Capítulo 9

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Por Bella Cullen
** Sem revisão
[...]...
Na manhã seguinte é segunda-feira e o céu de Seattle está parcialmente nublado. Meu quarto tem uma janela de vidro que me permite ver o dia lá fora, outro privilégio de ser a esposa do dono da Masen. O DONO da Masen, eu repito mentalmente e solto um suspiro. Tudo seria tão mais fácil se não fosse esse 'pequeno' detalhe... Às vezes imagino nossa vida de uma forma diferente. Se ele não fosse o maior empresário de Seattle, se ele não fosse famoso, nós simplesmente poderíamos nos mudar para uma cidade menor e mais tranquila, ou talvez nos escondermos em uma cidade maior, onde fosse impossível sermos encontrados... Imagino a nossa casinha, simples, mas acolhedora, onde criaríamos os nossos filhos em paz, longe do James e de toda essa correria em Seattle. A Masen é especial para mim também. Foi lá que Edward e eu nos conhecemos e foi no elevador da mesma que trocamos o nosso primeiro beijo. Além domais, sei o quanto ela significa para Edward. A Masen é mais que uma empresa para ele. É toda história da sua família; É aquilo que lhe fora deixado pelo seu pai, e que também perteceu ao seu avô e ao seu bisavô, até chegar às mãos dele. Eu jamais pediria que ele abandonasse a empresa que é motivo de orgulho para ele, claro, mas isso torna as coisas mais difíceis.
Uma jornalista praticamente invadiu a minha casa, se passando por babá do meu filho só para obter informações sobre a minha gravidez, tudo para ter a matéria estampada na capa do Seattle Times. Não há como fugir. Para onde formos algum jornalista ou paparazi vai nos ver, e no dia seguinte seremos capa de alguma revista ou jornal famoso. James vai saber onde estamos e irá nos procurar, então voltaremos à estaca zero e teremos que viajar para outro lugar. Droga! Mais um plano falho, suspiro frustrada.
Desde ontém à tarde, estou pensando em formas de despistar James e proteger a minha família, mas nenhum plano surtiria efeito. Pensei que poderiamos fugir, mas para isso precisariamos fugir a vida inteira, e não é isso que eu quero para a minha família. Não é isso que quero para Edward e nossos filhos, mas também não quero viver nessa insegurança constante. Ontem Edward foi seguido, por sabe-se lá quem. Não quero nem imaginar as coisas terríveis que poderiam ter acontecido se caso John não tivesse percebido isso a tempo. Estremeço só de pensar, e claro, Alice, observadora como sempre, percebe minha tensão. Ela veio bem cedo hoje para me preparar para receber as visitas dos meus amigos e parentes. Nunca fui vaidosa, mas também não sou desleixada, e claro que jamais permitiria que eles me vissem parecendo um zumbi de tão pálida e com os cabelos mais parecendo tufus de feno, ou um ninho de mafagafos.
-Você está tão tensa, Bella. –Ela observou, enquanto penteava os meus cabelos recém lavados. –Aconteceu alguma coisa? –Ela pergunta. Aconteceram tantas coisas, Alice... Como eu queria poder te contar! Eu me sinto encurralada. É como se um olofote estivesse sobre a minha cabeça, onde quer que eu vá. Não há como nos escondermos. 'você prometeu ao seu marido que não contaria nada' meu subconsciente me repreende e eu concordo com ele.
-Acho que só estou ansiosa para ver todo mundo, principalmente o Henry. –E era verdade. Eu não via a hora de poder ver o meu filho novamente e de tê-lo em meus braços, me certificando de que ele está mesmo bem. Embora não fosse esse o motivo da minha tensão, minha resposta pareceu satisfatória para a minha cunhada.
-Posso dizer por mim mesma que você não é a única ansiosa. Aquele menino quase não me deixou em paz ontem perguntando se eu tinha visto você e as irmanzinhas dele, e quando ele poderia vir aqui ver vocês, quando você voltaria pra casa... Ele está com muita saudade também, mas está se comportando como um homemzinho. –Alice falou toda boba e cheia de orgulho. Um sorriso surgiu nos meus lábios quando menos esperei. Era assim que ficávamos quando falávamos dele. É impossível conhecer o meu filho e não se derreter por ele. Saber que ele está ansioso para me ver, assim como eu a ele. Meu pequeno anjo de olhos verdes está com saudades de mim. Isso foi o suficiente para trazer lágrimas para os meus olhos.
Ele era o principal motivo para eu ter chamado a Alice para me deixar apresetável e com uma aparencia saudável. Henry é esperto demais para a idade dele, e se me visse assim acharia que eu estou doente. Nisso, ele era tão parecido com Edward... Tive que sorrir e afastei as lágrimas dos meus olhos. Eu também não queria estar chorando quando ele chegasse, senão ele acharia que estou triste. Crianças são muito literias com relação às emoções. Só de saber que ele logo estará aqui, me senti melhor.
-Uhm... –Alice gemeu frustrada, me tirando dos meus pensamentos. –Nem com toda maquiagem do mundo eu vou conseguir esconder essas olheiras! –Ela disse e eu corei. Ontém à noite dispensei os analgésicos. Eu precisava pensar e não estava completamente segura para dormir. O pesadelo de mais cedo ainda estava me atormentando. Não podia correr o risco de sonhar com algo parecido, novamente. Por esse motivo, acabei passando toda noite acordada e o resultado são esses dois círculos arroxicados debaixo dos meus olhos.
-Eu não dormi muito bem à noite. –Eu confesso com um suspiro, mas antes que Alice possa me perguntar o motivo da minha noite mal dormida, eu mudo de assunto. –Você acha que pode dar um jeito na palidez da minha pele? –Eu pergunto e ela olha pra mim parecendo ofendida.
-Claro! Eu sou Marie Alice Cullen! Se você tivese colaborado com o sono, seria bem mais fácil, mas eu vou ver o que posso fazer. Quando eu terminar você estará com aparencia saudável como um felino. –Ela disse e eu franzi a testa.
-Como um felino? Não seria "saudável como um cavalo?"
-Felinos são mais fofos e tem sete vidas. Quem é saudável o suficiente para ter sete vidas? Apenas os gatos. –Ela disse e eu ri, ri mesmo. Só Alice para conseguir me fazer sorrir e ela sabia muito bem disso, pois riu satisfeita consigo mesma quando relaxei minha expressão.
Meia hora depois de começar com a maquiagem, Alice analisou o meu rosto uma ou duas vezes e então sorriu, guardando os pincéis em sua maleta de maquiagem.
-Pronto! Você está radiante Bella! –Ela comemorou.
-Posso ver? –Pedi ansiosa e curiosa pela sua empolgação.
Ela assentil sorridente, retirou um mini espelho de dentro da sua bolsa e me entregou em seguida.
-Me diga o que você acha. A VERDADE! –Exigiu, me lançando um olhar ansioso.
Olhei para o espelho. Era pequeno, redondo e com uma estrutura dourada bem trabalhada com enrramações de uma planta e algumas flores talhadas no material. Era um trabalho incrível, digno de um famoso artesão. Perguntei-me se aquele material dourado era ouro, e minha mente zombou de mim. "Claro que é ouro, sua idiota! Você está olhando para o espelho de Alice Cullen." –Meu subconsciente disse e eu tive que concordar, mas o que me chamou a atenção não foi o ostentoso espelho à minha frente, mas sim a imagem que ele refletia: Uma Bella mulher de cabelos castanho-escuros, cor de mogno presos no alto da cabeça em um coque bem feito, olhos escuros bem marcados e vivos, emoudurados por cílios longos e escuros e lábios cheios e rosados. A pela era branca como a neve, mas não pálida. Um leve tom de rosa nas bochechas, acompanhava o tom dos lábios em uma aparencia saudável. Saudável não. Mais que saudável. Parecia uma modelo prestes a fazer um comercial de uma marca de maquiagem famosa. A mulher, ou melhor, EU estava linda. Eu sabia que era eu, mais ainda me custava acreditar. Onde estavam as olheiras? Não as encontrei.
Fiquei paralisada por um momento, em choque com a minha imagem no espelho, até recuperar a capacidade de falar. Alice me olhava ansiosa demais, quase preocupada com a minha expressão de choque. E então, eu sorri, encantada.
-Alice... Você é maravilhosa! (incrível) - Eu disse grata e ainda em choque, e ela sorriu um sorriso Alice Cullen, suspirando em alívio.
-Eu sei. –Disse presunçosa e toda cheia de si, me fazendo sorrir.
[...]
Emmett e Rosalie foram os primeiros a chegar, cerca de 10 minutos depois de eu estar pronta.
-Você está linda, Bella! –Rosalie disse emocionada enquanto me abraçava de uma forma estranha, por causa da enorme barriga de seis meses de gestação.
Eu sorri com o elogio, me sentindo verdadeiramente lisojeada. Se Rosalie Hale, a encarnação da perfeição feminina, disse que estou linda, é por que eu devo estar mesmo.
-Obrigada! Você está maravilhosa, Rose! –Eu disse a analisando. Somente ela consegue ficar deslumbrante usando um vestido vermelho largo (que me faria parecer, na melhor das hipóteses, a Mamãe Noel e na pior, um botijão de gás), mas que nela fica magnífico e dá a impressão de que ela é uma modelo famosa, prestes a gravar um comercial sobre gravidez para a TV.
-Obrigada, Bella. –Ela diz, secando a umidade dos seus olhos. –Minhas sobrinhas são tão lindas! –Ela disse com o mesmo tom apaixonado que Edward e Alice usaram para descrever minhas filhas. A essa altura do campeonato, quase todos já haviam visto as minhas meninas, menos EU. Isso me deixou um pouco chateada, mas a irritação se foi tão logo como surgiu. Eu não perderia a chance de recolher informações sobre as minhas filhas.
-Eu ainda não as vi. –Deixei a chateação transparecer na minha voz, mas depois sorri empolgada. –Me conte como elas são! –Pedi.
-Ah, Bella! Imagino que esteja ansiosa. Elas são incríveis! E o fato delas não serem identicas, as torna ainda mais encantadoras. Eu acho que a Elle parece com você! –Ela disse toda boba. Minhas filhas já haviam a ganhado. No entanto, um detalhe me chamou a atenção.
-Elle? –Eu pergunto curiosa.
-Sim, Elle. É assim que Edward a chama, e à outra de Ella. Elle é um apelido carinhoso para Ellena e Ella para Elleanor. –Ela explicou como se fosse óbvio e eu logo entendi. De imediato amei os apelidos. Eram pequenos, doces e delicados como as nossas meninas.
Então, isso significa que a pequena Elle parece comigo. E, segundo Ana, a outra, a minha Ella, parece com Edward. Isso me animou repentinamente e me fez imaginá-las com mais facilidade. Eu quase podia sentí-las nos meus braços, quando um pigarrear exagerado me chamou a atenção para a pessoa que surgia atrás do ombro da Rose. Era o Emm.
-Bellinha! –Meus olhos se iluminaram. Nossa, eu estava com saudades desse grandalhão. Rose revirou os olhos, parecendo chateada pela interrupção, mas em seguida saiu do caminho, para que o Emm pudesse se aproximar.
-Bellinha, você está ótima! –Ele disse, com aquele familiar sorriso malicioso e divertido que me fez corar. Ele se divertiu com o meu rubor. Ele não me deu nenhum dos seus abraços de urso, o que me surpreendeu. Imediatamente deduzo que provavelmente isso é obra de Edward e tenho vontade de bufar, mas estou tão feliz que não quero estragar meu humor.
-Você está em muita boa forma, Emm. –Eu elogiei, e era verdade. Ele sempre foi musculoso, mas agora ele estava no auge da boa forma, nada exagerado demais, mas o suficiente para fazer Rosalie olhar pra ele e morder os lábios, com uma expressão maliciosa. Corei imediatamente com o olhar que os dois trocaram. 'Procurem um quarto!' – eu quis dizer, mas não foi preciso, pois no momento seguinte Emm voltou a olhar para mim.
-Obrigado, Bellinha. Ultimamente eu tenho tido muito tempo livre, e estou aproveitando para malhar. –Ele disse, olhando para a Rose, agora com certo tom de acusação, que a fez cair na gargalhada. Pergunto-me se ela ainda continua com o castigo da abstinência, e pelo olhar de criança que teve seu doce negado, tenho minha resposta e sorrio também, fazendo-o ficar carrancudo.
-Onde está Sophie? –Eu imediatamente mudo de assunto, para discontrair o clima.
-Mamãe veio buscá-la para que ela passasse alguns dias com ela. Ela sente saldade da Sophie. –Foi Rose quem respondeu. Eu sabia que sua mãe quem criara Sophie até Rose reencontrá-la e trazer-la consigo para Seattle. Não conheci a Dona Amélia, mãe da Rosalie, mas sei que ela é uma mulher incrível, e mesmo sem conhecê-la já gosto dela.
-Vou sentir saudades da minha filhota. É estranho chegar em casa e não ser recebido pelo lindo sorriso dela, e por aquele abraço de urso. E não contar histórias pra ela antes de dormir... Espero que ela volte logo. –A voz do Emm chama a minha atenção. É lindo de ver o amor de PAI em suas palavras. Em tão pouco tempo, Sophie se tornou a filha que ele queria e ele, o pai que ela precisava. De canto de olho, vejo Rose secar as lágrimas que escaparam pelos seus olhos.
-E como vai o meu sobrinho? –Eu pergunto, e ela sorri.
-Acho que ele será jogador de futebol. Ele tem um chute potente. –Ela disse divertida e eu ri, sabendo exatamente o que ela queria dizer. Henry também chutava muito. Era bom ver como essa gravidez estava fazendo bem para a Rose.
Nesse momento, a porta foi aberta e antes que eu pudesse ver quem estava chegando toda a minha atenção foi tomada pela pessoinha de cabelos loiros bagunçados que disparou na minha direção.
-Mamãe! –A voz infantil ecoou pelo quarto e soou como música aos meus ouvidos. Como eu estava com saudades dessa voz! Era ele, o meu pequeno Henry! Edward apareceu logo atrás dele e o ajudou a subir na minha cama. –Mamãe! –ele disse de novo, enquanto me abraçava. Graças aos céus! Ele está aqui, bem e saudável.
O abracei ainda mais forte, o aconchegando em meus braços. Agora tudo parecia completo.
-Oh meu Amor! Eu estava com tanta saudade... –Só então percebi que eu estava chorando. Todo o medo que senti esses dias aqui no hospital, o medo que acontecesse algo a ele, agora pareciam tolos. Aqui em meus braços, sei que ele está seguro e não há nada mais reconfortante para uma mãe.
-Eu tamém mamãe! Você tá chourano? –Ele perguntou e eu sorri perante sua inocência.
-Estou meu Amor, mas estou chorando de alegria. – Expliquei, beijando seus cabelos loiros.
-Será que ainda sobrou um pouco para nós? –A voz do Jake chamou a minha atenção, e só então percebi que ele e Nessie também estavam no quarto. Esse era de longe, o momento mais feliz aqui no hospital, desde que eu havia chegado. Todas as pessoas que eu mais amava estavam aqui, com exceção da Sophie e do Jasper.
Ouvi Edward bufar ao meu lado e prendi o riso. Mesmo tendo certeza do meu amor por ele, e mesmo sabendo que o Jake e a Nessie se amam, ele não consegue gostar dele, mas pelo menos está tentando.
Edward pegou Henry no colo para que eu pudesse abraçar Nessie e Jacob e depois me entregou-o novamente.
-Nós trouxemos flores, Bella. –Rose disse. –Mas Edward nos explicou da sua alergia. Elas estão lá fora. –Ela disse e eu lancei um olhar grato para o meu marido. Flores me lembravam o jardim da mamãe e o jardim me lembrava do pesadelo terrível que tive ontem. Honestamente eu não estava pronta para receber flores ainda.
-Alergia? –Nessie e Jacob perguntaram de uma só vez, confusos.
Claro! Edward havia esquecido esse pequeno detalhe. Eles sabiam que eu não tinha nenhum tipo de alergia, muito menos a flores.
Lancei um olhar significativo para Edward. Eu não queria causar pânico, muito menos assustar as pessoas que amo, mas naquele momento percebi que seria mais seguro, e eles tomariam mais cuidado se soubessem da ameaça real que está cada vez mais próxima. Mentir, ou ocultar a verdade não iria ajudar. Todos precisavam estar cientes do perigo, para se protegerem melhor.
Apenas um olhar foi capaz de transmitir todos os meus pensamentos para Edward. Ele pareceu considerar meu pedido, e depois suspirou exausto, assentindo brevemente com um gesto. Pergunto-me se ele dormiu essa noite, e pelo seu cansaço tenho a resposta. Eu não fui a única a passar a noite acordada.
-Uhm... Edward pode explicar melhor. –Eu disse, sobre a falsa alergia e os dois olharam para meu marido.
-Agora não. Não vamos disperdiçar o tempo da visita falando sobre alergias. Depois que sairmos daqui eu quero falar com todos vocês, e então explicarei tudo. –Ele disse por fim, fingindo fazer pouco caso, provavelmente para não preocupar ninguém antes da hora, o que pareceu funcionar bem. Se não fosse empresário, ele seria um ótimo ator, pensei e um pequeno sorriso surgiu nos meus lábios.
Henry aninhou-se contra meu peito e dormiu quase que instantaneamente. Novamente, me senti em paz. Era como se eu não estivesse mais na cama do hospital, cercada por meus amigos e familiares. A sensação era de estarmos só nós dois, no quarto dele lendo um gibi. Aquela conexão entre mãe e filho e aquele elo eterno que não é cortado como o cordão umbilical estava ali, presente. Queria poder encontrar uma forma de ter meus filhos em meus braços pra sempre. Não há sensação mais mágica e indescritível que essa. É mais uma das coisas que só as mães podem entender.
Ele sempre preferia que Edward lêsse para ele, o que era totalmente compreenssível. Edward praticamente trazia os personagens à vida de tão bem que lia. Até eu ficava encantada com a forma leve e espontânea e mágica com que ele interpretava as histórias de aventura do Homem Aranha. Edward era bom em tudo. TUDO MESMO. Bastava ele se dispor a fazer uma coisa, e ele a fazia melhor que qualquer outra pessoa na terra poderia fazer. No entanto, uma coisa eu conseguia fazer melhor. Quando se tratava de colocar nosso filho para dormir, eu era pós-graduada e tinha uns 10 diplomas na área. Não que Edward não conseguisse. Ele podia ser bem persuasivo às vezes, e tratava de deixar o nosso filho bem cansado para que a noite fosse mais fácil, mas o que o meu marido conguia fazer em horas, eu conseguia fazer em poucos minutos, como agora. Henry sempre me procura com o seu querido Lençol Azul, coçando os olhinhos e com a carinha mais fofa do mundo, pedindo colo quando está com sono. Essa foi uma das minhas preocupações durante o tempo aqui no hospital. Perguntava-me se Nessie e Jacob estavam conseguindo fazê-lo dormir, ou se ele estava sentindo tanta falta de dormir em meus braços, quanto eu sentia de tê-lo ali, como agora. Vendo-o ali, dormindo tranquilamente como um anjo e com um pequeno biquinho se formando nos lábios, eu não podia imaginar nada mais lindo.
Não sei quanto tempo se passou até eu perceber que não estava sozinha na sala. Todos os olhares das pessoas no quarto estavam voltados para nós, mais especificamente para o pequeno anjo adormecido em meus braços. Todos pareciam encantados com a cena. Alice estava quase babando. Ela era, de longe, a tia mais coruja de todos os tempos. Edward, o pai mais coruja e marido mais bobo de todo o universo, tinha um brilho de orgulho nos olhos cansados, e o meu sorriso torto preferido nos lábios. Ele era o único que já havia visto essa cena mais de uma vez, mas nos observava como se fosse a primeira vez, como se fosse a imagem mais linda e importante do mundo.
Isso me fez sorrir, corando um pouco com tantos olhares.
-Isso é um verdadeiro milagre! –Sussurrou Nessie, maravilhada. –Eu passo horas e horas lendo gibis do Homem-Aranha, até ele dormir, e agora... Em menos de cinco minutos, ele adormece feito um anjo. Você precisa me contar o segredo, Bella! –Ela disse, sorrindo baixinho e eu sorri também.
-Um dia você vai saber Nessie. –Afirmei enigmaticamente e com um sorriso nos lábios, enquanto afagava os cabelos loiros do meu filho, ainda olhando para ela. –Quando você for mãe, você vai saber. – Completei mentalmente, com um sorriso, mas não disse nada.
[...]
Infelizmente as visitas duraram pouco tempo, e conversamos pouco, mas o suficiente para matar a saudade que eu sentia de todos. A parte mais difícil foi a despedida, principalmente me despedir do meu filho. Ele não dormiu nem vinte minutos, pois teve que ser acordado para ir embora com o Jake e a Nessie. Ele se comportou como um homenzinho e disse que viria me visitar de novo e de novo, até eu poder ir pra casa.
Me dói ter que deixá-lo por esse tempo. Às vezes eu queria apenas abraçá-lo, para nunca mais soltar, mas nós mães sabemos que isso é impossível. Uma hora ou outra, mais rápido do que eu gostaria, ele vai crescer e vai querer ter sua própria vida. Vai seguir uma carreira, em qualquer profissão que escolha, vai arrumar uma namorada, - Talvez mais de uma. – até encontrar a mulher com quem quer dividir sua vida. Então vai casar e eu já não serei mais o centro da vida dele. Ele terá sua família, os filhos virão com o tempo. Pode parecer um pouco amargo dedicar a sua vida a um filho que futuramente irá deixar você em segundo plano, mas não é! Não para mim. Criar um filho, não é um peso. É uma benção. Ser mãe é um dom. É amar uma pessoa, mais que você mesma, incondicionalmente. É não se preocupar em passar noites insones, cuidando do seu bem mais precioso. É parar de pensar em você, e pensar apenas no bem estar do seu filho. É preferir que fosse você mesma a ficar doente, ao invez do seu pequeno Anjo. É rezar todos os dias para que ele fique bem. É perdoar toda e qualquer falha, por mais grava que seja. É educar da melhor forma possível, sendo rigorosa as vezes, mesmo com o coração apertado, tudo para que os filhos sejam pessoas boas no futuro. Ser mãe é padecer no paraíso. Definitivamente, não é fácil, mas é a melhor dádiva que uma mulher pode receber. A fase mais difícil virá daqui a algum tempo, quando ele for adolescente. Todo adolescente, ou quase todo ele atravessa essa fase com dificuldade, mas eu vou fazer o meu melhor para que os meus filhos tenham uma base do que é ou não correto, para enfrentarem melhor essa fase tão difícil que é a adolescência. Acima de tudo, vou procurar ser a melhor mãe do mundo para eles, e amá-los infinitamente, para que, quando eles forem adultos, quando tiverem algum problema, quando quiserem conversar, ou tirar alguma dúvida, compartilhar vitórias ou derrotas ou simplesmente quando quiserem colo, eles sempre vão saber que podem me procurar, por que eu sempre vou ser MÃE e isso jamais vai mudar. Meu amor jamais vai mudar.
-Sra. Cullen. –Dr. Brand chamou, me tirando dos meus pensamentos. Sequei a umidade dos meus olhos e pigarreei antes de responder.
-Sim, doutor. –Eu disse com um pequeno sorriso. A umidade não parava de se acumular nos meus olhos. Meus pensamentos me deiraram feliz, mas por outro lado eu ainda sentia falta do meu filho em meus braços como agora a pouco. No entanto, algo me dizia que há algo errado com a minha saúde, e seja o que for, tenho que parecer o melhor possível na frente do Dr. Brand, se quiser sair daqui logo.
-Temos que falar sobre a sua pressão arterial, Sra. Cullen. – Ele disse, ajeitando o óculos e me fitando com uma expressão preocupada. Ah não! Eu estava tentando me esquivar desse assunto! Gemi internamente, mas meu inconsciente me repreendeu, me acusando de infantilidade. Fugir do problema não vai fazê-lo desaparecer, muito menos solucioná-lo.
-Certo. Vamos falar sobre isso. –Eu digo, tentando parecer calma.
-Ótimo! –Ele aprovou minha súbita maturidade. –Como a Senhora... –O interrompi.
-Bella. Me chame de Bella. –Corrigi e ele sorriu paternal.
-Bella. –Ele disse amigávelmente. Ele não parecia satisfeito em me chamar pelo apelido, informalmente, mas pareceu satisfeito em ver que eu me sentia mais confortável sendo chamada assim. –Então vamos tratar da sua saúde, Sra. Bella. –Ele disse e eu bufei, mas acabei sorrindo junto com ele. Dr. Brand tinha alguma que me lembrava Charlie, mesmo sendo mais velho e tendo idade para ser quase meu avô.
-Bem, Bella, sua pressão vem sendo constantemente monitorada desde que a senhora foi diagnosticada com risco de hipertensão. –Eu afirmei com a cabeça. –O medicamento pareceu funcionar bem em um primeiro momento, no entanto ontem com aquela onda repentina de pânico, sua pressão arterial voltou a subir. –A expressão no rosto dele não era nada boa. Gemi internamente, frustrada.
'Mas que droga, Bella!' - Sibilei mentalmente, mas não deixei minha frustração transparecer.
-A senhora deve saber que esse quadro é preocupante. Esses picos de pressão são muito perigosos, e como não temos certeza se não houve mesmo algum caso de hipertensão na sua família, temos que considerar a hipótese de que talvez algum de seus avós tenham sim tido esse problema. Espero estar errado, mas por segurança a senhora vai precisar ficar no hospital mais alguns dias para termos um diagnóstico preciso. Se sua pressão se normalizar, poderá voltar pra casa em poucos dias e ter uma vida normal, mas, caso contrário a sra. Será uma das milhões de pessoas que convivem com o mal da hipertensão e terá que seguir algumas regras e tomar alguns medicamentos regularmente para garantir sua qualidade de vida. –Quando ele terminou, minha boca se abriu, em choque. Eu, com hipertensão? Tomar remédios REGULARMENTE?
-Não precisa ficar assustada, Senhora... uhm... Bella! –Ele disse, lendo minha expressão. –Ainda não temos certeza. A senhora é jovem e saudável. Só iremos mantê-la aqui por precaução. Mas em todo caso, a hipertensão não é nenhum bicho de sete cabeças. Eu mesmo, sou hipertenso e convivo muito bem com isso. Claro, procuro evitar os excessos e sou fiel aos medicamentos prescritos pelo meu médico, que por sinal é o mesmo a quem estou pedindo auxílio sobre o seu caso, e vivo bem com isso. Quem tem hipertensão, pode ter uma vida normal, Bella. Não se preocupe com isso. Preocupe-se apenas em ficar tranquila e em tomar seus medicamentos e tudo ficará bem. –Ele disse otimista e isso me tranquilizou. No entanto, não pude deixar de ficar triste. Mais alguns dias sem ver as minhas filhas...
-Obrigada, Dr. Brand. –Agradeci com um sorriso fraco, mas cheio de gratidão, e ele sorriu.
-Eu ainda não terminei. –Anunciou, e eu o fitei confusa.
-Eu estive conversando com o Sr. Cullen e também com meus colegas de profissão, e cheguei a conclusão de que a ansiedade não vai ajudar a melhorar o seu estado. –Fez uma pausa. – Por tanto, estou lhe concedendo permissão para ir ver suas filhas na sala das encubadoras, acompanhada pelo seu marido e uma enfermeira, claro. Tem quinze minutos para isso, e depois REPOUSO! –Ele disse e minha boca se abriu mais uma vez.
Ele disse mesmo o que eu acho que ele disse? Eu já nem confiava mais nos meus ouvidos, então tive que confirmar.
-O senhor está falando sério?! Eu POSSO MESMO ir ver as minhas filhas? –Perguntei quase gaguejando e ele sorriu.
-Sim. Estou falando sério. –Ele assentiu.
Como as águas de chuva rolando serra abaixo até chegar a um rio, meu coração foi se enchendo até estar repleto de alegria. Não cabia mais nada, senão alegria e amor. Eu não sabia se ria ou se chorava, então como seu indecisa, comecei a rir e a chorar ao mesmo tempo.
Sabe quando você quer muito uma coisa, e quando você consegue, custa a acreditar que seja mesmo verdade? Era essa a sensação que eu tinha.
Se eu pudesse eu teria me levantado e abraçado o Dr. Brand, tamanha a minha felicidade, mas me limitei a agradecer várias e várias vezes entre lágrimas e sorrisos, enquanto o Dr. Brand sorria pela minha reação inesperada e maneava a cabeça. Eu quase podia ouvir ele dizer em pensamento a palavra "mães", em um tom que deixava transparente que nós, as VERDADEIRAS mães, somos todas iguais.
[...]
Alice me ajudou a tirar a bata de hospital horrível e a vestir um vestidinho azul bebê delicado e confortável. Eu mal podia acreditar que o momento que eu tanto esperava havia chagado.
Assim que eu estava pronta, me despedi de Alice, agradecendo pelas roupas que ela havia me trazido, e segui lentamente para fora do quarto onde Edward e a enfermeira Ana me esperavam. Eu queria correr, mas recém-operada e com a minha falta de equilibrio e sorte isso seria como uma tentativa se suicídio, então tão lenta como uma tartaruga caminhei até Edward, que sorriu radiante a me ver. Meu sorriso devia estar radiante também, não tão lindo como o dele, mas ainda assim, um sorriso.
-Pronta para conhecer nossas meninas, Sra. Cullen. –Ele disse próximo ao meu ouvido. Sua voz aveludada me causando arrepios. Comporte-se, Bella! –Digo para mim mesma.
-Prontíssima! –Respondo sorridente e ele enlaça minha cintura com seus braços fortes, me guiando junto com Ana pelos corredores do enorme hospital.
Não demorou muito para que eu ouvisse o som abafado de choros vindos do interior de algumas salas. As batidas do meu coração começaram a ficar mais fortes e rápidas conforme nos aproximávamos mais e mais do som mais encantador vindo de um bebê recém-nascido.
Chegamos até as paredes de vidro, e então pela primeira vez eu pude ver do onde vinham os chorinhos que eu estava ouvindo. Olhei maravilhada pelo vidro transparente e me dei conta de que aquele era o berçário, e não a sala de encubação.
Continuamos a andar, bem devagar até que chegamos a sala seguinte, também com paredes de vidro transparente, mas dessa vez Edward e Ana foram os primeiros a parar, cada um com um sorriso no rosto ao olharem através do vidro. É aqui!
Como se uma força magnética me atraísse, me aproximei do vidro para poder ver o interior da sala. Era diferente da outra, e ao invés de berços, havia vários cubículos de vidro ligados a aparelhos onde os bebês ficavam. É mesmo aqui! Céus, minhas filhas estão aqui!
Meu coração começou a transbordar. Quando eu achei que não podia ficar mais feliz, aqui estava eu, prestes a chorar de tanta emoção, enquanto procurava por entre os vidros as minhas filhas. Minhas duas meninas.
No entanto, havia muitos bebês naquele local, o que dificultou a minha tarefa e me fez olhar ansiosamente para Edward. Um sorriso bobo brincava nos seus lábios.
-Está vendo aquelas duas meninas lindas no começo da primeira e da segunda fileira? –Ele perguntou, apontando na direção mencionada, e meus olhos encontraram as duas meninas imediatamente. Meu coração parecia dar saltos mortais dentro do peito. –São as nossas princenhas. –Ele disse todo orgulhoso, as palavras que me derreteram por completo.
Olhando para as duas lindas meninas, as NOSSAS meninas, tudo parou ao meu redor. Eu já não conseguia ver mais nada que não fossem elas, mesmo estando longe. O laço invisível que une as mães aos filhos estava lá, e mesmo não podendo ser visto, era quase palpável.
Eu já as amava imensamente antes de vê-las, mas agora... Meu amor parecia ter multiplicado milhões de vezes mais. Infinitamente mais! Era algo muito mais forte que "amor a primeira vista". Um amor de mãe, que só nós entendemos. Meu peito explodiu em emoções distintas.
Amor, carinho, proteção e felicidade se misturavam dentro de mim.
Depois da onda de emoções, pude analizar minhas duas pequenas anjinhas pela primeira vez, com mais atenção. Elas eram muito pequenas, mas maiores do que eu imaginava. As duas vestiam rosa e estavam lado a lado. Ainda assim, notei de imediato o que todos me disseram: Realmente, elas não eram identicas. Eram parecidas. Eu podia reconhecer alguns traços em comum uma na outra e também traços em comum com Edward e até comigo. Sem dúvidas, elas eram perfeitas e lindas. Anjos! Sorri maravilhada e olhei brevemente para Edward. Ele também sorria.
Voltei meu olhar novamente para as minhas filhas. Pude perceber o comportamento diferente entre as duas: Uma delas dormia como Henry agora a pouco, tranquila e serena, enquanto a outra estava se mechendo constantemente. Para outros podia ser um simples detalhe, mas para mim... Ah, era mágico!
Ainda analizando as minhas princesinhas notei encantada um detalhe que ninguém havia me contado. Quando perguntei a Alice se ela tinha ganhado a aposta (Ela e o Emm apostaram sobre com quem elas iriam parecer: Alice disse que elas pareceriam com Edward; Já o Emm disse que seria comigo), ela respondeu que havia sido um "empate técnico". No começo não entendi, mas agora... Claro! Por isso um empate tecnico! As duas tinham poucos cabelos ainda, porém era notável a diferença de tonalidade entre uma e outra: Uma das duas tinha cabelos loiros como os de Edward, como os do nosso filho, enquanto a outra tinha cabelos escuros, castanhos, como os meus. Analisando as duas pude notar que sim, uma delas tinha mais semelhanças com Edward que comigo, e vice-versa. Esse detalhe só me deixou ainda mais maravilhada e completamente apaixonada pelas minhas princesinhas. Tão lindas! Agora posso entender por que os olhos de todos brilham ao falar delas. Meus olhos estão tão iluminados que poderiam iluminar Seattle inteira.
Nem James, nem Tânia e nem ninguém seriam capazes de estragar essa alegria infinita que sinto agora. Me custa acreditar que carreguei dois anjos tão perfeitos dentro de mim, parte de mim e do homem que amo. Isso é tão certo, que sem mais nem menos, não contenho mais as lágrimas de emoção que caem em cascata pelos meus olhos.
Olho para Edward. O olhar dele não é muito diferente do meu. Sem falar nenhuma palavra, ele me diz tudo só com o olhar. Essa é uma habilidade que desenvolvemos juntos. Nunca me senti tão feliz e amada como agora.
Entrelaçamos nossas mãos, para alcançarmos aquela conexão recém-descoberta. Também sem dizer nada, eu tento mostrar através dos meus olhos marejados, o quanto eu o amo e como ele é importante, NECESSÁRIO para mim. De relance, percebo que Ana já não está mais no corredor, então para tornar aquele momento mais perfeito, unimos nossos lábios em um beijo cheio de amor, paixão e gratidão, antes de voltarmos a olhar através do vidro, sorrindo como os pais bobos que somos.

Conhecendo a Dor (Completo até 30/05/2016)Where stories live. Discover now