Prólogo

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Flávia

Acordo com o meu celular apitando e vejo que é o Bernardo me ligando, meu namorado, nós namorávamos a um ano. Me levanto um pouco da cama para poder pegar o celular que se encontra em cima da escrivaninha, esta que fica ao lado da minha cama. Assim que pego o mesmo, tento de alguma forma atender a ligação, já que estou com tanto sono que os meus olhos quase não estão abertos. Sou despertada assim que escuto sua voz doce e meiga, preencher os meus ouvidos.

Amor, vamos sair hoje à tarde? Pergunta. Que tal irmos para a sorveteria? Estou morrendo de saudades de você... ele deixa a frase solta no ar. Me sinto tão bem com ele, adoro ouvir essas palavras saindo de sua boca. Nunca me imaginei namorando o meu melhor amigo, achava que isso nunca daria certo, mas eu arrisquei a nossa amizade a partir do momento em que eu disse sim a ele e eu não me arrependo nenhum pouco por isso.

Mas você me viu ainda hoje dou uma gargalhada. Ainda estou muito cansada de ontem.

Meu irmão estava passando as férias da faculdade aqui em casa, como ele sempre fazia. Optamos por passar essas férias em João Pessoa e não em Recife. Então como ontem era o último dia dele aqui conosco saímos eu, ele, Heloísa, Eloá e o Bernardo. Fomos para uma balada e só voltamos hoje de madrugada. Não se passaram nem seis horas direito e ele já quer me ver, não vou mentir, também gostaria de vê-lo, mas não vai dar certo nos encontrarmos hoje.

Mas se não der certo tudo bem, até por que você vai deixar seu irmão na rodoviária, né? Ele pergunta, já sabendo que esse era o motivo de eu não me encontrar com ele mais tarde, mesmo que eu quisesse... e muito.

Sim, eu vou de tarde, acompanha-lo. Eu não queria que esse dia tivesse chegado, queria mais tempo com o meu irmão. Mas qualquer coisa, se der certo, eu te aviso. Digo tentando afastar a tristeza, que já estava começando a se formar dentro de mim.

Ok. Ele diz e eu logo desligo o celular e volto a dormir mais um pouco.

Ou tentar esquecer, por pelo menos algumas horas, que o meu irmão vai embora e só nós veremos de novo, daqui a alguns meses.

.......

Acordo com o meu irmão fazendo o maior barulho no meu quarto e eu sorrio com isso. Ele podia fazer o que quisesse, contando que ele estivesse ao meu lado, tudo estaria ótimo.

Eu já acordei, já acordei digo enquanto me levanto da cama, eu mal tinha pregado o olho para dizer a verdade.

É bom mesmo. Mas agora vamos, se arruma bem rápido. Ele tira o lençol de cima de mim. Vou estar lá em baixo, almoçando. Deixa o meu quarto.

Faço o que ele me pediu, indo ao banheiro tomar um banho. Visto um vestido frouxo branco, que amarrava na cintura e desço as escadas indo de encontro a cozinha. Comemos bem rápido e assim que terminamos saímos de casa. O táxi já nos esperava e ao entrar nele fomos a caminho da rodoviária. Fomos em direção ao embarque/desembarque e ficamos esperando o ônibus vim. Quando o ônibus veio, minutos depois, me viro para dar um abraço no meu irmão.

Ei, eu volto logo, maninha. Ben dar um beijo na minha testa e depois entra no ônibus. É sempre assim as nossas despedidas, nunca quero deixar ele ir, sou muito apegada ao meu irmão. Vou sentir falta dos seus cabelos quase pretos que eu adoro bagunçar e dos seus olhos que sempre me entendem mesmo que eu não chegue a falar nada. Uma lágrima cai do meu rosto e eu a limpo antes que ele veja pela a janela. Eu já deveria estar acostumada, mas cada vez dói mais.

Já partia em direção a saída, quando me lembro que o Bernardo havia me convidado de encontrar com ele na sorveteria, perto de sua casa. Pego logo o meu celular para ligar para ele, até que decido que é melhor fazer uma surpresa. Ele sempre fazia surpresas para mim, mesmo que eu dissesse que não gostava muito, entrava por um ouvido e saia pelo o outro. Então agora seria a minha vez de retribuir.

Vou para a sorveteria, que eu conheço de cor, já que os nossos encontros sempre aconteciam aqui e de certa forma esse lugar é muito especial para mim, pois foi aqui onde ele me pediu em namoro. Era sábado à noite e nos viemos para cá, como sempre fazíamos no final de semana, e assim que os nossos pedidos chegaram, ele se levantou do banco, ficou de frente para mim e se abaixou, algumas pessoas nos olhavam, mas eu não me importava com elas, eu só olhava para o meu lindo garoto a minha frente. Ele logo tirou um anel do bolso da sua bermuda e fez o pedido, eu estava emocionada por demais para dizer uma só palavra. Me abaixei para ficar do mesmo tamanho que ele e o beijei, apaixonadamente, só depois foi que eu disse o tão esperado "sim".

Assim que eu entro na mesma, não acredito no que vejo. O Bernardo estava aos beijos com outra garota, ele segurava o rosto dela com uma mão enquanto a outra repousava na sua cintura. Ele acabou de destruir o lugar que eu mais adorava. Ele destruiu tudo entre nós. T.U.D.O.

E logo uma pergunta surge a minha mente: há quanto tempo será que ele me trai? Não sou muito fã de brigas, mas ele passou dos limites fazendo esse tipo de coisa comigo. Eu achei que eu fosse mais para ele, mas pelo visto eu estava enganada, ou simplesmente me deixei enganar pelas as suas palavras de amor dirigidas a mim. Chego o máximo possível perto deles e espero eles pararem de se beijar, o que já estava me deixando bastante enojada, e assim que eles param, eu falo:

Então como eu não vim para o nosso encontro você logo arrumou outra para pôr no meu lugar, bom saber. Acabou Bernardo! Tento ser o mais breve o possível e logo me viro para sair da sorveteria. Não quero ficar aqui dentro mais nem um minuto sequer e nunca mais quero olhar na cara dele.

Fico pensando em várias coisas, quando uma pessoa pega no meu braço, fazendo-me virar e encarar seus olhos. Era ele. Meu ex-garoto loiro que tinha as maravilhosas esferas azuis que eu já havia visto em toda a minha vida, mais que a partir de hoje além de ex-namorado ele seria também meu ex-amigo. Não quero ter mais nenhum tipo de relação com ele.

Meu amor, me desculpa, acabou acontecendo. Bernardo fala rápido demais. Mas não termina comigo, eu te amo ele já estava à beira de chorar.

Eu te amo... Ouvi tantas vezes ele falar isso para mim, mas agora, ao ouvir isso saindo da sua boca, essas palavras nunca me pareceram tão vagas.

Tarde demais, pensasse melhor antes de beijar outra garota. Terminamos Bernardo, agora sai da minha frente que eu quero ir para a minha casa ele faz uma cara de espanto, bem por não imaginar que eu fosse falar desse jeito com ele, e se afasta logo em seguida, um pouco para o lado. Passo por ele extremamente com raiva e chateada, mas além de tudo decepcionada, meu melhor amigo havia brincado comigo da pior maneira possível.

Chego a escuta-lo, ao longe, ele falando algumas coisas para a tal garota, como: A gente não deveria ter se beijado. Eu amo aquela garota...

E eu só comigo pensando: se me amasse realmente de verdade não teria me traído. 

Sentimentos AdormecidosWhere stories live. Discover now