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Flávia

Como um bom e normal dia de sábado, eu agora estava me arrumando para ir ao parque, passar um tempo a mais com os meus amigos, como quase sempre fazíamos nos fins de semana, para não ficar só de nos encontrar no campus. É sempre bom quando nos encontramos fora dele.

Eu usava um vestido branco rendado e ajeitava a coroa de flores que estava de alguma maneira presa na minha cabeça, quando escuto uma buzina em frente à minha casa. Olho pela janela e vejo que é a Jade, mais o seu irmão. Rapidamente saio do meu quarto. Desço as escadas e aviso aos meus pais que vou ao parque com os meus amigos. Me despeço deles e saio de casa.

Assim que entro dentro do carro e me sento no banco, noto que ao meu lado, no banco que não está ocupado, já que éramos só nos três aqui, há um violão, que por sinal é muito bonito. Será que o Miguel vai tocar lá no parque? Eu gostaria de ouvir a sua voz de novo. Perdida em pensamentos, nem percebo que o Miguel olhava de mim para o seu violão. Até que os meus ouvidos são preenchidos pela sua voz doce e irresistível. Quebrando o encanto que eu estava tendo agora a pouco com essa beleza de violão.

Gosto de violão. Eu não sei tocar, mas o meu irmão sabe muito bem, além de ter uma voz extremamente deslumbrante. Sempre quando eu estava triste ou chateada com alguma coisa, ele sempre entrava no meu quarto, sem permissão, sentava ao meu lado na cama, e começava a dedilhar algumas notas até que em seguida a sua voz preenchia todo o meu quarto.

Ah, como eu sinto saudade disso também.

Já que eu tenho uma guitarra, seria bom ter um violão também me distraio a ouvir a sua voz, mas nesse momento, eu não estava dando tanta importância para o que ele falava. Esse violão me trouxe muitas lembranças. Lembranças essas, que eu adorei recordar novamente.

É lindo... passo minha mão nele, o admirando, mas ao mesmo tempo de forma bem leve, como se a qualquer minuto ele fosse quebrar e as minhas lembranças se dissipassem por conta disso.

Você está linda, Flávia Jade finalmente se pronuncia, fazendo assim eu me despertar e encará-la. Mas minha mão ainda continuava lá, mantendo contato.

Você também está bem linda, Jade ela usava uma saia azul, um cropped preto e um casaco cor de creme, por cima.

E eu, não estou bonito? Miguel pergunta a sua irmã, também querendo um tipo de atenção.

Claro que você está, maninho Jade sorrir ao pegar no ombro dele. Ele usava uma calça preta e uma blusa branca social, um pouco aberta.

E os meninos, não vão vim? Pergunto para ninguém em particular.

A gente vai se encontrar com eles lá. Antes de chegarmos na sua casa, o Raul me mandou uma mensagem dizendo que já tinha chegado, mais o Cauã, no parque Jade me explica enquanto olha o caminho pela janela.

Ok respondo. E com isso nós ficamos conversando até chegarmos ao parque.

Assim que chegamos o Miguel estacionou seu carro. Pegou seu violão. Depois nós saímos e entramos no parque para encontrar os meninos.

Fomos andando a Jade um pouco mais na frente até que vejo ela correr, abraçar o Raul e depois lhe beijar, demoradamente. Ao olhar para eles dois, noto que há uma pessoa faltando. Onde será que ele estar que eu não o vejo? E assim que a Jade e o Raul param de se beijar e ela afrouxa o aperto no pescoço dele, eu consigo ver atrás deles dois, bem afastado, o Cauã. Assim que ele me ver, um sorriso de lado logo aparece em seu rosto. Também lhe dou um sorriso, mas o meu era bem mais largo em comparação ao dele.

Ao desviar o seu olhar do meu, me viro para o Miguel, para lhe fazer uma pergunta:

Vamos falar para os nossos amigos, sobre a gente? Ele mais que depressa me puxa para os seus braços, na medida em que chegávamos mais perto dos nossos amigos, colocando o seu braço esquerdo em cima do meu ombro.

Bom, eu acho que uma hora ou outra eles vão acabar percebendo  ele não olhava para mim e sim para frente, para um outro lugar onde eu não estava. Então sigo o seu olhar e percebo que ele olhava para o mesmo lugar ou quer dizer, pessoa, que eu estava olhando a minutos atrás: Cauã.

Mas o Miguel não olhava para ele de forma amigável; sua cara estava fechada, seu corpo rígido, sua mandíbula trincada, isso tudo mudou instantaneamente em seu corpo só por olhar na direção do Cauã. O Miguel de alguma maneira está com raiva do seu amigo.

Mas por quê? Por que que eles estão assim, estranhando um ao outro, será que eles brigaram? Talvez qualquer dia desses eu pergunte sobre isso ao Miguel, pois tanto ele como o Cauã são meus amigos e eu quero saber o que houve com eles.

Oi, Flávia Raul fala comigo assim que chego perto dele. Eu nem havia prestado atenção que caminhava para perto dele e da Jade, já que os meus pensamentos estavam voltados para o assunto: Miguel/Cauã, mas pelo visto eu estava andando no automático. Ao prestar mais atenção ao Raul, noto que ele usava uma bermuda preta e uma camisa jeans.

Oi, Raul dou um sorriso.

Miguel Raul dar um abraço rápido no seu amigo.

E aí, Raul Miguel dar um aceno com a cabeça.

Aproveito que eles estão conversando e vou para onde o Cauã estava, sozinho. Ao meu ver ele está muito na dele, muito solitário. Tem alguma coisa aí. Eu nunca vi o Cauã assim. Afastado dos seus amigos. Assim que chego perto dele, vejo que ele usava uma calça azul e uma camiseta comprida branca.

Rapidamente me jogo em seus braços.

Cauã... digo no seu ouvido assim que sinto os seus braços me abraçarem. Mas esse abraço estava diferente de tantos outros que tivemos, eu não sei dizer o porquê, só sei dizer que é como se ele estivesse distante de mim, me abraçava mais não era como se fosse ele ali, comigo.

Flávia... diz meu nome ainda abraçado a mim, só que de repente ele começa a me abraçar mais forte, e eu deixo ele fazer isso. Alguma coisa estava acontecendo com ele e eu quero saber o que é.

Ei, o que você está fazendo aqui sozinho e tão afastado da gente? Pergunto assim que nos separamos. Ele fica pensativo e na hora em que ia enfim responder a minha pergunta, lhe interrompo. Vamos agora se juntar ao pessoal.

Você quem manda dar um meio sorriso e eu lhe puxo pelo braço.

Quando chegamos perto dos garotos e da Jade, eles já haviam forrado a grama com um pano e estavam botando os alimentos que iríamos consumir em cima do mesmo.

Oi, Miguel Cauã diz ao se sentar em cima do pano.

Cauã... diz ao dar uma mordida em seu sanduíche.

Olho para eles dois, que se fuzilavam pelos olhos, um ao outro.

Percebo que o clima ficou tenso de repente, então resolvo perguntar a primeira coisa que aparece a minha mente.

Sentimentos AdormecidosWhere stories live. Discover now