está segura!". Saber disso é reconfortante, no entanto toda a minha atenção está voltada para os buquês de rosa em frente a minha cama. Não suporto vê-los! Não os quero aqui! São tantas coisas... O jardim, as rosas, James, Edward, sangue... Não, não isso não pode se repetir!
-NÃO! -Eu grito como se estivesse diante de uma assombração. Sim, aquela agora é a minha assombração pessoal. James sempre foi meu pior pesadelo.
-Bella, me ouça, por favor! -A voz do Dr. Brand está suave e cautelosa. Minha mente computa que essa é a primeira vez que meu médico me chama pelo meu apelido. Isso chama a minha atenção para ele, que está a dois passos da cama com uma postura completamente informal, mas profissional.
-Você está bem! Edward está bem. Suas filhas estão bem. Não há nada errado! -Ah Doutor, se o senhor soubesse... -Você está segura aqui. Não precisa ter medo! Se acalme, por favor! Eu só vou examiná-la! Não vou machucá-la. -Ele diz de uma forma estranha, como se eu pudesse oferecer algum perigo. Olho para Edward, que também está alarmado. Nunca o vi tão preocupado e consternado como agora. Só então me dou conta de que estou praticamente encolhida sobre a cama, em uma posição desconfortável. Eu me sinto como um animal selvagem encurralado, prestes a ser atacada, mas que não vai medir forças para lutar até o fim. Imediatamente entendo por que esses olhares lançados a mim, e por que o Dr. Brand está falando como se eu fosse me atirar sobre ele a qualquer momento. Pisco algumas vezes para sair do transe, e timidamente relaxo minha postura, até estar confortavelmente deitada.
-Isso mesmo, Bella! -Agora reconheço a enfermeira. É Ana, a moça gentil e amigável que conheci ontem. Ela me encoraja, dando um passo à frente, devagar. -Não precisa ter medo! Vamos ajudá-la. Relaxe e respire fundo. Lembre-se que você está recém-operada e que não é bom esse tipo de coisa. Pense em suas filhas! Relaxe. -'Eu estou pensando, e elas podem estar em perigo agora mesmo!' - o meu subconsciente sibila, mas faço o que ela diz. Começo a limpar meus pensamentos, ciente de que essa é a melhor forma de resolver tudo. Entrar em pânico não vai ajudar, digo para mim mesma. É preciso manter a calma. Tenho que avisar a Edward e tenho que ficar bem o mais rápido possível. Quanto menor o tempo, mais rápido poderei sair daqui e proteger as minhas filhas, meu lado racional acorda e eu desperto junto com ele.
-Ti... Tirem essas fl... Flores daqui! -Eu encontro a minha voz. Sem as flores, ficarei mais confortável e me sentirei segura na privacidade desse quarto. Com as malditas flores aqui, é como se Ele estivesse aqui, como no pesadelo. Quase posso ver seus olhos azuis frios como um iceberg, e seu olhar duro como uma rocha. Estremeço, mas me recomponho antes que alguém se dê conta. -Tirem essas f... Flores daqui! Por favor! Não q...Quero mais vê-las! -Tropeço nas palavras, e olho suplicantemente para Edward. Ele está confuso. A aflição dele é dolorosa para mim. Ele parece não entender por que quero me desfazer das flores, inclusive das flores que ELE me deu. Vejo um pouco de mágoa no seu olhar. 'Não, Edward! Não se trata disso! Eu amei as flores, principalmente as suas, mas sinceramente acho que não conseguirei ver flores de qualquer cor ou espécie, por muito tempo.' -Penso, mas não digo nada ainda. Meu olhar está suplicante e eu aperto sua mão como se dissesse 'Por favor, confie em mim!'. Ele cede, e olha para Ana que está tão confusa quanto o Dr. Brand.
-Faça o que ela disse. -Ele diz com a voz calma e autoritária, sem deixar brechas para qualquer tipo de relutância.
Sem discutir, Ana assente e retira um por um os vasos do meu campo de visão e em seguida, os leva para fora do quarto. Respiro aliviada.
Todo meu corpo relaxa.
Dr. Brand continua parado onde estava com um olhar questionador, e eu aceno brevemente, sinalizando que já estou melhor. Ele lança um olhar aliviado para Edward, que retribui e em seguida se senta na beirada da cama e começa a me examinar. Ele me examina atentamente. Primeiro a pressão arterial, depois o local onde a cirurgia foi feita, e por último meus olhos, fazendo anotações após cada lugar examinado. Isso levou mais ao menos dez minutos, tempo suficiente para eu me recompor e organizar meus pensamentos. Dr. Brand lança mais um olhar significativo para Edward, continuando a conversa silenciosa. Agora, mais calma, eu entendo esse olhar. Ele quer falar com Edward. Ao está errado comigo. Isso significa que terei que ficar mais tempo nessa cama. Droga! Meu subconsciente pragueja, enquanto eu tento parecer o melhor possível.
-Sra. Cullen, - Dr. Brand diz. Ah! Então voltei a ser a 'Sra. Cullen'... Espero que isso seja um bom sinal. Olho para ele. -É bom que descanse um pouco, senhora, e que fique tranquila. Essas crises de pânico não são nada boas, principalmente no seu estado. -Que estado? Pós-cirurgia? Pós-parto? Com a pressão lá nas alturas? Ou os três de uma só vez? Gemo mentalmente, mas não deixo minha frustração.
-Eu vou descansar, - Eu prometo para não piorar as coisas. Ouço dois suspiros aliviados ao meu redor. -Mas... -Faço uma pequena pausa e eles olham para mim. Estou mordendo o lábio.
-'Mas'? -Edward pergunta.
-Antes, eu gostaria de conversar com o meu marido, a sós. É algo importante e muito sério. -Falo intercalando meu olhar entre os dois. Dr. Brand entende que essa é uma forma educada de pedir que ele se retire.
-Desde que você prometa que não vai se alterar, tudo bem. -Ele diz e eu balanço a cabeça afirmando. Ele ajeita os óculos. -Então vou deixá-los a sós, mas, por favor, após a conversa, descanse, Sra. Cullen.
-Eu prometo. -digo, e ele sai.
Agora somos só Edward e eu. Olho para ele. Tenho que ficar calma, senão ele não me deixará falar, digo a mim mesma.
-Então? -Ele pergunta. -O que aconteceu? Eu fiquei tão preocupado... Quando eu ouvi seus gritos eu pensei que... - Ele não consegue terminar a frase, mas pela dor na sua voz, sei imediatamente o que ele pensou. Fique calma, Bella! -Repito esse mantra mentalmente.
-Eu tive um pesadelo, - Comecei. Edward franziu a testa.
-Um pesadelo? Você quer falar sobre? -Ele pergunta confuso.
-Não exatamente. Esse pesadelo tem muito haver com essa confusão toda, mas agora estou mais calma. - Digo e é verdade. Agora consigo pensar com clareza.
-O pesadelo tem haver com as flores? -Ele arrisca o palpite, ainda confuso, e acerta em cheio. Eu afirmo com um gesto. Ele fica mais confuso ainda, como se perguntando a si mesmo como as flores, que eu tanto amo, podem ter figurado pelo meu pesadelo.
-Sim. Tem haver com as flores. -Eu digo, explicando. -Não foi bem um pesadelo... Só no final. No começo era uma lembrança. -Falo.
-Uma lembrança?
-Sim, uma lembrança. Eu estava no jardim da minha mãe. Eu me lembro desse dia. Devia ter um treze ou quatorze anos, mas eu lembro perfeitamente. Eu estava observando as tulipas da mamãe quando James chegou e me entregou uma rosa branca. Você não é o único que sabe da minha preferência. James também sabe. -Eu digo engolindo em seco. Edward entende imediatamente. Por um momento ele apenas separa os lábios e murmura um "oh!", mas em seguida fica tão pálido quanto eu devia estar há alguns minutos. Agora ele me entende.
-Você acha que... Que foi ele quem mandou o outro buquê? -Ele perguntou depois de um minuto. Agora eu quase podia jurar que ele estava mais calmo, pela expressão do seu rosto, mas algo em seu olhar... Eu não sabia bem o que era, mas foi o suficiente para me deixar aflita. Seu corpo o traía. Suas mãos estavam cerradas em punho, e todo seu corpo tenso, com raiva, mas ao mesmo tempo preocupado. Ele disfarçava muito bem os sentimentos, para um estranho, mas eu que o conheço tão bem, seus sentimentos são tão claros que posso lê-los a metros de distância.
-Eu não consigo pensar em mais ninguém. Só pode ter sido ele. -Eu digo, tentando esconder meu medo atrás de uma parede opaca imaginária. Por dentro, eu estava uma bagunça: Parte de mim, estava assustada, tremendo, encolhida em um canto e rezando baixinho. Outra parte, estava na defensiva, com os punhos fechados, pronta para lutar e defender aqueles que amo, como uma leoa protegendo seus filhotes. Meu lado materno se sentia assim. Agora eu era a leoa, e o meu amor me fazia mais forte.
Edward ficou estático por um momento, absorto em pensamentos.
-Jacob e Reneesme também conhecem você há muito tempo. Podem ter sido eles. -Ele disse otimista, depois de um tempo, aparentemente calmo, mas a preocupação nos seus olhos era evidente. Era verdade. Jake e Nessie me conhecem muito bem, afinal Nessie é minha irmã, convivemos juntas desde que ela nasceu. Já o Jake é meu melhor amigo desde sempre. Talvez em algum momento, eu tenha deixado escapar algo sobre minha preferencia por flores, ou simplesmente eles tenham percebido pelo jeito que eu me comportava juntos as roseiras da mamãe, mas não acho que tenham sido eles, e se fossem, tenho certeza de que eles enviariam um cartão junto, me felicitando, e com sua assinatura. Não, não foi eles. Eu sinto isso.
-Não acho que foram eles. -Eu digo convicta. -James disse que iria voltar. A notícia mal saiu nos jornais aqui em Seattle, e eu recebo essas flores, em anonimato. Só pode ter sido ele. Em algum lugar naquela mente psicopata, ele acha que nós algum dia fomos um casal e quer voltar a ser... Ele... Me quer. -As palavras foram se transformando em um sussurro, até minha voz quase sumir na última palavra. Edward rugiu. A raiva agora estava quase palpável.
-Eu achei que depois de todo esse tempo, ele já tivesse desistido... -ele passou a mão pelos cabelos, exasperado, e então se deu conta da gravidade da situação.
-Se ele enviou flores para esse hospital...
-Eu sei, - Tremo e me encolho na cama. -Talvez ele esteja aqui, ou aqui perto... Estou com medo, Edward. Ele pode entrar no hospital... As nossas filhas... -O pensamento é horrível demais. Começo a chorar angustiadamente.
Sem dizer nada, Edward levanta da sua poltrona, com uma expressão cansada. A preocupação o envelheceu mais cinco anos. Não consegui ler sua expressão. Gostaria de saber o que ele estava pensando, mas ele não deu nenhuma pista. Apenas sentou na beirada da cama, e me puxou cuidadosamente para os seus braços. Aconcheguei-me ali, e segurei sua camisa como se ela fosse minha tábua de salvação em alto mar. Minhas lágrimas não paravam de cair, e molhavam o tecido da camisa branca.
-Não chore, Bella. Você e nossas filhas estão seguras aqui! -Ele prometeu acariciando os meus cabelos e abraçando mais forte. A expressão 'porto seguro' passou pela minha cabeça. Ele era o meu próprio porto, e aqui em seus braços eu poderia ancorar, para sempre.
Passamos alguns minutos abraçados, até meu choro cessar. Afastei-me um pouco para olhar para Edward. Ele está tão calado... Sua testa está franzida e seu olhar cauteloso. Antes podia parecer paranoia minha, mas agora eu tive certeza: Ele está me escondendo algo.
-Edward, eu... Eu sei que você está escondendo algo de mim. -Eu digo, chamando sua atenção. Novamente ele fica pálido, e o pânico faz o ar prender na minha garganta. Ah não! -O que é? Aconteceu algo com meu filho, não foi? Onde o Henry está?! -Peço angustiada, desesperada, e ele pisca me transmitindo calma. Eu não posso imaginar mais nada.
-Não! Céus, não! Nosso filho está ótimo e seguro. -Ele promete, para me acalmar. Vejo que ele está falando a verdade. Parte de mim suspira aliviada, mas outra parte continua aflita por informações. Ele pareceu lembrar-se de algo, e beijou minha testa antes de ficar de pé, e me fitar.
-Querida, eu preciso fazer uma ligação. Serei rápido, e quando voltar eu prometo que irei explicar tudo, mas antes você tem que prometer que ficará calma e quieta aqui na sua cama. Pode me prometer isso? -Ele perguntou. 'Não, eu não posso ficar deitada nessa cama como uma inválida, enquanto lá fora as pessoas que eu mais amo correm perigo!' , pensei comigo mesma.
Sabia que quanto mais tempo demorasse para aceitar, mas tempo ele levaria para me contar o que estava acontecendo. Ele prometeu que me contaria a verdade assim que fizesse a ligação. Edward sempre cumpre suas promessas.
-Eu prometo. Vou ficar aqui quietinha. -Eu disse com certa ironia. Às vezes ele me fazia me sentir como uma criança errante.
Edward abriu um meio sorriso torto surpreso. Acho que ele esperava que eu dissesse "não". Está vendo, Edward? Eu sei me comportas, às vezes. Digo, mentalmente.
-Ótimo. Volto logo. -Ele parece ter pressa, tanto para ir, quanto para voltar. Fico tentada em perguntar para quem ele vai ligar, e qual a finalidade da ligação, mas me controlo. Posso esperar um pouco, repito para mim mesma. A curiosidade é bem vinda, uma vez que ocupa minha mente e me deixa distraída. Assim a preocupação e a tensão de alguns minutos atrás não são tão ruins.
Edward se inclina e sela os nossos lábios, em um beijo rápido demais para o meu gosto, e em seguida sai não sem antes me lançar um último olhar cheio de uma emoção que eu não saberia descrever e antão fecha a porta atrás de si, me deixando sozinha.
Mesmo que eu quisesse fazer alguma coisa, e descumprir minha promessa de ficar quieta, minha tentativa seria frustrada, pois, tão logo Edward saiu, a porta foi aberta por uma Ana sorridente, que adentrou quarto afora até se sentar na poltrona que antes era ocupada pelo meu marido superprotetor. Claro que isso era obra dele. Fiz cara feia para Ana, e ela sorriu divertida. Ela era de longe, a melhor enfermeira que já conheci em toda a minha vida. Não consegui ficar chateada com ela por muito tempo, afinal ela não tinha culpa. Foi designada para ser minha sentinela, pelo meu marido. Claro que ele não ia acreditar que eu conseguiria ficar mesmo quieta sem ninguém me vigiando...
Por fim, quase acabei ficando grata por Edward ter enviado Ana para ficar comigo. Conversar com ela me ajudou a esquecer um pouco das coisas que estavam me afligindo, e me livrou de uma nova crise de pânico. A terceira, só hoje. Conversamos sobre diversas coisas: sobre os nossos filhos, sobre a família dela, sobre a minha família, sobre como era horrível essa bata azul que os pacientes usam no hospital... Uma conversa bem típica de mulheres.
Edward estava demorando a voltar. Eu já estava muito preocupada. Quase duas horas depois, a porta foi aberta e Edward apareceu com o cabelo despenteado e bagunçado de sempre, e com uma expressão nada boa no rosto, que foi suavizada assim que ele me viu. Toda a quase raiva que eu estava dele, por ter me enviado uma vigia, desapareceu assim que o vi. Eu não conseguia ficar muito tempo com raiva dele. Relaxei visivelmente assim que o vi.-Obrigado, Sra. Barner. Pode ir agora. Eu cuido da minha esposa. -Edward disse para Ana, e ela assentiu, se despedindo de mim e saindo do quarto em seguida.
-Você demorou. -Meu tom era quase de acusação.
Ele permaneceu sério enquanto sentava na poltrona ao lado da cama.
-Eu aproveitei para falar com o Dr. Brand, assim que terminei a ligação. -Ele confessou e eu gemi internamente. Dr. Brand! Eu havia esquecido completamente dele.
-Uhm... Para quem você ligou? -Perguntei, para escapar da conversa sobre minha saúde. Não que eu não estivesse preocupada, mas nesse momento, havia outras coisas que eu queria saber.
Edward suspirou e se mexeu desconfortavelmente na sua cadeira, massageando as têmporas. Esse comportamento me preocupou. Nunca o vi assim.
-Liguei para o Departamento de Monitoramento da Masen. Lá estão os melhores investigadores de Seattle, e o chefe da segurança da empresa. Eles vão cuidar para que a segurança seja reforçada para todos nós, inclusive aqui no Hospital. Brown é rápido e eficiente. Ele conseguiu uma foto do idiota do James, e essa foto está sendo repassada para os seguranças e para a polícia. Todo o Hospital já foi revistado. Ele não está aqui, e se atrever-se a tentar entrar, ele será preso. A polícia também já foi contada, e eu consegui a permissão para colocar dois guardas onde nossas filhas estão, só por precaução. Não podia correr o risco. Também há dois guardas do lado de fora do seu quarto. Estamos seguros aqui. -Ele disse, por fim, e eu suspirei aliviada. Me deixava mais tranquila saber que haviam dois guardas vigiando nossas filhas. James não está no hospital. Enfim pude respirar em paz.
-Também liguei para John. -ele continuou. -Ele está cuidando dos novos seguranças, tanto na nossa casa, como nas outras casas do Emmett, do Jacob e do Jasper. Já liguei para todos, e eles estão bem. Não quero alarmá-los ainda, mas a segurança já foi reforçada para eles também. -Ele disse e eu assenti. Felizmente, todos estão seguros.
-O que você está me escondendo? -Perguntei em seguida.
Ele passou a mão pelos cabelos.
-Quando estávamos voltando para o hospital, agora pouco, John disse que estávamos sendo seguidos... Eu achei que ele estava exagerando no começo, mas agora... -Ele parou no meio da frase, assim como meu coração. Não, não!
Levei as mãos à boca, horrorizada.
-Você acha que... -Não consegui terminar a frase. Era horrível demais.
-Sim. Não sei se era ele, mas se não era, com certeza era algum dos seus homens. -Edward confessou, e aquilo foi como uma punhalada para mim. Todos os meus piores medos se realizando, bem ali na minha frente.
-Oh meu Deus! Oh meu Deus! -Minha voz não era mais que um sussurro desesperado. Uma súplica.
-Hey! Não fique angustiada. Tudo saiu bem! Se aquele miserável se atrever a entrar aqui, ele será capturado. A partir de agora, ele está na mira da polícia. Um passo em falso, e ele será preso. No mínimo, ele será condenado a prisão perpétua e estaremos livres dele. Você está segura. -Ele prometeu para me acalmar. Eu? E quem está falando de mim?
-E VOCÊ? Isso não se trata de mim, Edward. VOCÊ está seguro? -Eu pergunto, contente comigo mesma por não desabar no meio da frase.
Ele bufou. Sempre tão teimoso! Todos nós somos obrigados a ter ao menos dois seguranças por perto, no entanto, ele não. Apenas John, o acompanha. Não que eu esteja duvidando da capacidade do John, mas... Me parece tão pouco... Se por desventura John fosse ferido, quem o protegeria? Ele ficaria indefeso. O pensamento me faz tremer. Balanço a cabeça para afastar a terrível imagem de Edward morto, no meu pesadelo.
-Eu estou seguro, também. John é muito bom com uma arma na mão. Duas, na verdade. Ele tem habilidade com as duas mãos, uma pontaria precisa e certeira, uma calma admirável, e olhos de águia capazes de detectar uma formiga à quilômetros de distância, que dirá um carro, ou homens enormes e armados. Ele é mais rápido. Precisaria mais do que dez homens experientes para detê-lo. -ele disse, seguro de sua segurança. Eu, no entanto só conseguia ficar mais aflita a cada palavra. E SE James tivesse mais de dez homens experientes? E SE ele tivesse um homem tão experiente como John? Ou mais de um homem como ele? E se, por desventura, John não estiver tão atento e cair em uma emboscada? E SE ele for acertado logo de primeira? Esses 'E SE' estavam me matando. Era um mais horrível que o outro. Me peguei novamente com um nó na garganta.
-Por favor, me prometa que vai reforçar sua segurança também... um homem só não é suficiente! Não quando James pode ter um batalhão! Prometa que vai arranjar mais homens para sua segurança! -eu imploro, deixando transparecer toda minha angustia. Isso o toca como planejei, mas seu olhar diz que ele não pretende ceder. Por que os homens são tão teimosos?
-Bella... -Eu o corto.
-Por favor, Edward! Por favor! Faça isso por mim! É a minha tranquilidade que está em jogo... Por favor! -Eu imploro, usando minha aflição para convencê-lo. Sei que não estou jogando limpo, mas é para o bem dele e o meu também. Como posso ficar tranquila em casa, sabendo que o homem que amo, meu marido e pai dos meus filhos, está correndo perigo?
Ele passou a mão pelos cabelos, e por fim, lançou-me um olhar derrotado. Oh, eu era a vencedora! Em outras circunstâncias eu teria sorrido, mas agora com tanta coisa na cabeça o máximo que consegui foi me fazer um pouco mais tranquila.
-Tudo bem. -Ele suspirou. -Mas só mais dois e ponto. -Ele disse por fim, não parecendo muito satisfeito. Não era muito, mas ao menos era alguma coisa.
-Obrigada. -Eu disse, cheia de gratidão. Edward geralmente é tão cheio de si, tão seguro. Ele acha que não precisa ser cuidado. Que pode cuidar de si mesmo. Ele está acostumado a cuidar das pessoas, mas se esquece dele próprio. Sei que é difícil para ele reconhecer que não está no controle, não de tudo, mas por mim ele aceita reforçar sua segurança. É bom saber que sou tão importante.
Seu olhar amoleceu, e ele piscou chocado com a minha gratidão repentina, até se recompor e me lançar um 'sorriso Edward' para mim.
-Está me agradecendo por colocar mais dois 'Brutamontes', como você os chama, atrás de mim? -Ele pergunta e posso jurar que há diversão por trás da seriedade da sua voz máscula.
Eu sorrio timidamente, contente por descobrir que já posso sorrir.
-Essa é só uma das coisas. A lista de coisas pelas quais sou grata, com relação a você é imensa. Agora estou agradecendo por você deixar sua teimosia de lado e aceitar que precisa que cuidem de você. Todo mundo precisa ser cuidado. Para essa regra não há exceção. -Eu digo e ele contorce os lábios, fazendo uma careta.
-Achei que para toda regra houvesse uma exceção. -ele retruca.
-E há! A única exceção é a que acabei de dizer. -Eu digo e ele sorri, relaxando pela primeira vez, nesse tempo todo. Eu queria poder capturar esse sorriso, e guardá-lo comigo para sempre. Minha mente não é fértil o bastante para reproduzi-lo em toda sua perfeição.
Meu coração apertou só de me imaginar sem aquele sorriso, longe dele. Em pensar que, em algum lugar por aí, alguém quer me tomar esse sorriso para sempre.
-Amor, você poderia me prometer outra coisa? -Ele perguntou e assenti imediatamente.
-Até que tenhamos certeza de que James está mesmo em Seattle, peço que não comente nada com os outros. Eles estão seguros, e assim que eu achar prudente, irei informá-los do risco que eles correm, tudo bem? -Ele perguntou. Um tremor passou pelo meu corpo. Ele tinha razão. Não podemos alertá-los sem ter certeza. A segurança já foi reforçada para eles também, então não há problema.
Assenti, afastando as imagens terríveis do meu pesadelo de ontem. Elas vinham me atormentado, desde então.
-Eu estou com medo, Edward. -Eu sussurro, temendo que alguém se machuque. Que Edward se machuque. Eu não poderia suportar.
-Eu também estou. -Ele confessa. Oh não! Oh não... Se Ele está com medo, então quer dizer que é mais sério do que pensei.
Percebendo meu olhar de angústia, ele segura minha mão e me olha nos olhos.
-Mas nós vamos vencer isso, juntos. -Ele prometeu, com tamanha convicção que me fez acreditar plenamente naquelas palavras. Minha fé que tudo acabaria bem aumentou.
-Juntos. -Eu prometi, entrelaçando nossos dedos e aproveitando aquela conexão que havia entre nós. Não existia James, nem o que quer que seja que o Dr. Brand tenha dito para Edward. Aquele assunto foi esquecido por hora. Estávamos envolvidos na nossa bolha particular, numa conexão tão poderosa como a do ato de amor carnal. Uma força suprema, a força do nosso amor nos fazia mais fortes. Pela primeira vez hoje, fui tomada por uma aconchegante sensação de paz.

Conhecendo a Dor (Completo até 30/05/2016)Where stories live. Discover now