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Flávia

Gente nós nos esquecemos de chamar o Otávio e a Cecília, né? Eles deveriam estar aqui, não? Pergunto para ninguém em particular, eu só queria mesmo era afastar esse clima tenso que se instalou aqui.

Não se preocupe, eles dois são muito ocupados, que bom que eles ainda vão para a nossa casa todos os domingos, mesmo que por pouco tempo Jade me explicava o que eu já sabia. Eu sabia que a Cecília e o Otávio estudavam e trabalhavam para conseguir um futuro melhor e em breve poderem se casar, ela mesma havia me contado sobre isso. Volto a prestar atenção ao que a Jade fala: Mas falando nisso vocês vão amanhã lá para casa, né? Olha para todos nós, ali presentes.

Claro que vamos respondemos eu, o Cauã e o Raul na mesma hora. O clima agora havia melhorado. Estávamos sem stress, curtindo a um leve e agradável sábado.

Então com isso ficamos conversando e comendo várias besteiras, até que o Miguel pega o seu violão, que estava bem ao seu lado, e começa a cantar.

Quis evitar teus olhos, mas não pude reagir ele cantava enquanto olhava para mim, já que estávamos sentados lado a lado.

Fico à vontade então continuo a música ainda assim olhando para ele.

Acho que é bobagem, a mania de fingir... Negando a intenção Cauã continua ao mesmo tempo em que vira o seu rosto para o lado.

Quando um certo alguém... Cruzou o teu caminho... E te mudou a direção Raul continua ao olhar para a Jade.

Chego a ficar sem jeito, mas não deixo de seguir... A tua aparição Ela por sua vez continua, e sorrir para ele.

Quando um certo alguém... Desperta o sentimento... É melhor não resistir... E se entregar... Me dê a mão... novamente o Miguel continua e agora ele pega em minha mão, como diz na música. Vem ser a minha estrela... a leva aos lábios, para beijar a ponta dos meus dedos.

Ele estava tão lindo cantando. Eu não tirava os olhos de cima dele um minuto sequer. Não tem como não gostar desse garoto, desse seu jeito, dessa sua beleza, e principalmente desse seu sorriso no canto da boca. Esse que sempre quando ele me mostra eu me derreto toda.

Quando um certo alguém... Desperta o sentimento... É melhor não resistir... E se entregar... cantamos todo mundo juntos, finalizando a música.

Assim que o Miguel dar o último acorde, ele se aproxima para mais perto de mim e sussurra ao meu ouvido.

Gostou da música, meu sol? Pergunta e eu logo me viro para ele.

A única coisa gravada na minha mente, não foi a música que nós cantamos e muito menos a pergunta que ele me fez agora. Claro que eu gostei da música, claro que eu gostei do modo de como nós cantamos, estávamos completamente felizes. Mas sim o que ficou gravado realmente na minha memória foram as suas últimas palavras. Apenas duas palavras: meu sol. Eu nunca imaginei que ele fosse me chamar assim um dia, quer dizer, eu nunca imaginei que ele fosse me dar um apelido algum dia. Então quer dizer que eu sou o seu sol ?

Por essa eu não esperava.

Meu sol? Pergunto meio contrariada enquanto olho nos seus olhos, que tinham um certo brilho dirigidos a mim. Com certeza os meus também estão assim, porque mesmo que eu tenha feito essa pergunta, por dentro eu estou gritando, gritando de felicidade.

É um apelido que eu inventei agora para você, por que não gostou? O brilho dos seus olhos imediatamente desapareceram.

Na verdade eu gostei sim dou um sorriso gigantesco para que ele perceba o tamanho da minha felicidade só por conta desse apelido, que de forma inesperada, ele acabou de me dar. Mas se você me deu um apelido eu posso te dar um também, certo? Arqueio uma sobrancelha.

Vamos. Diga que sim!

Nada mais que justo dar uma risada e eu rapidamente coloco minha mão no queixo para dizer que estou pensando. Mas eu já sei muito bem qual apelido lhe dar.

Pensou já? Pergunta.

Já sim. Não é muito inusitado como o sol, mas é pelo menos o básico... minha lua — digo as duas últimas palavras pausadamente, para dar um certo efeito.

Minha lua... arqueia a sobrancelha e ao virar o rosto para o lado começa a rir. É muito bonito esse apelido e realmente você estava certa, ele não é nada inusitado como meu sol começamos a rir, porque ele estava certo. Nenhum outro apelido irá se igualar a esse, pois ele é único assim como esse momento, e eu vou deixar eles guardadinhos dentro da minha mente e do meu coração. Para sempre.

De repente ouvimos um barulho, que fez com que o clima fosse quebrado. Quando viramos nosso rosto para olhar o que era esse certo barulho, era a Jade, que tinha acabado de tirar uma foto nossa.

Primeira foto do casal ela comemora e mostra a foto para nós. Vocês ficaram lindos.

Pego o celular de sua mão e olho nossa foto. É, realmente ficamos bonitos, mas o ambiente também ajudou bastante.

Mostro a foto para o Miguel e logo seus olhos brilham novamente. Entrego o celular a ela e ficamos conversando por mais tempo, até que o Cauã fala que tem que ir embora e como ia ficar estranho com um amigo do nosso grupo a menos, eu também digo que quero ir para a casa. E assim todo mundo se levanta e começa a se despedir.

Raul, se você quiser ir dormir lá em casa, você pode, viu?  Miguel comunica a ele e como eu estou ao seu lado, acabo escutando.

E o Cauã não pode ir dormir na sua casa, não? Por que só o Raul? Lhe faço essa pergunta por impulso, me intrometendo na conversa dos dois.

Sem problemas, Flávia Cauã mexe no meu cabelo, como uma forma de despedida, já que ele começava a se afastar. De mim.

Ei o chamo e o mesmo se vira na minha direção. Cadê o meu abraço? Arqueio uma das sobrancelhas.

Eu acho que o Miguel não vai gostar disso... o seu rosto tinha uma certa tristeza, que eu havia percebido desde que eu cheguei aqui, a começar pela forma do seu abraço.

O que era que tanto o atormentava?

Sentimentos AdormecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora