Capítulo 5 (Parte 1)

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Por Bella Cullen

[...]
Na manhã seguinte, o dia marcado para o nascimentos das minhas filhas, tudo transcorreu mais normal e tranquilo do que imaginei. Por volta das 7h00, Nessie e Jacob vieram pegar Henry, e me desejar que tudo ocorresse bem no parto. Me despedir do meu filho foi difícil, mas não tão doloroso quanto eu imaginei que fosse ser. Ele se comportou como um verdadeiro rapazinho, sem choro, sem manha ou qualquer outro tipo de birra que uma criança poderia usar. Naquele momento, eu era a criança, chorando como uma boba enquanto dava mil recomendações do que Nessie deveria fazer quando ele chorasse, dizendo que ele fazia cinco refeições por dia (incluindo o lanche das dez, e o lanche da tarde) e todas as outras coisas que ela precisava saber. Enquanto isso, o pequeno Henry apenas me deu um beijo, disse que me amava "imensaumente" e que iria ver à mim e as irmãzinhas no Hospital.
Aquilo me emocionou de tal forma que quando Edward e eu entramos no carro, as lágrimas ainda caíam quentes e grossas pelos meus olhos. Eu não conseguia parar de chorar.
-Hey, Amor! –Edward falou segurando a minha mão de uma forma carinhosa e reconfortante. –Vai ficar tudo bem! –Ele assegurou com convicção, e com a voz avelulada tão doce quanto o tilintar dos sinos natalinos. Ouvindo-o falar isso com tanta convicção, era impossível pensar que algo pudesse dar errado.
-Eu sei. –Confirmei com um pequeno sorriso e entrelacei nossos dedos, deitando minha cabeça no seu ombro. Aqui com ele, eu me sentia segura. Era como se fossémos intocáveis.
Nesse momento, John tomou o lugar do motorista no banco da frente, e pouco tempo depois estávamos em movimento pelas ruas chuvosas de Seattle. Enquanto eu via as gotas d'água molhando o vidro do parabrisa, as lágrimas desciam em borbotoes pelo meu rosto. A água da chuva combinava perfeitamente com as minhas lágrimas. Mesmo me sentindo confiante e segura ao lado de Edward, não tinha como não chorar ao me lembrar do rostinho do meu filho me dizendo "Tchau, mamãe. Eu te amo".
Essa é uma coisa que só as mães podem entender...
[...]
Quando chegamos ao Hospital, cerca de meia hora depois de sairmos de casa, meu choro já havia cessado, mas por outro lado, o frio na barriga estava maior. Fomos encaminhados por uma enfermeira até um dos quartos, onde ocorreram todos os preparatórios para a cirurgia. A pior parte foi quando aplicaram o soro. Não há nada pior que ter uma agulha enfiada dentro do seu braço... Felizmente Edward estava comigo e me permitiu que eu segurasse sua mão (depois que tudo passar eu terei que pedir mil desculpas por ter praticamente esmagado a mão dele). Até que não doía tanto, mas o medo faz as coisas parecerem piores do que realmene são, então decidi que se eu não olhasse para a agulha e não pensasse que um objeto pontiagudo estava dentro do meu braço, não seria tão ruim.
Comecei a repetir para mim mesma o mantra "Isso é para o bem das suas filhas!"e, ao invés de olhar para a Terrível Agulha do Mal, eu voltei o meu olhar e toda a minha atenção para Edward. Tão lindo, mas agora com a ansiedade e precupação estampadas no seu rosto. Seu olhar estava cansado, e ele parecia ter envelhecido uns cinco anos em uma noite.Ontem, não sei se por cansaço, pelo estresse, ou pela junção dos dois, eu dormi muito bem, mas tenho certeza de que ele passou a noite toda acordado.
-Hey! Sou eu quem está com uma agulha dentro do braço, Edward. –Falei divertida tentando discontrair o clima, mas embora ele tenha dado um pequeno sorriso, seu rosto e todo o seu corpo estavam tensos.
-É exatamente por isso... Eu estou me sentindo culpado. –Ele confessou, e suas palavras me pegaram de surpresa.
-Culpado?! –Perguntei incrédula.
Edward soltou o ar pesadamente, e passou as mãos pelos cabelos desalinhados.
-Bella, entenda, eu amo as nossas filhas incondicionalmente, mas eu não posso deixar de me sentir culpado agora... Fui eu quem insistiu para que você parasse com os anticoncepcionais. Eu quero ter muitos filhos com você, meu amor, mas... Eu quase te perdi no primeiro parto... Eu fiquei tão empolgado em ter mais filhos que acabei esquecendo esse pequeno detalhe. É você quem vai sofrer as dores, é você que vai correr riscos... –Sua voz angustiada se partiu na última palavra e a minha boca se abriu em resposta. Eu mal podia acreditar que ele estava se culpando por isso... Como pode ser tão absurdo?!
-Hey! –Eu o repreendi de forma carinhosa. –Você não tem culpa de nada! –Falei séria olhando no fundo dos seus olhos verdes. –Bem, tudo que você fez foi colocar essas duas princesas que eu amo tanto dentro de mim, e eu não acho que isso seja um motivo para que você se sinta culpado, ou é? –Perguntei meio séria e meio divertida.
Ele balançou a cabeça, negando.
-Claro que não! Eu amo as minhas filhas! –Falou rapidamente, quase assustado com a minha pergunta. Eu sabia que ele as amava. A pergunta foi só para trazê-lo de volta à realidade. –É que... Talvez devêssemos ter esperado um pouco... Eu estou com tanto medo! –Ele confessou como se aquela fosse sua maior fraqueza. –Se alguma coisa acontecer... –Meu coração se apertou. Eu queria tanto abraçá-lo... Naquele momento eu já nem lembrava que teria uma cirurgia pela frente e muito menos da Agulha-Não-Tão-Do-Mal-Como-Eu-Pensava, que continuava enfiada no meu braço.
Pela primeira vez, ele estava demonstrando a preocupação que ele vinha tentando esconder durante os últimos meses.
Meu pobre Edward...
Ergui minha mãe livre e toquei o seu rosto para acalmá-lo. Eu podia sentir sua barba por fazer causando leves cócegas na palma da minha mão.
-Você está sendo absurdo, Amor! Que eu me lembre, nós decidimos juntos que não esperariamos muito para ter outros filhos! Foi uma decisão tão minha quanto sua, Sr. Cullen, e foi a segunda melhor decisão que eu tomei na minha vida. –Confessei, o fitando intensamente. Eu quase podia ver sua alma através da imensidão verde dos seus olhos.
-Segunda melhor decisão, Sra. Culllen? Qual foi a primeira? –Perguntou curioso, franzindo a testa e com a sombra de um sorriso em seus lábios.
Graças aos céus, minha tentativa de acalma-lo parecia estar funcionando, observei.
-A melhor decisão que eu tomei em toda a minha vida foi a de ir até a Masen fazer uma entrevista de trabalho. –Respondi sem dúvida nenhuma. Ele pareceu surpreso com a minha resposta–Foi lá que eu te conheci. Se eu não tivesse ido buscar trabalho na sua empresa, talvez jamais tivessemos nos conhecido. Isso significa que eu não teria nada do que eu tenho agora. Eu poderia estar casada com qualquer outro homem, mas eu jamais me sentiria completa ao lado de outro, e jamais saberia o que é o amor verdadeiro. Talvez eu tivesse filhos, e eu os amaria, claro, mas jamais seria igual... Sempre faltaria algo. Você. –Expliquei corando um pouco, e Edward ficou estático por algum tempo, como se estivesse analisando cada palavra.  Por fim, me presenteou com o meu sorriso torto preferido.
Ele pegou a minha mão que estava acariciando seu rosto e levou-a até o seu peito, fazendo-me sentir o seu coração pulsando forte naquele local.
-Você pode sentir isso? –Perguntou me fitando e eu assenti. Eu sabia que não era só das batidas do coração que ele estava falando. Havia algo mais intenso naquele pulsar. Algo que fazia minhas mãos formigarem. –Ele só bate assim por você. Meu coração nunca bateu assim por nenhuma outra pessoa, amor. Por favor, me prometa que você vai ficar bem... –Ele implorou, e novamente a sua voz falhou na última palavra. A preocupação havia voltado ao seu rosto.
-Eu prometo, mas você vai ter que me prometer algo em troca... –Sussurrei, mordendo o lábio. Essa era uma coisa que eu devia ter feito antes, e precisava fazer agora.
-Eu prometo qualquer coisa! –Ele falou imediatamente me fitando com ansiedade. Eu sabia que podia usar as suas palavras em meu favor. –Só me diga o que, ou me peça, e eu cumprirei. –Voltou a dizer.
Aquilo de alguma forma me encorajou, embora eu não tenha certeza se ele vai continuar pensando dessa forma depois de saber o que eu quero que ele me prometa...

Conhecendo a Dor (Completo até 30/05/2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora