Capítulo 10

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Por Bella Cullen
** Sem revisão
[...]
Foi apenas um mês depois do parto que recebi alta, juntamente com as minhas filhas. Enquanto esperava o Dr. Brand chegar para me liberar oficialmente, eu mal podia me aguentar de tanta felicidade.
Depois de um mês de angústias e alegrias, agora eu poderia voltar para casa, para a minha família, e o melhor, com as minhas filhas! Isso era tudo o que eu mais queria, desde o começo, e agora quando estava tão perto de se tornar real, eu mal podia acreditar.
Felizmente, após um mês de monitoramento, Dr. Brand constatou que eu não sou hipertensa, e que o aumento repentino da minha pressão arterial foi causado pelo estresse emocional e psicológico desses dois últimos meses. Com isso, ficou decidido que eu precisarei tomar o medicaamento por mais dois meses, só por precaução e depois poderei parar definitivamente, isso caso minha pressão se normalize totalmente. Em todo caso, isso foi aliviante para mim e já não me preocupa mais com esse assunto.
Quanto as minhas filhas, elas estão tão saudáveis quanto qualquer bebê que nasceu aos nove meses, segundo os médicos. Os pulmões já estão completamente formados e peso e tamanho estão normais, até um pouco elevados para a idade delas, o que me deixou muito feliz, principalmente quando recebi a notícia de que elas poderiam voltar para casa comigo hoje.
Ana foi a primeira a aparecer para se despedir de mim. Ela e eu nos tornamos grandes amigas durante esse tempo que passei aqui no hospital, e quando a abracei tive certeza de que a nossa amizade não iria acabar por aqui. Eu sabia que, mesmo não sentindo saudade nenhuma desse lugar, eu sentiria falta das enfermeiras que foram tão legais comigo, e até do Dr. Brand, mesmo com ele sempre me dizendo para ficar de repouso e me enchendo de remédios e exames. Mas, sem dúvidas, era de Ana que eu sentiria mais falta.
-Me prometa que irá me visitar! -Exigi a Ana, enquanto secava a umidade dos meus olhos assim que nos separamos do abraço.
Ele também secou as lágrimas dos olhos com um movimento brusco, e colocou um sorriso brilhante nos lábios.
-Assim que eu puder, eu prometo que irei. E você também pode ir me visitar! Mamãe e Pietro irão amar conhecê-la. -Ana me disse e seu sorriso se alargou ao falar no seu filho. Mães: sempre tão iguais.
Sorri também. A essa altura ambas sabíamos o endereço uma da outra e podíamos nos visitar sempre que pudessémos. Isso me deixou feliz.
-Pode ter certeza! -Prometi. -Também irei amar conhecer sua mãe, principalmente o pequeno Pietro. Tenho a impressão de que Henry e ele se darão muito bem! -Eu disse, e tenho certeza de que meus olhos brilharam ao mencionar o meu filho, confirmando que as mães são todas iguais, só mudam de endereço.
Assim que terminei de me despedir das outras enfermeiras, Dr.Brand entrou pela sala, sendo seguido por Edward e Alice, que vinham trazendo as minhas filhas em seus braços. Alice trazia Eleanor e Edward trazia Elena, cada qual com um sorriso bobo maior que o próprio rosto.
Pude me derreter e me deliciar com a visão das minhas filhas sendo carregadas por duas das pessoas que eu mais amo no mundo. Essa era, sem dúvidas, uma das muitas imagens que eu queria guardar para sempre na minha memória. Vendo os quatro ali, parados perto da porta eu mal podia acreditar que eles eram reais. Alice parecia uma princesa saída diretamente de um conto de fadas. Já Edward estava tão radiante que parecía ter brilho próprio. Pela primeira vez nesse mês ele parecia totalmente feliz e relaxado, tanto que o brilho dos seus olhos quase podia ofuscar o Sol. Nunca o vira tão lindo assim, de forma que quase esqueci como respirar. Já as minhas filhas, pareciam dois anjos retirados diretamente de uma pintúra barroca antiga. Meu peito se encheu vendo quão linda era a minha família, mesmo sabendo que ainda faltavam algumas pessoas ali para tornar tudo perfeito, em especial o terceiro anjo de cabelos acobreados como os do pai.
Eu estava encantada demais para falar alguma coisa. Vê-las através de um vidro é uma coisa, já vê-las na minha frente e poder tocá-las e segurá-las era mágico pra mim. Percebi maravilhada que elas estavam um pouco maiores que da última vez que as vi, e os cabelos das duas estavam um pouco maiores também, evidenciando a diferença de tonalidades, por isso pude identificá-las facilmente. Elena tinha os cabelos no mesmo tom de mogno antigo que os meus, e seus olhos tinham o mesmo formato e mesmo tom de chocolate derretido dos meus olhos. Sem dúvidas ela era muito parecida comigo, mas mesmo assim encontrei traços de Edward no formato dos lábios e no rosto. Ela era uma divisão perfeita de nós dois e era linda! Já Ella, como Edward havia apelidado, era uma cópia perfeita do pai. O mesmo formato do rosto, os mesmos olhos, os mesmos lábios, o mesmo tom do cabelo. Era uma versão feminina de Edward, com traços mais suaves e delicados. Perfeita! Mas mesmo maravilhada com a semelhança, não pude deixar de notar que suas bochechas eram tingidas por um rosa, quase vermelho, adorável que se assemelhava ao meu rubor quando eu coro. Além disso, pude encontrar-me encontrar nela, talvez pelo formato delicado do nariz, ou pela expressão, tão parecida com a minha ou pela forma calma e curiosa com a qual ela me observava, tão tranquila, enquanto Elle se contorcia nos braços de Edward, em uma reação completamente oposta. Não era apenas da aparência que elas eram diferentes, pecebi me maravilhando com essa nova descoberta. Elena olhava para todos os lados, curiosa e agitada, já Eleanor olhava apenas pra mim, como se eu tivesse chamado sua atenção. Fora isso, eu podia encontrar semelhanças uma na outra e até mesmo semelhanças com Henry, de forma que cada descoberta, cada nova semelhança que eu encontrava aqueciam meu coração. Como dois seres tão lindos e perfeitos podem ter saído de dentro mim? Eu ainda não tinha resposta.
Foram precisos alguns minutos até que eu recuperace a capacidade de falar.
-Posso segurá-la? -Perguntei para Edward, me aproximando dele e da pequena Elle, e estendendo os braços para acolhê-la.
Edward sorriu torto pra mim, e depois olhou para nossa filha em seus braços. Era como se ele pudesse me ver nela e vice-versa. Seu olhar cheio de amor para comigo e nossas filhas assim que ele me entregou a menina foi tão intenso que, não sei se por me sentir tão amada, ou por amá-lo tanto, ou pela emoção de sentir uma de minhas filhas em meus braços pela primeira vez, ou pelos três fatores juntos, eu comecei a chorar de tanta emoção enquanto ninava a minha Elle em meus braços. Assim que a segurei ela parou de se agitar e seus grandes olhos castanhos, -os meus olhos- me fitaram pela primeira vez. Confesso que sempre achei a cor dos meus olhos sem graça. Castanho era tão comum. Mas agora, olhando por outro ângulo, vendo meus olhos ali naquele rosto angélico, uma versão milhares de vezes melhorada do meu rosto, em uma mistura com o rosto perfeito de Edward, eu podia entender e acreditar em todas as vezes que Edward me disse que meus olhos eram lindos. Elle era estonteante, linda demais para ser real. Eu poderia ter ficado horas e horas a segurando em meus braços e a admirando. Naquele momento eu percebi o quanto já amava aquele pequeno bebê, minha e de Edward. Um amor maior do que eu possa explicar.
No entanto, pouco tempo depois de segurá-la em meus braços, ela começou a chorar estridentemente. Eu não sabia o que fazer. Parecia uma mãe de primeira viagem, e quase entrei em pânico. Por que ela estava chorando? Será que a minha Elle está doente?
Olhei para Edward, atônita, sem saber o que fazer. Ele se aproximou cuidadosamente, pegando nossa filha e a aninhando em seus braços, enquanto me lançava um olhar tranquilizador.
Como em um passe de mágica, em menos de cinco minutos nos braços do pai, Elle parou de chorar e adormeceu. Logo entendi tudo. Traidora! Claro que era preferiria os braços de Edward, e o pior é que não posso culpá-la por isso, mas mesmo assim não pude deixar de sentir um pouco de ciúme por ela ter preferido a ele e não a mim. Ela não deveria preferir a mãe? Quase entrei em pânico novamente, mas claro Edward percebeu a tempo.
-Não pense bobagens, amor. Ela ama você! É impossível não amá-la. -Assegurou-me - Eu apenas sou um pouco mais quente que você, e talvez ela se sinta mais confortável em meus braços no momento, mas espere só até ela crescer! -Ele disse com um tom de falsa acusação, todo derretido pela nossa filha. Tive que rir. Edward sabia como me acalmar. -Veja só o nosso filho! É a você quem ele procura quando quer dormir, e você consegue fazer isso tão facilmente... -Ele me lembrou o que era verdade, e me senti uma boba, afinal minha filha tem pouco mais de um mês de vida. -Então deixe-me aproveitar os meus dias de fama com a minha filha, Sra. Cullen. -Ele disse divertido, com um sorriso orgulhoso e lindo nos lábios e eu o acompanhei no sorriso, deixando minhas paranóias de lado.
-Pode aproveitar seu momento, Sr. Cullen. -Eu disse e Edward sorriu abertamente ao ver que o meu medo bobo de que a minha própria filha não gostasse de mim, já não existia mais.
-Ela é tão parecida com você! E é tão linda!-E lá estava o 'sorriso Edward, na versão Pai coruja' enquanto ele olhava nossa filha adormecida em seus braços.
Sorri com a cena. Era linda.
-Ela parece com você também. - Eu argumentei incapaz de aceitar que aquela beleza tão pura e angelical pertencesse a mim. Só podia ser de Edward.
Ele revirou os olhos e me fitou com uma expressão de quem vai repetir uma coisa que já falou milhares de vezes, e realmente, ele já havia falado: - Você. É. Linda. -Disse, pontuando cada palavra para enfatizá-las. Foi a minha vez de revirar os olhos.
-Ok, eu tenho olhos bonitos, mais é só. -Não havia como negar, agora que eu havia visto os meus olhos no rosto da minha filha. Nunca imaginei que meus olhos fossem tão bonitos até vê-los em outro ângulo. Edward não pareceu satisfeito com a minha resposta.
-Sim, ela tem seus olhos. -Ele concordou, maravilhado, mas ficou sério em seguida. -Mas seus olhos não são meramente 'bonitos'- Ele disse a palavra 'bonitos' como se fosse uma ofensa. -E você é inteiramente linda. Não são só os olhos. Acho que basta olhar para a nossa filha para perceber isso. -Ele disse todo cheio de si, e todo bobo por finalmente ter encontrado um argumento forte com o qual eu não posso lutar.
Eu já ia dizer que nesse caso, a beleza era herdada pela genética do pai, quando Alice se intrometeu entre nós dois, com a pequena Ella, e deixando Edward com um sorriso vitorioso nos lábios, por que ao ter minha outra filha tão perto eu perdi a capacidade de argumentar.
Ella era como os primeiros raios de Sol ao amanhecer. Tão linda e delicada e frágil. Se comparada a minha enérgica Elle, Ella parecia ser quebrável. Era como um diamente raríssimo, linda demais. Seus olhos, os mesmos olhos verdes de Edward, eram como duas esmeraldas brilhantes, sua pele branca como a neve e os cabelos em fios claros como os de Henry quando bebê. Mesmo tendo certeza de que ela é perfeitamente saudável, não cosegui deixar de perceber sua aparência fragilizada, tanto que, por instinto eu a segurei com mais cuidado que o normal e a aconcheguei em meus braços.
Diferentemente de Elena, Ella não se incomodou de estar em meus braços. Pelo contrário, ela pareceu se sentir muito bem ali, enquanto me observava. Sem dúvidas, as duas tinham comportamentos muito diferentes. Eu não me cansava de analisá-las. As duas eram lindas de maneiras diferentes, de forma que se alguém me perguntasse quem era a mais linda, eu só conseguiria responder: "As duas". Era a verdade. As duas eram igualmente lindas.
-Ela é tão parecida com Edward! -Alice disse, toda sorrisos, praticamente babando nas minhas filhas. Alice...
Meu sorriso se ampliou ainda mais, constatando o que ela dizia.
-É mesmo, não é? -Soei como uma boba fazendo uma pergunta tão óbvia assim, e Alice assentiu, sem tirar os olhos de Ella por um só segundo. Minhas filhas já haviam conquistado a todos.
Só então percebi que não estávamos sozinhos no quarto e olhei para trás, onde Dr. Brand estava observando tudo com um pequeno sorriso no rosto. Mais do que nunca, ele me lembrava uma figura paterna.
Entreguei cuidadosamente minha filha a Alice e fui até ele, com o coração cheio de gratidão.
-Então, Dr. Brand, agora que estou de alta, será que o senhor poderia me chamar só de Bella? -Perguntei divertida e ele sorriu balançando a cabeça, como se eu fosse um caso perdido. Eu ri também.
-Bella. -Ele disse vencido e eu ri mais. Só então percebi como eu sentiria falta das nossas discussões sobre como ele deveria me chamar e como ele me chamava. -Acho que agora que você não está mais aqui como minha paciente, posso abrir mão dessas formalidades. -Ele disse, e percebi que ele já não estava mais falando como médico, mas sim como amigo ou como um pai. Não pude deixar de ficar emocionada com isso, mas sorri. -Agora que está indo para casa, peço encarecidamente que se cuide e que tome os remédios nos horários marcados. -E lá estava ele no modo Doutor novamente. Nesse momento Edward surgiu ao meu lado.
-Pode deixar, Dr. Brand. Vou cuidar dela. -Prometeu e eu tive vontade de bufar. Esses dois me tratam como se eu fosse uma criança!
-Eu sei que vai, meu caro. -Dr. Brand colocou a mão no ombro de Edward, como os pais costumam fazer. -Cuide bem da sua família, Edward. A família é o bem mais precioso que um homem pode ter. -Ele disse seriamente e Edward assentiu. Me perguntei por que ele estava dizendo aquilo, mas não perguntei nada para não ser indiscreta.
Depois disso, Dr. Brand se voltou para mim.
-Cuide bem desse rapaz, Bella. Ele a ama muito. -Ele disse para mim, e eu me senti como se estivesse me casando novamente. Não pude deixar de sorrir ao ver a expressão de Edward ao meu lado e o lindo sorriso torto que brincava em seus lábios.
-Eu cuidarei Dr. Brand. Eu também o amo muito. -Eu disse olhando diretamente para o meu marido e segurei sua mão.
Dr. Brand sorriu ao ver a cena e foi pego totalmente de surpresa quando eu o abrecei ao me despedir dele. Até eu me surpreendi. De alguma forma, ele me lembrava Charlie e abraçá-lo foi como abraçar meu pai de novo.
Dr. Brand corou da cabeça aos pés com a minha demonstração de afeto e Edward fingiu um excesso de tosse ao meu lado para disfarçar uma risada. Acho que ele nunca viu o Dr. Brand tão embaraçado assim.
Depois disso, dei outro abraço em Ana assim que ela entregou novamente Elle a Edward, e então saímos do Hospital pelos "fundos", como celebridades para não chamar atenções indevidas.
Lá fora, John nos esperava no volvo de Edward, que era o carro mais "discreto" que tínhamos e atrás do volvo havia mais três carros de cor, um preto, um branco e dois pretos de modelos mais comuns. Logo deduzi que os seguranças estaram naqueles carros mais discretos atrás de nós, para nos protegerem, mas sem chamar muita atenção. Um arrepio percorreu o meu corpo ao observar a rua escura e quase vazia a nossa frente. Onde James estaria agora? Uma onda de medo me atravessou, e por instinto segurei minha Elle com mais firmeza, de forma protetora.
-Você está com frio, amor? -Edward perguntou, ao perceber meu tremor. Neguei com a cabeça. Eu realmente não estava com frio. Quisera eu que o motivo do meu arrepio fosse o frio...
-Estou bem. -Menti, enquanto tentava acalmar a mim mesma. 'Estamos seguros, aqui.', repeti a frase como um mantra, e pareceu funcionar. Prometi a mim mesma que não deixaria James estragar esse momento, e coloquei um sorriso no rosto.
-Vamos para casa? -Eu perguntei, e Edward sorriu, beijando o topo da minha cabeça.
-Vamos para casa. -Ele confirmou, enquanto me ajudava a entrar no volvo prata reluzente, com a minha Elle em meus braços. Depois tomou o lugar do motorista, enquanto Alice foi para o banco de trás, junto com John que exigiu estar presente no carro, para a nossa segurança. Edward aceitou sem pestanejar. De canto de olho, pude ver quando John ajeitou a arma brilhante que ele trazia consigo no suporte em sua cintura, e tremi novamente ao perceber a gravidade da situação.
Tentei não pensar muito nisso, e me distrair ninando a minha filha linda que dormia feito um anjo nos meus braços. Não foi difícil me distrair, mas, no entanto, senti um grande aperto no coração temendo pelas pessoas que amo. Uma sensação ruim se instalou em meu peito e eu me mexi desconfortavelmente no banco da frente.
-Tudo bem, meu amor? -Edward perguntou ao perceber meu desconforto, e eu forcei um sorriso para ele.
'Não seja paranoica, Bella! Não deixe James estragar esse momento', eu disse para mim mesma e relaxei no meu assento.
-Estou bem. -Garanti. -Só um pouco ansiosa para chegar em casa.
Edward sorriu enigmático, como se lembrasse de alguma coisa em particular e voltou a olhar para a estrada, me deixando estremamente curiosa, mas não perguntei nada.
O resto do caminho foi tranquilo. Alice passou todo o caminho "conversando" com Ella. Na verdade não era bem uma conversa, já que só ela falava. Digamos que era um monólogo. Não pude deixar de rir com as coisas que ela falava pra minha filha.
-Tia Alice vai comprar toda coleção de moda inverno infantil, de Paris para você e sua irmã, princesa! Vocês vão ser as menininhas mais lindas e bem vestidas do mundo! -Ela comentava com a minha filha, com uma alegria infantil. Ela parecia uma criança também, e esse era um dos motivos que me fazia amá-la tanto.
Edward só bufava, ou revirava os olhos com os comentários, mas eu sabia que ele estava se divertindo. Dei uma espiada em John. Ele parecia alheio à conversa no banco de trás do carro, sempre olhando para os lados e pelo retrovisor como se estivesse procurando algo, ou alguém...
Tremi. Olhar para John me deixava tensa, pois me fazia lembrar o verdadeiro motivo para toda essa segurança. Por isso, resolvi me concentrar na minha filha e não olhar para ele. Era uma estratégia simples e eficaz. É difícil conseguir pensar em outras coisas quando você está olhando para um anjo.
[...]
Quando Edward estacionou o volvo em frente a nossa casa, toda a alegria já havia voltado ao meu coração. Vendo a linda e imensa Mansão Cullen à minha frente, fui tomada pela maravilhosa sensação de estar em casa. Naquele momento, percebi que eu poderia ir para Londres, Paris, para o Brasil ou qualquer outro lugar no mundo. Poderia me encantar com as belezas naturais de outros países, poderia me deslumbrar com o luxo de um hotel 5 estrelas, mas isso nunca chegaria nem perto da inexplicável sensação de chegar à MINHA casa. Meu lar, sempre será o meu lugar preferido em todo o mundo.
Percebi que havia muitos seguranças em pontos estratégicos dos muros da mansão. Quando Edward disse que havia reforçado a segurança, ele falava sério MESMO. Os seguranças pareciam muralhas, de tão altos e eram tão fortes que poderiam ser confundidos com levantadores de peso. Tinham olhar atento e assustador, que por um momento me deixou com medo, mas acabei rindo de mim mesma. Eles estão aqui para nos proteger! É JAMES que tem que ter medo deles, - Eu disse para mim mesma, e logo me alegrou que eles fossem assustadores. Fiquei mais tranquila.
Edward me ajudou a sair do carro, e John ajudou Alice, como dois perfeitos cavalheiros. Seguimos até a porta da frente, eu segurando Elle, Alice trazendo Ella e Edward na frente para abrir a porta.
Quando a enorme porta de madeira nobre foi aberta, porém, foi surpreendida por um monte de rostos conhecidos, e um: "Bem-vindas!!!" dito em uníssono por todos. Senti um nó se formando em minha garganta ao ver os balões e a faixa escrita "BEM-VINDAS", presa na parede. Eles haviam preparado uma recepção para mim e as minhas filhas e todos estavam aqui: Rose, Emm, Jake, Nessie, Jasper e... Oh! Lá estavam eles, Henry e Sophie brincando pela sala, até que nos viram e saíram correndo ao nosso encontro. Logo entendi o sorriso enigmático de Edward agora a pouco. Ele sabia da surpresa que eu teria ao chegar em casa e encontrar a todos. A emoção me tomou. Lágrimas pinicavam nos meus olhos.
-Tia Bella! -Sophie gritou. Estava tão linda! Os cachos louros brilhando conforme ela se movia. Não pude deixar de imaginar minha pequena Ella, com os mesmos cachos louros que Sophie.
-Oi, meu amor! -Eu disse a Sophie, e bem nesse momento fui interrompida pelo choro estridente de Elle em meus braços. Logo depois veio o choro mais contido de Ella atrás de mim. Os gritos de boas vindas haviam as despertado, mas antes que eu e Alice pudessemos consolá-las, elas já não estavam mais em nossos braços. Nessie me deu um beijo rápido no rosto e pegou Elle dos meus braços. Ela estava não feliz que não pude protestar. Era bom vê-la sorrir de novo.
Já Ella estava nos braços do Emm. Eu estremeci. Ela era tão frágil e o Emm tão forte...
-Cuidado com a minha filha, Emm! -Eu adverti, protetora e ele me fitou parecendo magoado.
-Hey! Eu sei cuidar da MINHA SOBRINHA. -Ele disse "minha sobrinha" com tanto orgulho e com tanto amor que eu não disse mais nada. Estava óbvio que ela já havia ganhado o coração dele também, e ele era forte, mas não iria machucá-la. Sorri envergonhada, me desculpando e ele piscou pra mim, num sinal de que eu estava perdoada, e então ele e Rose estavam babando na minha filha novamente.
Meu modo superprotetor estava ligado, então resolvi desligá-lo por algum tempo e aproveitar a MINHA FAMÍLIA, agora que estávamos unidos novamente. O perigo estava lá fora. Aqui dentro eu não tinha com o que me preocupar. Relaxei um pouco, enquanto voltava minha atenção para a pequena Sophie.
-Você está maiorzinha, meu bem. -Eu disse para ela, e ela sorriu orgulhosa de si mesma.
-Obrigada. Você está mais magra, tia Bella. Mamãe está gorda. -Edward teve outro excesso de tosse ao meu lado, para disfarçar outro riso e eu o olhei com a cara feia. Ele se recompôs e me fitou como se pedisse desculpas. Existe uma espécie de lei entre as mulheres, na qual umas defendem as outras, principalmente numa situação como essa.
-Sua mãe não está gorda, meu anjo. -Eu ri um pouco da sua inocência. Ela franziu a testa. -O corpo dela só está mudando para acolher o seu irmãozinho que vai nascer daqui a alguns meses, e depois ela vai voltar a ser como era. -Eu expliquei e os olhos dela brilharam. Ela parecia encantada com a notícia.
-Sério, tia Bella? -Ela me perguntou e eu assenti com um sorriso. -Eu vou ter um irmãzinho como o Henry? -Eu assenti novamente, e minha testa se franziu assim que ela mencionou o nome do meu filho. Onde ele está? Ele não estava aqui há um minuto?
Olhei em volta e acabei perdendo a euforia da Sophie, ao saber que seu irmãozinho iria nascer em breve. Também não encontrei o meu filho.
-Amor, você viu o Henry por aí? -Perguntei a Sophie. Ela ainda pulava de alegria, mas parou e olhou em volta para procurá-lo.
-Ele estava aqui agorinha! -Ela me disse e voltou a olhar em volta. Franzi a testa. Por que ele não veio me ver?
-Eu vou procurá-lo. -Eu disse a ela. -Pode voltar a brincar, meu bem e se encontrar Henry primeiro que eu, diga que quero vê-lo. -Eu disse a Sophie e ela levou a mão a testa como um soldado.
-Sim, senhora! -Tive que sorrir. Sophie é encantadota. Mas me lembrei de algo.
-Só mais uma coisa. -Eu disse e ela voltou a me fitar. Eu me inclinei e cochichei em seu ouvido como um segredo: -Não diga a sua mãe que ela está gorda, ok? Ela está muito sensível e pode ficar magoada. -Eu expliquei. Não que ela fizesse por mal, mas crianças são muito inocentes e ela poderia deixar escapar.
-Não vou dizer nada, tia Bella! -Ela prometeu, e eu pisquei pra ela, vendo-a sair pela sala toda sorridente.
Olhei pra trás, e felizmente Edward estava entretido, conversando com Jasper e John em um canto. Os demais estavam entretidos com as minhas filhas, e eu não vi o meu pequeno anjo de cabelos loiros em nenhum lugar. Comecei a me preocupar.
Procurei pela sala, na ante-sala, na sala de jantar, mas não o encontrei. Fui na direção dos quartos, já me preparando para avisar a Edward, caso ele não estivesse ali, e com o coração acelerado, doendo. E foi então que o encontrei, sentado encostado na porta do seu quarto, com uma espressão tão triste que fez meu coração de quebrar em mil pedacinhos. Eu já não sabia se chorava de alívio por encontrá-lo, ou de felicidade por poder estar com ele novamente. No entando, a preocupação venceu as lágrimas.
-Oh, meu amor! Eu estava tão preocupada! O que você está fazendo aqui sozinho? Por que você não está com os outros na sala? -Questionei, enquanto me sentava ao seu lado, com cuidado, e beijava os seus cabelos louros.
-Você não gosta mais de mim! Ninguém gosta! Lana falô a verdade. -Seu tom de acusação me pegou de surpresa. Então era isso? Grunhi, e enxerguei vermelho ao lembrar da falsa babá que ficava contando barbaridades como essa ao meu filho.
-Isso não é verdade, meu Anjo. TODOS nós amamos você demais, principalmente seu pai e eu! -Eu disse, vendo um biquinho lindo se formando em seus lábios. Eu tinha que fazê-lo entender que, só por que agora ele tem duas irmãs, isso não significa que o amaremos menos.
Já tivemos essa conversa antes de eu ir para o hospital, mas parece que esse tempo fora fez com que as incertezas voltassem ao meu homenzinho. E com certeza, toda a atenção voltada as suas irmãs, foi o estopim para tudo. Meu pobre anjo!
-Filho, olhe para mim, por favor. -Eu pedi séria e carinhosa ao mesmo tempo e ele me obedeceu. Os olhos verdes cheios de lágrimas. -Alguma vez eu já disse alguma coisa para você e não cumpri? -Perguntei, e ele pareceu pensar um pouco, depois negou. Esse era meu ponto.
-Você lembra que eu disse que, o fato de ter suas irmães com quem dividir o meu amor, não mudaria em nada o que eu sinto por você? -Perguntei, e ele balançou a cabeça, afirmando.
-E você acha que, se eu não amasse você imensamente, eu teria ficado prestes a entrar em desespero assim que não o encontrei na sala, junto com todos os outros? -Ele negou e baixou a cabeça, como se estivesse envergonhado, mas eu o puxei para os meus braços, o acolhendo ali e o fazendo me fitar. Ele parecia tão indefeso! O abracei mais forte.
-Todos nós o amamos, meu anjo, mas agora suas irmãs precisam de um pouco mais de cuidado e atenção. E os seus tios só agiram daquela forma por que eles estavam curiosos para conhecê-las. Foi assim também quando você era do tanhinho delas. -Eu disse e um pequeno sorriso apareceu em seus lábios.
-Verdade? -Perguntou curioso e eu sorri.
-Claro que é verdade! Todos aqui o amam querido. EU o amo imensamente e às suas irmãs também, de forma igual. Nada mudou com relação a você. Você sempre será o meu menino, não importa quantos irmãos você venha a ter. Eu amarei a todos da mesma forma. Jamais acredite nas palavras da Lana! Ela estava mentindo! Nós te amamos, e é essa a única verdade! -Eu disse por fim, da forma mais carinhosa possível, para enfatizar a veracidade das minhas palavras.
Assim que eu terminei, Henry me abraçou forte e eu retribuí o abraço com todo o amor do mundo.
Como era bom tê-lo em meus braços!
-Eu acledito em você, mamãe! -Ele disse por fim, mostrando suas covinhas fofas em um lindo sorriso. Eu suspirei e sorri também. -Eu amo você, mamãe. -Aquelas palavras tiveram o mesmo efeito que o impacto de um raio teria causado no meu corpo, só que de uma forma diferente. Não existia dor. Apenas a maravilhosa sensação de paz e felicidade. A imensa alegria de estar viva para ouvir aquelas palavras saindo dos lábios daquela pessoinha que eu amo mais do que a mim mesma. Era em um momento com aquele, que eu compreendia ainda mais o sentido da palavra "mãe" e da palavra "amor". As lágrimas de emoçao caíram pelo meu rosto antes que eu pudesse perceber.
-Eu te amo, minha vida. -Eu disse, o enchendo de beijos e matando a saudade que eu havia sentido nesses dias sem ele. Meu pequeno príncipe. Me deliciei com sua gargalhada gostosa assim que fiz cócegas em sua barriga, aproveitando ao máximo aquele momento mãe e filho, só nosso, até que fui completamente surpreendida pela figura parada a menos de dois metros de nós, com os braços cruzados sobre o peito, um sorriso torto e uma expressão maravilhada no rosto. Era Edward. Há quanto tempo ele estava aí?
-Uhm... Desculpem-me... Eu não queria atrapalhar... É que, eu não encontrei vocês e fiquei preocu... -Ele não pode terminar, por que antes disso, Henry se desvencilhou dos meus braços e correu, se jogando nos braços de Edward, que se abaixou por reflexo para pegá-lo.
-Papai!!! -Ele disse, com aquele sorriso que me fazia derreter toda, mostrando suas covinhas fofas e a fileira de dentes de leite, branquinhos e retos. Edward beijou seus cabelos louros, com um olhar bobo e um sorriso orgulhoso.
-Oi, garotão! Eu não estava encontrando vocês. -Ele me fitou de uma form especulativa e eu dei de ombros. Edward voltou a fitar o nosso filho. -Acho que suas irmãzinhas querem conhecê-lo! E os seus tios não param de perguntar por você! -Edward disse e Henry franziu a testa, surpreso.
-É mesmo? -Perguntou olhando para Edward e ele assentiu.
Meu filho me fitou sorrindo e eu sorri pra ele como se dissesse: "Eu Falei!".
Seu sorriso se alargou.
-Que tal se voltássemos pra sala agora? Eles devem estar preocupados. -Edward argumentou. Ele era muito melhor que eu nessa história de lidar com o nosso filho nesse aspecto.
Henry sorriu.
-Eba!!! Vamos, Vamos! Quero ver minha irmãous-zinhas! - Edward e eu sorrimos, não só pela sua felicidade, mas pela forma com a qual ele pronunciou a última palavra. -Vamos mamãe! -Me chamou, e só então percebi que eu ainda estava sentada no chão. Me dei conta de que meu vestido floral havia subido , deixando mais da metada das minhas pernas à mostra e corei ao perceber o olhar malicioso de Edward voltado para as minhas pernas.
Me levantei devagar, sem esquecer das recomendações do Dr. Brand, e ajeitei meu vestido, enquanto Edward ainda sorria, agora mais divertido do que malicioso.
Como eu ainda podia corar diante do seu olhar, se ele já me viu sem roupa diversas vezes? Para isso eu não tinha resposta.
-Vamos! Vamos! -Nosso filho nos tirou dos nossos devaneios, e ainda corada, sorri com seu entusiasmo.
-Vamos, meu amor. -Eu disse, e fomos os três juntos, Edward e eu de mãos dadas e nosso filho nos braços de Edward, para a sala onde o resto da nossa família nos esperava. A palavra "amor" resumia todos os meus pensamentos, agora.

Conhecendo a Dor (Completo até 30/05/2016)Where stories live. Discover now