Sentimentos Adormecidos

6

Flávia

A casa deles é linda. Estou fascinada. A fachada da casa é cor de creme, tem um jardim bem aparado na frente e ao seu redor há várias flores e árvores. É a coisa mais linda de se ver, além de que agora prestando mais atenção, essa casa é enorme só para duas pessoas.

Saio do carro e sigo a Jade até a sua casa.

— Vem, pode entrar — Jade abre a porta para mim e eu entro.

— Nossa! — Digo espantada pelo o que vejo, pois percebo que a casa deles era maravilhosa tanto por fora como por dentro.

— É eu sei, você deve estar se perguntando: nossa, essa casa é muito grande para só duas pessoas — ela definitivamente havia roubado as palavras da minha boca, pois era exatamente isso que eu estava pensando nesse minuto.

— É isso mesmo que eu estou me perguntando agora — digo a ela ao mesmo tempo em que não paro de olhar a casa, passando meus olhos por cada cômodo que eu conseguia enxergar.

— A resposta é simples. Nós sempre moramos nessa casa, só que de uns tempos pra cá, nossos pais estavam esperando uma resposta de uma proposta de trabalho que eles disseram ser muito importante para eles. Eles teriam que viajar direto para vários lugares e como não queriam prejudicar os nossos estudos, a gente ficou aqui e eles foram embora. — Ao ouvir essas palavras, deixo de olhar a casa e olho para ela, não acreditando que os seus pais foram realmente capazes de fazer tal coisa. — Às vezes eles ligam avisando que vêem ficar um tempo com a gente, mas isso não passa de dias — ela vira o seu rosto para o lado, já percebi que esse é um assunto delicado.

— E já faz quanto tempo que vocês moram sozinhos? — Essa seria a minha última pergunta sobre esse assunto. Eu precisava saber daquilo, precisava saber há quanto tempo morava só eles dois juntos.

— Faz dois anos — se vira para mim com um olhar triste, e eu consigo ver em seus olhos toda a mágoa que ela sente deles. Ela só tinha dezesseis anos quando eles começaram a fazer esse tipo de trabalho. Pelo menos ela não é filha única e tem o seu irmão sempre por perto, mesmo ele sendo um idiota, ela tinha com quem se apoiar.

— Nossa, isso tudo! — Meu queixo cai e a indignação me consome.

Como que alguns pais deixam de aproveitar o tempo que tem com os seus filhos, só por causa de um emprego? Ainda bem que eu tenho os meus pais por perto.

— Sim. Quer conhecer a casa? — Muda de assunto. — Eu posso copiar as coisas depois.

— Claro, quero sim. — Então começamos a andar por cada metro quadrado que aquela casa tinha.

Estávamos na sala de estar, da qual continha dois sofás brancos enormes, uma mesa de vidro com alguns vasos de flores em cima da mesma e uma grande televisão a sua frente. Visto isso fomos para a sala de jantar que por sinal é linda, a mesa era de cor branca com as cadeiras de cor preta, mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de a ver um lustre de cristal, pendurado no teto, bem em cima dessa mesa.

Depois seguimos para a cozinha. Ela era diferente dos outros cômodos que eu tinha visto, pois ela era toda de cor preta e só havia alguns detalhes brancos. Armários e uma bancada faziam parte da mesma, tinha pouca coisa, mas ainda assim era bela.

Continuamos andando e paramos em uma sala, que eu supostamente deduzi como sala de jogos, pois era só o que eu conseguia ver — isso é bem a cara do Miguel. — Tinha uma geladeira cinza, um balcão marrom, uma mesa com algumas cadeiras ao seu redor, uma sinuca, uma televisão e alguns dvd's de jogos em cima do rack. Depois passamos pela área de serviço, da qual era toda branca e tinha duas lavadoras e alguns armários.