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Flávia

Caminho para mais perto dele, de forma lenta, temendo dar um passo em falso e ele se afastar de mim. Mas ele não saiu do seu lugar. Ficou lá, imóvel. Não deu nem um passo para trás, mas também não deu nem um passo para frente. Pode só ser coisa da minha cabeça, mas por que eu estou com uma leve impressão de que ele quer se afastar de mim?

Ei, relaxa, eu e o Miguel não estamos namorando lhe abraço e repouso, delicadamente, minha cabeça no espaço entre o seu pescoço e ombro, ficando assim por um bom tempo. Eu conseguia sentir o coração dele, que por sinal estava bem acelerado. E quando eu ia colocar a minha mão em cima de seu peito para poder sentir melhor os batimentos, ele se afasta de mim.

Te desejo boa sorte com o Miguel meu amigo estava praticamente em ponto de chorar. Mais que porra está acontecendo aqui? Por que o meu Cauã, o meu amigo, está desse jeito? Eu não lhe reconheço mais...

Ele me dar um meio sorriso. Desvia os seus olhos dos meus, olhando para a frente. Olhando para o Raul.

Você não vem, Raul? Pergunta.

Já estou indo responde ao olhar para ele, mas depois se vira para falar com o Miguel. Eu só vou deixar o Cauã na casa dele e depois vou para a sua, viu?Consigo ouvir eles dois falando.

Tá certo Miguel responde e o Cauã me larga para ir na direção do Raul, já que ele o vai levar para casa.

Então deixo isso um pouco de lado, talvez eu só esteja enxergando coisas que não existem. Logo me junto com a Jade e o Miguel, saindo juntos do parque e cada um vai para as suas respectivas casas, menos o Raul.

O Miguel e a Jade me deixam em casa e eu confirmo novamente com eles que vou amanhã passar o dia todo na casa deles. Assim que abro a porta do carro e saio do mesmo, me lembro que a Jade ainda não me passou a foto. A minha foto com o Miguel. Me abaixo para ficar do seu tamanho, já que ela está sentada e eu em pé, para falar com ela pela janela do carro.

Jade, eu ainda quero minha foto digo para ela, mas imediatamente desvio o meu olhar do dela para olhar na direção do Miguel, do qual sorria para mim.

Quando eu chegar em casa, te mando diz e eu volto a minha atenção para ela. Até amanhã dar um tchauzinho com a mão.

Tchau, meu sol. Até amanhã Miguel dar uma piscadela para mim.

Até... e com isso entro em casa.

Vou em direção a cozinha e encontro minha mãe lá, mexendo em uma panela.

Oi, mãe. Cheguei fico encostada na porta.

Oi, meu amor se vira para mim. Como foi o passeio? Quer Jantar? Pergunta ao abrir a tampa da panela e de dentro dela eu consigo sentir um cheiro maravilhoso de sopa. Meu apetite logo se abre.

Quero sim caminho para onde estão os pratos e pego dois deles. Eu coloco o tanto que vou comer e em seguida a mamãe faz o mesmo. Decido continuar a falar sobre hoje, assim que nos sentamos a mesa. Foi bem legal e amanhã eu vou passar o dia todo na casa da Jade. Tudo bem pra você? Pergunto. Ela poderia reclamar sobre isso, já que eu tenho o hábito de marcar de sair e só lhe avisar em cima da hora. Naquele dia ainda bem que ela deixou eu ir, porém dessa vez eu quero fazer diferente, lhe avisando antes de tudo.

Tudo bem, querida, e obrigado por ter me avisado antes da hora nós duas rimos. Eu só gostaria de saber onde estão os pais desses meninos? Eu nunca sequer vi eles.

A Jade me contou que eles sempre ficam viajando, de vez em quando é que eles veem, mas passam pouco tempo com os filhos respondo sua pergunta e ao terminar de jantar, saio da cozinha e vou para o meu quarto.

O dia hoje foi cheio: cheio de paz, de alegria e de tristeza. Preciso ligar para o Cauã. Mais preciso primeiramente tomar um bom banho.

Assim que saio do banheiro, com uma toalha enrolada no meu corpo, tiro de dentro do guarda-roupa um vestido frouxo cinza e o visto. Já deitada e com o celular em mãos procuro o nome do Cauã na minha lista telefônica, assim que o acho e já estava até pronta para ligar, me assusto quando o aparelho apita. Era uma mensagem. Quando a abro, um sorriso de orelha a orelha aparece em meu rosto e eu logo examino a foto. Cada detalhe. Cada sorriso. Cada olhar. Essa nossa foto, a nossa primeira foto como a Jade disse, havia ficado perfeita. E com isso deito minha cabeça no travesseiro. Seguro o celular bem perto do meu peito e adormeço, esquecendo os meus pensamentos anteriores na mesma hora.

Acordo com o despertador tocando ao meu lado. Sigo para o banheiro. Tomo um banho. Visto um short jeans cintura alta, uma blusa cinza de alcinha e um casaco por cima, branco. Desço as escadas e vou para a cozinha preparar meu lance antes de ir para a casa do Miguel.

Ao levar o bolo para minha boca, penso por qual motivo o Miguel só convidou o Raul para ir dormir na sua casa e não convidou o Cauã também. Certo que a casa é dele e ele faz o que quiser, mas que eu saiba eles dois ainda são amigos, não?

Eu não vou deixar essa minha pergunta de lado, como eu fiz ontem à noite ao dormir sem ligar para o Cauã, eu ainda quero uma resposta. Para só assim entender o que está acontecendo entre eles. Não é só coisa da minha cabeça, há alguma coisa aí, e eu ainda vou saber o que é!

Vai sair, filha? Meu pai pergunta assim que entra na cozinha, fazendo-me sair do meu devaneio.

Sim, vou passar o dia na casa da Jade e aliás, eu tenho que ir me despeço dele, com um aceno.

Tenha cuidado recomenda.

Pego um ônibus para ir a casa deles e quando chego lá, toco a campainha e espero. Escuto passos vindo na minha direção. Alguém abre a porta e para a minha surpresa era uma pessoa que já estava fazendo falta.

Flávia Cecília me abraça.

Cecília, quanto tempo?  Digo assim que nos afastamos.

Já fazia alguns dias que eu não via nem ela e nem o Otávio.

Vem, pode entrar se afasta um pouco para o lado para eu poder entrar na casa.

Já estão todos aqui? Pergunto.

Sim, só faltava você começa a rir.

Como sempre também dou uma risada e a acompanho.

Sentimentos AdormecidosWhere stories live. Discover now