Capítulo 5 (Parte 2)

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Por Bella Cullen

Tirei minha mão do seu peito e levei-a até sua mão direita, segurando-a levemente. Meus olhos nunca deixando os dele.
-Edward, no que depender de mim, eu prometo que vai ficar tudo bem. –Falei tentando parecer o mais confiante possível. Minhas palavras pareceram tranquilizá-lo. –Mas não depende só de mim... - Continuei e sua expressão mudou. Novamente ele estava preocupado.. –Por isso eu quero que você me prometa que se alguma coisa, qualquer coisa... -Não pude continuar por que naquele momento Edward me interrompeu me fitando com uma expressão torturada. Ele parecia assustado. Minhas palavras o deixaram perdido e novamente eu queria poder abraçá-lo.
-Por favor, não me diga isso! –Ele implorou angustiado. –Vai ocorrer tudo bem. Você precisa ficar bem! –Falou segurando firme a minha mão. Sua expressão sofrida partiu meu coração.
-Claro que vai ficar tudo bem! –Eu o tranquilizei. Ele parecia um menino perdido. –Mas, mesmo que não seja hoje... Pode ser que algum dia aconteça algo de ruim comigo. Pode ser uma doença, um acidente... –Continuei tentando explicar. Isso podia parecer uma bobagem, mas algo dentro de mim dizia que eu precisava fazê-lo prometer.
-Eu não vou deixar que nada de ruim aconteça com você, jamais! –Ele se apressou em falar e eu tremi com a intensidade de suas palavras. Da forma que ele falou, parecia que ele estava disposto a se jogar na minha frente e tomar um tiro no meu lugar.
-Você não pode me proteger de tudo. –Pontuei. –Por isso eu quero que me prometa que, se algum dia algo me acontecer, você vai ser forte, pelos nossos filhos e por mim mesma, e que vai seguir em frente. Por favor!  –Implorei por fim.
Eu precisava saber disso. Por algum motivo, eu precisava ter essa certeza.
O olhar de Edward ficou vago, perdido por um tempo, até que ele pareceu voltar a si, e me fitou com o rosto contorcido como se ele estivesse sentindo algum tipo de dor.
-Não me peça para prometer isso. Por favor! Eu não sei se poderia cumprir... Além disso, nada vai acontecer a você, meu Anjo. –A  voz dele estava suplicante. 
A frase "Eu não sei se poderia cumprir" ecoou na minha mente, me causando uma dor aguda. Sua resposta sincera foi um incentivo para que eu insistisse e o fizesse prometer.
Eu só ficaria tranquila tendo a certeza de que se algum dia eu viesse a faltar, ele se esforçaria para seguir em frente, talvez encontrar outra pessoa, mesmo no momento sendo doloroso imaginar ele com outra mulher. Não era apenas por estar prestes a fazer uma cirurgia que eu tinha pensado nisso. Ultimamente eu tenho pensado muito nos meus pais e nas circunstancias nas quais eu os perdi... Meu pai morreu e a minha mãe não pôde suportar a perda. Ela o amava. Perdê-lo foi um choque grande demais. Ela se deixou abater por uma depressão profunda e, meses depois,   se suicidou. Eu sei que ela nos amava, mas em um momento de dor ela não pensou em nós. Nessie e eu ficamos sozinhas, minha mãe se foi, e por experiência própria eu achei necessário ter essa conversa, mesmo talvez o momento não sendo tão oportuno.
-Edward, por favor, me prometa! Essa é a única forma de me deixar tranquila... Pode ser só uma bobagem minha. Talvez eu esteja fazendo papel de pessimista e de absurda, mas... Eu preciso que você me prometa isso, por favor! –Voltei a implorar.
Edward parecia frustrado e passou as mãos pelos cabelos, enquanto eu mordia os lábios esperando sua resposta. Ele estava cansado. Seu suspiro veio depois de alguns minutos de silêncio total. Ele pareceu pensar muito até que, finalmente chegou a uma conclusão.
-Tudo bem. Se isso a deixa mais tranquila, eu prometo. Nunca vai te acontecer nada, e eu sei que não vou precisar cumprir. –Ele respondeu por fim, e senti meu subconsciente suspirar aliviado. Ele prometeu, mesmo duvidando que algo possa acontecer. Eu também duvidava, mas não podia descartar essa hipótese. Eu só queria garantir que na minha ausência, as pessoas que eu mais amo pudessem seguir em frente sem mim. Claro que as chances de um raio cair sobre minha cabeça e me matar são muito poucas, mas nem por isso eu estou livre de ser atingida por um raio. Eu sabia que essa foi a coisa mais difícil que eu pedi a ele, mas ele me prometeu! Tenho certeza que em uma suposta futura fatalidade ele iria tentar seguir em frente. Edward sempre cumpre suas promessas.
Aquilo tirou um enorme fardo das minhas costas e eu sorri abertamente para ele.
-Obrigada, Edward. Eu precisava que você me prometesse isso. –Agradeci. –Mas você ainda vai ter que me aturar por muito tempo, Sr. Cullen. –Brinquei para descontrair o clima tenso de agora à pouco, e um sorriso torto surgiu nos lábios de Edward. O meu sorriso torto.
-Será uma honra "aturá-la" por toda minha vida, meu Amor. Para sempre. –Sussurrou com a voz de veludo. Sua promessa parecia tão certa...
Para Sempre, Edward, concordei em silêncio.  "Para sempre" definia o nosso amor.
Nesse momento a porta foi aberta e uma equipe de médicos e paramédicos entrou no quarto empurrando uma maca. O Dr. Brand anunciou que eu seria transferida para a sala de parto. Edward imediatamente se levantou, e pude ver o quão nervoso e ansioso ele estava. Por alguma razão desconhecida eu me sentia completamente bem e segura.
Duas enfermeiras me ajudaram a passar da cama para a maca, enquanto uma terceira empurrava o tripé com a bolsa de soro. Edward estava há alguns metros dali conversando com o médico, e logo voltou para o meu lado. Ele estava uma pilha de nervos.
-Você não precisa me acompanhar. –Falei. Eu queria muito que ele estivesse comigo, mas sabendo o quão preocupado ele estava, e o quão difícil  seria difícil ver a cirurgia acontecer, achei que essa talvez não fosse uma boa ideia. –Não quero que fique preocupado. - Concluí.
-Amor, você acha mesmo que eu perderia o nascimento das nossas filhas?! Eu quero e vou estar do seu lado, e não por obrigação. Eu vou estar lá por que eu amo vocês três e não perderia esse momento por nada. –Falou segurando a minha mão, e eu sorri emocionada. Pude ouvir a enfermeira que ajustava a bolsa de soro suspirar ao meu lado. –Além do mais, eu acho que teria um enfarte se ficasse na sala de espera sem notícias suas. Eu prefiro estar presente e saber tudo o que está acontecendo. –Falou ele, arrancando outro sorriso meu.
Esse era o meu Edward!
-Eu te amo, Edward. –Não havia nada mais verdadeiro que o meu amor por ele. Cada gesto, cada palavra me fazia amá-lo ainda mais.
-Eu te amo, Bella. Vai ficar tudo bem. –Ele sussurrou a segunda parte com convicção, mas eu não sabia se aquela frase foi dita para mim ou para ele mesmo.
-Eu sei. –Respondi no mesmo tom que ele.
De alguma eu sabia que tudo ficaria bem.
Um enfermeiro entregou uma touca, uma máscara e um daquelas horríveis roupas de hospital para Edward, e ele a vestiu rapidamente. Fiquei de boca aberta ao ver que, ainda assim, vestido com a roupa horrível, ele conseguia ficar lindo.
Dois paramédicos empurraram a maca para fora do quarto, me fazendo me sentir ridícula, já que aquilo era totalmente desnecessário. Eu podia muito bem andar com meus próprios pés. Ainda assim, não reclamei.
Chagamos em outra sala, que logo reconheci como a "sala do parto", e fui transferida da maca para a cama, em uma operação inversa à que tinha acontecido poucos minutos atrás.
Eu me sentia uma criança de três anos.
A anestesia não doeu tanto como pensei que fosse doer. O efeito foi rápido e logo eu já não sentia minhas pernas nem nada da região dos meus seios para baixo. Eu não podia ver nada por causa de uma tecido azul colocado como uma cortina na minha frente. A visão de uma tesoura pontiaguda segurada por uma enfermeira me fez sentir uma tontura, e imediatamente afastei aquele objeto do meu pensamento. Edward segurou a minha mão durante o longo processo, como se dissesse "Eu estou aqui com você". Isso me ajudou a esquecer das tesouras e demais objetos cortantes.
A cesárea demorou mais tempo do que eu imaginava, e eu estava cançada e sonolenta. Em algum momento fechei os olhos e transferi meu mundo para o lugar onde a mão de Edward me tocava. Eu estava lutando para me manter acordada, quando um maravilhoso som de choro, o som mais lindo que eu já ouvi em toda a minha vida, ecoou estridentemente pela sala, logo depois sendo acompanhado por um segundo som de choro, dessa vez mais contido.
Oh meu Deus!
-Nossas filhas meu amor! –A voz de Edward estava embargada mas ele tinha um sorriso nos lábios. Ele estava chorando, e só então percebi que eu estava rindo e chorando também.
Era indescritível a emoção que eu sentia. Duas enfermeiras sorridentes se aproximaram trazendo duas minúsculas pessoinhas cobertas de uma substância branca e sangue, e colocaram em meus braços. As lágrimas se intensificaram quando pela primeira vez eu via os rostinhos das minhas filhas. Tão lindas! Cobertas de sangue, mas mesmo assim, lindas. Uma das meninas se mexia e chorava estridentemente, enquanto a outra já havia parado de chorar. Aquilo parecia tão mágico, e por alguma razão desconhecida um sorriso bobo e apaixonado surgiu nos meus lábios, enquanto eu chorava. Finalmente eu podia segurar as minhas duas princesas em meus braços. O instinto maternal aflorou em mim. Eu iria protegê-las com a minha vida, se possível. O amor que eu sentia por elas em meu ventre, mesmo sendo imenso, parecia pouco se comparado ao amor que eu sentia agora.
Olhei para Edward, e lá estava seu sorriso bobo olhando para nós três como se fôssemos as coisas mais importantes do mundo. Ele não falou nada, e nem precisava. Seus olhos já diziam tudo. Sorri para ele, mas meu sorriso morreu quando as enfermeiras pegaram minhas filhas. Por mim elas poderiam ficar nos meus braços para sempre, mas eu sabia que elas ficariam na incubadora por um tempo.
Quando elas se foram, eu me senti vazia. Eu conhecia bem aquela sensação. Foi a mesma que senti hoje cedo quando tive que deixar o pequeno Henry. O cordão umbilical havia sido cortado, mas essa relação entre mãe e filho é muito mais intensa, e não pode ser separada por um cordão umbilical. É um vínculo eterno e inquebrável.
Elas mal tinham ido embora, e eu já queria as segurar em meus braços novamente. Essa era mais uma coisa que só as mães podem entender...
Nesse momento o Dr. Brand se aproximou de mim e de Edward com um sorriso satisfeito e cansado no rosto.
-A cesariana foi um sucesso! –Comemorou. –Parabéns papais, vocês são pais de gêmeas bivitelinas* e completamente saudáveis. –Nos parabenizou e Edward e eu trocamos um olhar feliz e apaixonado.
Graças aos céus!
Edward e o Dr. Brand trocaram algumas palavras,  enquanto a minha sonolência aumentava. Eu me sentia estranhamente cansada como se tivesse acabado de correr uma longa maratona.
Fechei os olhos, ainda com um sorriso bobo, me deliciando com o maravilhoso som da voz de Edward e me lembrando do som do choro das minhas princesinhas. A inconsciência estava cada vez mais próxima.  A  última coisa que me lembro antes de entrar no mundo dos sonhos, foi de sentir os lábios de Edward no topo da minha cabeça, e de ouvi-lo dizer: "Obrigado, meu amor. Por tudo! Eu te amo. Descanse, agora."
Ele falou isso em  um tom sussurrado, cheio de amor e admiração, e como se meu corpo obedecesse ao som da sua voz de veludo, adormeci.
***
Gêmeas bivitelinas* - São gêmeos formados a partir de dois óvulos e gerados em placentas diferentes. Não se assemelham muito entre si. Não são gêmeos idênticos.

Amanhã tem mais!
;)

MyhhCardasi2

Conhecendo a Dor (Completo até 30/05/2016)Where stories live. Discover now