12.

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Dei um passo protético a frente de Rob, ameaçado por um desejo imperativo de Dom Accio: desintegra-lo em moléculas de poeira. Senti o ar gelado espatifar minha coragem e confusão, centrando-me na única coisa capaz de me tirar toda percepção de mundo e apagar tudo ao meu redor: Lucca di Accio.

Seus olhos ferozes desafiaram a Robert, que não cedeu. Havia uma tensão bélica no ar e se eu tentasse acompanhar o embate acabaria baleada fatalmente. Mas infelizmente não tinha escolha. Não sabia até que ponto o dinheiro de Rob podia protege-lo de Dom Accio.

— Você não vai... — Comecei subindo minha voz dois oitavos, abrindo espaço entre nós com a voz espalmada.

Dom Accio me encarou. E eu nunca tinha visto aquele olhar. Era de uma violência pandemônica. Sua expressão não esboçava nada, inexata como a raíz quadrada de dois. Mas eu sentia a fúria envolvendo todo seu espírito. Havia algo a mais em seus olhos que puro ódio gratuito. Algo entre seus lábios cerrados, algo em sua serenidade falsa, algo na força de seus passos, em sua escolta armada, eu suas mãos trêmulas.

Medo.

Ele deliberadamente caminhou até mim, mergulhando-me em um mar tempestuoso de azul cobalto. Senti-me afogando, eclipsada. Seus dedos me alcançaram rígidos, mas suaves, deslizando firmes por meu maxilar. Vislumbrei rapidamente seu cenho franzido e uma arfada escapar por seus lábios.

Alívio?

Antes que eu pudesse protestar, ele puxou-me pelo pulso, rapidamente conduzindo-me para seu domínio enérgico. Apenas sentia, incapaz de relutar o poder deve me contestando.

   — Se gosta da sua cabeça no lugar onde ela está, nunca, mas nunca mais volte a fazer isso. — Ordenou entredentes, a voz era cortante como foice. Estremeci impactada. Aquela ameaça não era para mim.

— Gostaria de ver você tentar. — Cuspiu Robert, soando mais sarcástico que um dia podia supor ouvir.

Dom Accio bufou e sorriu incrédulo quando sua autoridade fora questionada. Seus dedos fecharam-se possessivamente em meus pulso. Sentia a respiração queimar nos pulmões.

— Atreva-se a me desafiar mais uma vez. — Sugeriu Dom Accio divertindo-se com a ideia. Um sorriso diabólico dançava em seus lábios, paralisando meu mundo.— Seu pai vai adorar sua cabeça empalhada pra presente de natal.

       Meus olhos arregalaram-se para a ameaça eminente, soando o alarme de perigo.

        — Não aja como se você se importasse. Eu conheço você, Lucca. Vai dormir com ela e joga-la quando não lhe for mais de serventia. — Acusou Robert. — Pra ela, você nunca será o suficiente.

         Aquilo atingiu meu estômago com um soco surdo. As palavras da minha última conversa com Dom Accio ecoaram doentias por minhas veias, magoando e eu senti o peso da decepção me destroçar.

         Por que ele tinha o poder de me ferir daquela forma? Por que eu me permitia criar expectativas?! Ele tinha sido bem claro comigo!

       Dom Accio suspirou profundamente, controlando-se. Um sorriso denso e hediondo violou seu rosto imaculado, inflamando toda crueldade dentro dele e cuspindo sem nenhuma piedade:

Dom AccioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora