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Flávia

Já podemos ir, gente? Miguel pergunta, perto do seu carro, já com a porta aberta para que todos entrassem, a partir do momento que déssemos a nossa afirmação, já que nos encontrávamos agora do lado de fora da casa, faltando poucos minutos para partimos daqui.

E eu só espero que eu não volte mais para esse lugar, pois diferente do que trouxe aos meus amigos, para mim, não me traz boas memórias.

Sim escuto todos ao meu redor dizerem, mas nem com isso eu desperto de meus pensamentos, pensamentos esses que me consomem a cada instante, me levando até o fundo da minha mente e que dessa vez eu não consigo escapar; ficar remoendo o que eu ouvi a poucos minutos está sendo a minha atividade de casa que eu nunca consigo termina-la.

Tchau, meninas Cecília me puxa para um abraço, e involuntariamente meus braços param em suas costas, como se para mim esse toque fosse um ombro amigo, mas eu sei muito bem que não é assim, que no caso ela está só se despedindo de nós, para voltar a sua rotina. Quando ela se afasta de mim, me dando um sorriso de leve, do qual também tento dar um meio sorriso, ela vai de encontro a Jade, e abraça a mesma. Quando se afasta, prossegue: Foi ótimo passar esse final de semana com vocês. Espero repetir em breve.

Eu também espero, esse final de semana foi ótimo Jade sorrir, alternando o seu olhar entre mim e a Cecília, esperando que eu também confirme com o que ela acabou de dizer, só que eu não consigo falar nada. Não consigo pensar em nada. É como se tivesse um nó na minha garganta, da qual me impede de fazer tal coisa.

Como ele pôde me usar dessa maneira?

Meus olhos são direcionados a ele, que conversava alegremente com o meu irmão e o Cauã, principalmente com ele. Será que voltaram a serem amigos de novo?

Tchau, para vocês escuto a Cecília dizer para todos, e rapidamente deixo de olha-los para encara-la, da qual já subia em cima da moto para ir embora, com o Otávio. Como eles tinham algumas coisas para resolverem, eles acabaram indo na frente.

Vamos, gente Cauã entra dentro do carro. Esse final de semana foi bom, mas agora eu quero ir para casa.

Pois se fosse por mim, eu ficaria aqui para sempre. Aqui é o máximo Raul também entra no carro, com uma certa empolgação em suas palavras mesmo que o seu ânimo esteja triste, por já ter que voltar para casa. Já eu, ao contrário dele, estou rezando aos céus para que a gente volte logo e que eu não precise dar um pio nessa viagem. Mas prestando atenção em suas palavras, além da sua empolgação por conta disso, é de sentir inveja. Queria eu ter lembranças boas, daqui.

Vamos, Flávia? Miguel para ao meu lado e eu me assusto com a sua voz, bem perto da minha orelha. Seu contato em minha pele, mais a sua voz, me arrepia, mas não de maneira boa. Você está bem? Seus olhos encontram os meus, e ao que parece ele está preocupado. Bem preocupado. Comigo.

Estou sim, por que a pergunta? Faço uma pergunta retórica ao mesmo tempo em que arqueio uma sobrancelha, lhe dando um sorriso debochado. Ele deve sentir que eu mudei por alguma coisa, mas antes que ele me faça mais alguma pergunta, entro no carro.

Segundos depois, de tanto ficar em pé, parado, onde estávamos, como se estivesse refletindo sobre o que acabou de acontecer, ele dar a volta no carro e entra como se nada tivesse acontecido. Pisa no acelerador e o carro começa a sair do lugar.

Minutos se passam sem que falemos algo; o cansaço deve ter entrado nos corpos de todos que estão aqui. Mas eu, a única coisa que eu faço, é encarar o Miguel pelo retrovisor, com uma única pergunta a minha mente: como você pode ser tão cínico?

Sentimentos AdormecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora