Capítulo 45

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POR EDWARD CULLEN

Uma semana depois

[...]

Destruído.

Essa palavra me define bem, nesse momento. A sensação de impotência me corrói por dentro, como se um furacão tivesse passado pela minha vida, e levado algo essencial e indescritivelmente precioso para mim, e eu, um mero telespectador, não pudesse fazer nada para impedir. Eu tinha o dever de proteger minha família, mas falhei miseravelmente nessa tarefa. A culpa não me deixa em paz.

Eu não deveria ter permitido que Bella fosse a essa missão, em primeiro lugar. Nem que para isso eu precisasse mantê-la em cárcere privado. Em segundo lugar, eu deveria ter arquitetado um plano de emergência, caso o plano principal fracassasse, e deveria ter antecipado ou previsto que algo como o que aconteceu pudesse de fato ocorrer

E em terceiro e último lugar, eu não deveria ter fugido como um covarde quando Liam se deu conta de que algo estava errado. É certo que eu fui literalmente arrastado por Jacob e ele, mas ainda assim me sinto como o pior dos covardes. Bella foi levada, e não fiz absolutamente nada para impedir e agora tenho que conviver com uma dor ainda pior que a que senti quando estávamos separados.

Naqueles dias eu tinha certeza de que ela estava a salvo. Agora não tenho certeza de mais nada.

Cada segundo longe dela é uma morte para mim. A falta de notícias é um punhal cravado diariamente em meu peito, e a lâmina começa a enferrujar. Agora entendo Jacob, e admiro sua força, por que mesmo sofrendo com a falta de Nessie, ele continua inteiro. Não se deixa abalar e está sempre confiante.

Eu, por outro lado, estou longe da mulher que amo há cinco malditos e longos dias, e me sinto um lixo, completamente despedaçado. Pareço ter envelhecido anos em tão pouco tempo. Não consigo comer quase nada –meu estomago se recusa-, e estou usando a mesma roupa que há cinco dias. Minha camisa tem o perfume de Bella impregnado, e me senti incapaz de retirá-la. Porém, para meu desespero, percebo que, conforme os dias se passam, o perfume que antes era predominante, está ficando menos presente no tecido e meus sentidos traidores já não conseguem reproduzir o cheiro dela com fidelidade.

Esse é meu maior medo. Que meus sentidos me traiam, e me façam esquecer pouco-a-pouco dela, conforme o tempo vai passando. Receio não lembrar de como ela fica encantadora quando cora, ou quando está chateada ou com ciúmes... Tenho medo de esquecer a cor exata dos olhos dela, e de como eles brilham quando ela está feliz. Não suporto a ideia de nunca mais tê-la em meus braços nem a de não ver os primeiros cabelos brancos surgindo em meio aos cabelos cor de mogno antigo...

Passo a mão pelos cabelos, e soco a parede com a súbita necessidade de sentir dor, na van tentativa de fazer com que isso amenize a dor que sufoca meu peito.

Eu preciso encontrá-la. Preciso dela mais que o ar que respiro.

Não vou conseguir cumprir o que ela me fez prometer. Nem ao menos voltei para casa, primeiro por não querer que meus filhos me vissem completamente destruído, já crianças são bastante perceptivas, e conseguem perceber quando algo está errado; Segundo por que eu não conseguiria olhar nos rostos deles sem pensar em Bella, e a culpa por não ter a protegido mais, e por incompetência minha ela ter sido levada para longe deles e de mim, viria com força total.

Também não fui visitar Alice e minha sobrinha, que já receberam alta do Hospital. Nem ao menos dei me dei o trabalho de inventar uma desculpa qualquer, mesmo sabendo que Alice deve estar se corroendo de preocupação pelo nosso sumiço. Em todo caso, Joana deve ter repassado a mentira que falei para ela quando pedi que cuidasse dos nossos filhos, com a desculpa de que Bella e eu precisamos fazer uma viajem de ultima hora.

Conhecendo a Dor (Completo até 30/05/2016)Where stories live. Discover now