39

115 19 68
                                    

Miguel

Assim que chego em casa, subo logo para o meu quarto. Eu tenho que ligar para o Raul agora mesmo, não quero nem imaginar que ele omitiu uma informação dessas para mim.

Me deito na cama e ligo para ele. Ele atende no terceiro toque.

Oi, brother — sua voz estava alegre. Claro, por que não estaria já que a sua irmã está aqui? Já eu, ao contrário dele, estou completamente puto com isso.

Brother é o caramba... respiro fundo tentando acalmar a raiva que já estava começando a surgir, eu não quero ferir o meu amigo com palavras ofensivas. Você sabia que a sua irmã estava vindo pra cá? Pergunto o mais calmo possível.

Olha, cara... seu tom de voz diminui e ele mesmo deixa a frase no ar. Com certeza ele já sabia que um momento ou outro ela aparecia novamente, percebi isso só por essa sua hesitação.

Raul, eu só quero que você me responda "sim" ou "não" para essa perguntar, pode ser? Minha paciência estava prestes a chegar ao limite e eu iria explodir a qualquer segundo se caso o meu amigo não me respondesse logo, essa pergunta que eu rotulo como simples.

Sim... — escuto ele soltar a respiração que eu não fazia ideia de que ele estava segurando. 

Sim, o quê? Pergunto, confuso. Ele estava afirmando que sabia que a sua irmã viria ou que ele responderia a minha pergunta dessa maneira.

Eu sabia que ela viria pra cá, hoje confessa.

E por que você não me disse isso antes? Me sento na cama e o meu tom de voz se eleva, sem eu ao menos perceber.

Eu só soube ontem, mas você ia pedir a Flávia em namoro, eu não quis te prejudicar, eu sabia que você ficaria assim, dessa maneira tenta se justificar pelo seu erro.

O pior que ele está certo, eu não paro de pensar na Ester, imagine se eu soubesse que ela viria no outro dia, eu com certeza eu não teria tido coragem de pedir a Flávia em namoro, só depois de resolver a minha situação, definitivamente, com ela.

E na hora em que eu vou falar com ele de novo, alguém bate na porta do meu quarto e abri a mesma. Em seguida eu vejo que era a minha mãe.

Filho, acho que está na hora de vocês terem uma conversinha diz ao se afastar para o lado. Vejo outra silhueta bem atrás dela e noto que pertencia a uma única pessoa: Ester, da qual logo coloca um sorriso no rosto e pisca para mim assim que me vê.

Podemos conversar, Miguel? Ela pergunta, a minha resposta deveria ser não, não podemos porque eu não quero ver você aqui na minha frente quanto mais perder o meu tempo com você, mas ao olhar para a minha mãe noto que há um brilho em seu olhar. M.E.R.D.A.

Claro respondo com um meio sorriso, já que a minha mãe ainda continuava encostada na porta, à espera da minha resposta que eu daria a Ester, ela não aceitaria que eu dissesse um não, já basta a cara que ela fez hoje mais cedo quando o meu pai disse que eu poderia ir ao meu encontro com a Flávia. E falando em Flávia, acho que ela não prestou muita atenção quando eu disse que estava namorando alguém. Posso apostar que ela não gostou dela, mas isso por enquanto não importa, o importante é que o meu pai, a Jade e principalmente eu, gostamos dela. Em seguida ao ouvir o que eu disse ela fecha a porta do meu quarto, para me dar mais privacidade. Eu mereço. Só um minuto digo a Ester ao me levantar da cama e encerrar a minha chamada com o seu irmão, mas sem antes dizer um "depois nos falamos", para ele.

Deixo o meu celular em cima da cama e caminho em direção a ela, a olhando dos pés à cabeça, para tornar isso mais real.

O que você está fazendo aqui? Por que você tinha que voltar logo agora? Por que você não continuou aonde estava? Por quê? Grito com ela ao imprensa-la na parede e segurar os seus braços, fortemente.

Certo que eu queria falar com ela, na verdade eu queria muito, mas eu ainda estou em estado de choque.

Acho melhor você falar mais baixo comigo, você não quer que a sua mãe escute, não é mesmo? Pergunta com um ar de superioridade, arqueando uma sobrancelha. Os seus lindos olhos maravilhosamente azuis como eu costumava falar antigamente, para mim, hoje, eles não passam de um simples azul morto e sem vida.

Mais que droga! A solto e passo as minhas mãos pelos os meus cabelos enquanto ela caminha para aonde está o mural com as minhas fotos com a Flávia.

Ela é a minha substituta, Miguel? Ainda olhava para o mural, examinando cada foto, com os seus braços na cintura, quando me faz essa pergunta.

O quê? Não! Claro que não! Digo para ela e instantaneamente ela se vira para me falar alguma coisa, mas a porta do meu quarto se abre, a interrompendo.

Miguel Jade adentra o cômodo e na mesma hora ela dar de cara com a Ester. O que ela está fazendo aqui? Pergunta apontando para ela, mas o seu rosto está virado para mim, pedindo por uma explicação.

Antes de eu responde-la, a Ester se pronuncia:

Eu acho melhor os dois aponta para nós falarem direito comigo. Não vão querer que a mamãe de vocês saiba que os dois mentiram para ela esse tempo todo, não é? Arqueia a sobrancelha e um sorriso debochado se forma em seus lábios.

Eu não entendo, eu juro que eu não entendo como você conseguiu namorar essa garota por dois anos, Miguel minha irmã ainda continua a olhar para mim, mas eu não falo nada apenas abaixo minha cabeça e com isso ela revira os olhos. Em seguida sai do meu quarto, batendo a porta bem forte ao passar por ela.

Acho melhor eu ir embora, depois nos falamos Ester caminha para mais perto de mim, aproveito e pego em seu pulso.

Depois nos falamos mesmo. Eu tenho várias perguntas para lhe fazer e você vai ter que me responder! Solto o seu pulso e assim que acabo de falar isso, ela aproxima o seu rosto do meu, já que estávamos bem perto um do outro, e beija o canto da minha boca.

Depois nos resolveremos, Miguel pisca para mim e começa a caminhar em direção a porta do meu quarto. Tranco a mesma para ninguém mais entrar aqui por hoje.

Em seguida me jogo na cama.

Era só o que me faltava ela usar de seus encantos para mim conquistar novamente.

Sentimentos AdormecidosWhere stories live. Discover now