Capítulo 4

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Por Bella Swan

[...] 
Um mês depois...

Na consulta que fiz com a Dra. Brandon, ela assegurou que tudo estava bem com as meninas, e que o tamanho delas estava até um pouco maior que o esperado para esse estágio da gestação, o que, segunda ela, era muito bom, e deixou a Edward e a mim mais tranquilos. Tendo certa experiência da minha primeira gravidez, eu sabia que não devia sentir tanto receio. Henry nos deu um susto, nascendo antes da hora e em uma situação muito complicada, com a internação de Edward. Para a minha primeira gravidez nada foi como eu imaginava, já que na minha mente o parto seria só dali a dois meses, e Edward já teria saído da UTI, me acompanharia e estaria comigo naquele momento tão importante que era o nascimento do nosso primeiro filho. No entanto, nada foi assim. Só lembro-me de ter visto meu marido inconsciente e cercado de tubos, de sentir uma forte dor no ventre, de ouvir gritos e depois da correria de médicos pelo hospital. As lembranças são vagas, nubladas por borrões. O último rosto que eu vi, não era especialmente de quem eu queria. Eu queria Edward ali comigo, mas quem estava ali era o Jake, e eu tenho que agradecer aos céus por isso. Jacob e Emmett eram os meus dois melhores amigos e, por que não dizer, irmãos. Sem dúvidas, na ausência de Edward só um deles dois podia me confortar e trazer segurança. Naquele momento eu não pensei em mim. Tudo que importava era o meu filho. Foi a experiência mais altruísta da minha vida, sem dúvidas. A gravidez estava no sétimo mês e eu temia pela vida do pequeno Henry.  Mas no final, meu filho e eu sobrevivemos por um milagre, e por outro milagre maior ainda, Edward também se curou. Depois de tudo isso que aconteceu, eu tive a confirmação de que, mesmo as coisas não ocorrendo da forma que imaginávamos, no fim tudo se ajeita, de uma forma ou de outra.
Agora a situação é completamente diferente, mas ao contrário do que imaginei eu não me sinto tão segura como pensei que fosse me sentir. Eu estava parecendo uma "mãe de primeira viagem", assustada e receosa, mesmo não tendo muitos motivos, já que na primeira gravidez fi tudo inesperado, mas deu tudo certo.
Agora que tudo foi devidamente planejado, por que daria errado? Nisso eu não via nenhum problema. O meu medo vinha pelo fato da não ser apenas um bebê, mas sim dois (ou melhor: duas). A Dra. Brandon me tranquilizou dizendo que não há problema algum, e que a cirurgia é indicada justamente para a minha segurança e para a segurança das minhas filhas, já que seria muito arriscado esperar até os nove meses e optar pelo parto normal. Claro que exitem riscos, afinal nada é 100% seguro, mas os riscos são mínimos, segundo Samantha, isso levando em conta que as meninas estão bem e saudáveis.
Mas, mesmo assim, era impossível conter a ansiedade, tendo em vista que amanhã, 22 de julho, foi o dia marcado para que a cirurgia fosse feita. O mês passou rapidamente, e eu mal podia acreditar que logo-logo veria os rostinhos das minhas duas princesas, e que enfim poderia tê-las em meus braços. Essa última opção vai demorar mais um pouco, pois já fui avisada que mesmo que minhas filhas estejam em perfeito estado de saúde, terão que ficar algum tempo na incubadora até que os pulmões estejam completamente formados. Por esse motivo,durante algum tempo terei que me contentar apenas em olhar para os rostinhos de anjo das duas.
É impossível não sentir um frio na barriga, mas a ansiedade de ver as minhas filhas é maior.
Muito maior...
Todos estão muito ansiosos, na verdade. Edward está uma pilha de nervos. Chega a ser engraçado... Quem o vê pensa que é ele que vai passar por um procedimento cirúrgico amanhã.
Na minha frente ele tenta me passar segurança e não demonstra preocupação, mas quando ele pensa que eu não estou vendo, eu sempre noto seu olhar preocupado direcionado à mim. Outro dia, eu o vi andando de um lado para o outro pela sala, quase afundando o chão. Edward também começou a sair de casa misteriosamente toda manhã, e depois de uma conversa minha com Paul, o chofer, descobri que ele nessas saídas pela manhã, meu marido ia até a igreja.
Isso me surpreendeu inicialmente, Edward não era muito religioso, mas eu logo soube o motivo das suas orações...
Além disso, ele tem tido muitos pesadelos e está muito inquieto durante o sono. Às vezes ele fala durante a noite, outras vezes ele acorda assustado e ofegante e outra noite ele acordou entre soluços. À   essa altura da gravidez, eu quase não durmo, e tenho o observado muito durante o sono. Não há nada mais lindo que ouvir meu nome saindo dos seus lábios durante seu período de inconsciência. Mesmo dormindo, não há som mais doce que o da voz dele. Eu sei que ele está mais nervoso que eu, seus pesadelos são a prova disso. Por esse motivo, na frente dele eu uso a mesma tecnica que ele usa comigo, e tento ficar o mais calma e confiante possível.
Alice, Rose e Nessie estão muito ansiosas e eufóricas com a chegada das sobrinhas, e estão me ajudando muito em tudo. O Emm é o mais ansioso dos três rapazes. Ele até fez uma aposta com a Alice, dizendo que as meninas vão parecer comigo. Já a Alice acha que elas vão parecer com o Edward. Eu amo o Emm, mas nessa, eu estou com a Alice. Já o Jake está preocupado e ansioso. Todas as vezes que nos falamos, eu o vejo como um irmão superprotetor preocupado com o meu bem e o das minhas filhas. O Jasper é o que fica mais "na dele", mas ele sempre me apoia bastante. Quanto à Joana, ela não vê a hora da chegada de mais duas crianças na casa.
Mas, dentre todos eles e toda essa situação, o mais difícil vai ser ficar longe do meu filho durante o tempo que ficarei no hospital. Henry vai ficar com Nessie e Jacob durante a minha recuperação, e eu tenho certeza que ele não poderia ficar em mãos melhores, mas a saudade que sentirei do meu pequeno anjo de bochechas gordinhas e de cabelos acobreados vai ser imensa...
Alice me aconselhou a não contar nada, apenas que ele iria passar alguns dias com os tios, mas eu fiquei preocupada de assustá-lo quando ele for me visitar no Hospital. Ele é muito inteligente para uma criança de dois anos e dois meses recém completados, e sabe bem que o hospital é um lugar para "pessoas doentes". Tenho certeza de que a minha aparencia não vai estar nada agradável após a cesariana e quando alguém o levar para me ver no hospital, eu não quero que ele pense que estou doente. Henry é muito pequeno, mas tenho certeza que ele vai entender se eu explicar direito. Além domais, a verdade sempre é o melhor caminho, e quero passar esse valor para o meu filho desde muito cedo.
Edward concordou com a minha decisão de explicar ao nosso filho que amanhã as irmãzinhas irão nascer, e me perguntou se queria que ele fosse junto comigo. Com Edward seria mais fácil de explicar, uma vez que ele faria disso uma história de aventura e Henry iria amar, mas eu sentia que aquilo deveria ser algo íntimo entre meu pequeno anjo e eu. Uma conversa de mãe para filho. Por isso neguei o pedido de Edward, dei-lhe um beijo nos lábios e em seguida rumei até o quarto do nosso filho, procurando as palavras certas durante o caminho.
Assim que abri a porta do quarto que ficava ao lado do meu, sorri ao ver Joana lendo mais uma das aventuras do Homem Aranha para o meu filho que ouvia a história com uma expressão de encanto no rosto. Ele era lindo.
Fechei a porta com cuidado, tentando não atrapalhar aquela cena tão bela, mas no momento seguinte, ouvi a voz estridente e alegre que eu mais amo no mundo.
-Mamãe!!! –Ele me chamou, e involuntariamente meu sorriso cresceu, se tornando um sorriso bobo e apaixonado.
Joana parou de ler imediatamente, e sorriu para mim, enquanto eu me aproximava dos dois e me sentava na cama com eles.
-Oi meu Anjo! –Falei beijando seus cabelos acobreados e o fazendo sorrir. Os cabelos dele tinham um cheiro deliciosamente infantil. –Oi Joana. –A cumprimentei com carinho e a fitei silenciosamente, mas ele logo entendeu o "recado" e sorriu carinhosamente para mim, em seguida olhando para meu filho.
-Henry, meu bem, eu preciso ir agora. Será que podemos continuar a ler mais tarde? –Ela perguntou e meu filho fez um biquinho irresistivelmente fofo.
-Pou que? Só mais um poco Naná, pou favor. –Ele pediu a Joana de um jeito tão manhoso e fofo que eu quase pedi que ela continuasse a leitura. Eu não resistia a esse biquinho e a essas palavrinhas que ele pronunciava de forma incorreta.
-Meu bem, eu não posso continuar a ler agora. Sua mãe está aqui. Por que você não aproveita pra falar com ela um pouco? –Joana perguntou, e ele logo se animou. Ela tinha uma maneira impressionante de lidar com crianças. –Podemos continuar a leitura mais tarde, então? –Ela perguntou, e ele balançou a cabeça freneticamente com um lindo sorriso no rosto.
-Até mais tarde então, querido. –Ela sorriu e deu-lhe um beijo nos cabelos loiros.
-Boa sorte. –Ele sussurrou para mim, e eu sorri carinhosa para ela.
-Obrigada Joana. –sussurrei da mesma forma, e em seguida ela saiu do quarto, deixando meu filho e eu sozinhos.
Essa era à hora de ter a conversa delicada, mas, sinceramente, eu não fazia ideia de por onde começar. Então suspirei e resolvi que a melhor forma de começar, era pelo começo.
-Henry? –Chamei e ele me fitou com aqueles lindos olhos verdes.
-Sim, mamãe. –Ele respondeu, e eu sorri pra ele, começando a acariciar seus cabelos.
-A mamãe vai te contar uma coisa, mas você vai ter que prometer que vai prestar atenção, ok? –Perguntei, e seus olhos brilharam em curiosidade. Ele era um menino muito esperto.
-Eu proumeto mamãe. - Esse "proumeto" quase me fez derreter.
Eu sou a mãe mais coruja do mundo.
-Bem... Você gosta da tia Nessie e do tio Jacob, não é mesmo? – Eu perguntei com a voz doce, e ele sorriu aquele sorriso lindo que fazia duas covinhas se formarem nas suas bochechas. Aquele sorriso me deu a resposta que eu queria, mas mesmo assim ele respondeu.
-Gosto muito. – Eu sorri com a sinceridade em suas palavras. Isso ia ser mais fácil do que eu imaginava.
-Então, o que você acha de passar uns dias na casa deles? –Eu perguntei, e inicialmente ele pareceu gostar da ideia, mas logo em seguida olhou para mim com um olhar curioso.
-Você e o papai vão comigo, não é? –Sua pergunta fez com que eu abrisse a boca em surpresa. Realmente, me surpreendo cada dia mais com sua inteligência.
-Então, meu amor... –Suspirei. –Eu e o seu pai não vamos poder ir com você. Seus tios vão cuidar de você até que eu fique bem... –Deixei escapar sem querer, e os olhos do meu filho cresceram. Ele estava assustado.
-Você não está bem mamãe? –A preocupação na voz dele era tão fofa que eu tive que sorrir. Definitivamente, ele puxou ao pai.
Toquei sua bochecha, e acariciei o local, fazendo pequenos círculos para tranquilizá-lo.
-Eu estou ótima, meu Anjo. –Assegurei o mais convicta possível. Era chegada a hora de contar a segunda parte, também a mais importante. –Você lembra quando você perguntou quando suas irmãs iam nascer? –Ele fez que sim com a cabeça. –Você lembra que eu respondi que ia demorar um pouco? –Novamente ele balançou a cabeça. -Então... –Mordi os lábios, nervosa. –Já se passou esse tempo, e amanhã as suas irmãs vão nascer, meu Anjo. Por isso você vai ter que passar um tempo com seus tios. –Falei de uma vez só, esperando ver a alegria nos seus olhos, mas ele apenas baixou a cabeça tristemente, fazendo meu coração pular dentro do peito.
-Ah. –Ele falou somente, deixando-me completamente confusa.
Lembro-me de como ele estava ansioso pelo nascimento das irmãs, e como ele perguntava quase todos os dias quando elas iam nascer. Também lembro do sorriso alegre que ele tinha nos lábios todas as vezes que ele falava das irmãs. Agora, no entanto, ele parecia... triste!
Eu não sabia o que estava acontecendo.
-Você não ficou feliz com a noticia, é isso? –Perguntei um pouco tensa.
-Fiquei... –Ele falou, mas a expressão triste dizia o contrário. –É que a Lana disse que você e o meu papai não vão gostar mais de mim quando minhas irmazinhas chegarem. –Ele acabou falando, e minha boca se abriu em um "O" de incredulidade.
Lana era a babá do Henry. À  contratamos há pouco pra cuidar dele, já que em breve serão três crianças na casa, e só Joana e eu não dariamos conta de todos. Lana se mostrou muito competente. Ela tem 40 anos, e trabalha há vinte como babá. Tivemos ótimas recomendações dela e logo a contratamos. Joana de imediato não gostou dela, mas eu achei que ela estava só com ciúmes por causa do Henry. No entanto,  sabendo o que ela falou para o meu filho, eu me senti repentinamente mal.
E se ela não fosse apenas ciúmes o que Joana sentiu? Será que ela viu algo em Lana que não a agradou?
Ela precisou tirar folga essa semana para cuidar da mãe doente, mas quando voltar, teremos uma séria conversa. Talvez eu tenha me precipitado em contratá-la, mas nunca é tarde para corrigir um erro.
-Ela disse isso? –Perguntei ainda em choque, apenas para confirmar. O meu filho  balançou a cabeça,  afirmando.
Agora eu podia entender o porquê de tanta tristeza.
-Meu Anjo, isso que a Lana falou é mentira. –Assegurei ainda perplexa, o fitando com carinho e tentando desfazer essa ideia que ela colocou na cabeça do meu filho. Ele me fitou atentamente, prestando atenção. –Eu não sei por que a Lana falou isso, mas eu vou conversar seriamente com ela. –Continuei.
Ah se eu iria ter uma conversa séria com ela...
–É verdade que as suas irmãs vão precisar de um pouco mais de cuidado e atenção, por que elas são bem pequenininhas, e por isso eu vou precisar ficar um tempinho à mais com elas... –Sua expressão novamente ficou triste. –Hey! –Eu falei chamando a sua atenção e beijando seus cabelos.- Mas isso não quer dizer que eu ou seu pai vamos amar suas irmãs mais. –Falei e ele me fitou parecendo confuso.
-Não mamãe? –Perguntou ansioso e eu sorri da sua inocência.
-Claro que não, meu Anjo! Você vai continuar sendo o nosso príncipe e nós vamos amar a você e às suas irmãs da mesma forma! Além domais, eu vou precisar da sua ajuda! Como você já é um homenzinho, você pode me ajudar a cuidar das suas irmãs, o que você acha? –Perguntei usando a minha melhor estratégia e ele sorriu lindamente com os olhos brilhando.
-Sério, mamãe? –Perguntou alegremente, e eu assenti com um sorriso. –EBAA!!!!!! –Ele gritou feliz da vida. A história de que ele é um homenzinho e que vai me ajudar a cuidar das irmãs pareceu agrada-lo.
Era tão fácil fazer uma criança feliz...
-E quando elas crescerem, vocês vão poder brincar juntos. –Prossegui alegre, sendo contagiada pelo seu sorriso. Nesse momento, ele fez uma careta fofa, e eu franzi a testa.
-Meninas 'blincam' de bonaca... –Ele fez uma careta de nojo e eu sorri entendendo o que ele queria dizer.
-Você não gosta de brincar com a Sophie? –Perguntei.
Ele sorriu lindamente. Ele amava a Sophie.
-Ela não 'blinca' comigo de boneca. –Ele explicou.
-Então! Você e as suas irmãs podem brincar de outras coisas também. –Falei, conseguindo trazer o sorriso de volta para o rostinho dele.
-Nós podemos brincar de... –Ele listou quase todas as brincadeiras que não envolviam bonecas, inclusive brincar com bolas e carrinhos. Eu me diverti com a conversa e mesmo achando que as irmãs dele não vão querer brincar com carrinhos, eu assenti só para ver aquele sorriso lindo no rosto dele.
-Mamãe? –Ele chamou depois de um tempo.
-Sim, meu amor. –Respondi e ele me fitou ansioso.
-'Pouque' eu vou ficar com a tia Nessie? Eu queria ficar na casa da tia Rose pra 'blincar' com a Sophie... –Ele falou, e eu sorri. Como eu imaginei, ele já havia entendido que teria que ficar com os tios.
Eu também havia pensado em deixá-lo com a Rose, mas levando em conta que ela está grávida, eu achei melhor deixá-lo com a Nessie. Porém eu ficaria mais tranquila se ele tivesse a Sophie por perto pra brincar com ele, e foi então que eu tive uma ideia.
-Eu posso pedir pra tia Rosalie deixar a Sophie ficar na casa da sua tia Nessie, se ela permitir, pode ser? –Perguntei, e fui surpreensdida da melhor forma possível quando o meu pequeno anjo sorriu e me abraçou. Não havia abraço mais lindo e mais puro que aquele.
-Eu te amo, mamãe. –Ele falou feliz. Eu não precisava ouvir mais nada. Essas palavras eram tudo que eu queria e precisava ouvir, e me deixaram completamente emocionada.
-Eu e o seu pai te amamos, meu Anjo, e vamos te amar sempre, não importa o que aconteça. Nós te amamos imensamente. – falei emocionada, beijando ambas as suas bochechas e ele franziu a testa.
Tão igual ao pai...
-"Imensaumente..."? –Ele perguntou se embaralhando com a palavra, e eu sorri. –Isso é muito?
-Sim, meu amor. Isso é muito. Maior que qualquer outra coisa. –Sussurrei a mais plena verdade, deixando meu amor transparecer. Eu jamais poderia exlicar o tamanho do meu amor pelo meu filho. Só sei que vai além do infinito...
-Eu te amo IMENSAUMENTE mamãe. –Ele falou, e dessa vez eu não pude conter as lágrimas, enquanto o puxava para mais um abraço.
Sim. Muito além do infinito... Concluí, beijando seus cabelos, ainda chorando como uma boba abraçada ao pequeno homem da miha vida.
Pouco tempo depois, Edward se juntou a nós e passamos o resto da tarde juntos, felizes e lendo gibis do Homem-Aranha em mais uma tarde feliz em família.

Conhecendo a Dor (Completo até 30/05/2016)Where stories live. Discover now