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Bernardo

Já fazem exatamente seis meses que a Flávia está em Recife, e ainda assim, todo dia penso nela. Como esquecer aquela bela garota de cabelos curtos que tem um sorriso mais que sexy, aquela que desde pequenos somos amigos, a que sempre fez o meu coração bater mais rápido a cada olhar e principalmente aquela que eu prometi, para mim mesmo, amar para sempre? Não tem como, mas eu também não quero isso.

Me sinto um idiota a cada vez que me lembro daquele ocorrido, ah se eu pudesse voltar no tempo... tudo seria tão diferente.

Eu simplesmente não sei, não sei como fui capaz de deixar aquilo acontecer. Mas eu estava na sorveteria, a espera de um milagre, para a Flávia me encontrar e por puro azar do destino uma garota se senta bem ao meu lado, começa a puxar assunto comigo e quando dou por mim já sentia os seus lábios contra os meus. Eu deveria ter sido mais forte. Deveria tê-la afastado de perto de mim. Mas por algum motivo eu não queria fazer aquilo e eu estaria mentindo para mim mesmo se dissesse que não gostei. Porque eu gostei e não foi pouco.

Só que mesmo assim, no final das contas isso não valeu de nada, pois eu perdi o amor da minha vida. Só que não vai ser assim por muito tempo...

Já fazia alguns meses desde que a Heloísa e a Eloá voltaram de sua pequena viagem a Recife. Éramos amigos, mas depois do que aconteceu comigo e com a Flávia, elas me evitam a qualquer custo.

Saio de casa assim que vejo a Heloísa colocando a chave dentro da fechadura da porta de sua casa, para poder entrar e a Eloá está com algumas sacolas de compras em suas mãos. Eu deveria puxar assunto com elas, vai que elas me contam como a Flávia estar. E é justamente isso que eu faço.

Oi, garotas paro ao lado delas e me encosto na parede de sua casa. A Heloísa olha para mim, rapidamente, porém volta a sua atenção para a fechadura, já a Eloá ainda me encara, desconfiada.

Oi, Bernardo ela diz depois de algum tempo.

Sempre foi eu, a Flávia e o Benjamin, o trio, só que a nossa turma teve de aumentar quando eles conheceram essas garotas. Não tenho nada contra elas, até porque assim que nos conhecemos logo nos tornamos amigos, e elas são bem legais só que entre as duas, a que sempre foi com a minha cara foi a Eloá. A Heloísa nunca fez nem um tipo de expressão quando me via, por isso eu nunca soube se ela gostava de mim ou não, e mesmo que ela não chegasse a gostar de alguém ela era muito educada para dizer.

Como foi lá em Recife? É bonito como muitos dizem? Pergunto sem muita importância, pois eu queria mesmo era saber da Flávia.

Foi bem legal. Nos divertimos muito. E se você quer mesmo saber, lá é muito bonito Heloísa responde ao conseguir abrir a porta de casa e em seguida virar o seu rosto para mim.

Acabou de acontecer um milagre, aqui.

E a Flávia, como ela está? Pergunto logo de uma vez, alternando meu olhar entre as duas.

Ela está bem, Bernardo! Eloá é que me responde, sendo bem direta.

Nossa, essa doeu... você nunca falou dessa maneira comigo, sua irmã fez uma lavagem cerebral em você, foi? Mas penso que é melhor deixar isso de lado e focar só no que eu quero saber agora. É melhor. Para ambos. Eu não quero perder a amizade dela. Se é que ainda temos, mas eu prefiro acreditar que sim.

Só isso? Pergunto ao perceber que há mais coisas escondidas por aí, só que elas não querem me contar. Vamos ver por quanto tempo elas vão me esconder.

Sentimentos AdormecidosWhere stories live. Discover now