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As mãos de Victor golpearam Lucca para longe, fazendo-o perder o equilíbrio. Seus olhos fervilhavam como um vulcão esmeralda em seu auto controle insano.

Meus olhos detinham-se diante dos dois, que encaravam-se belicosamente, como o ensaio de uma guerra.

Como o presságio de um cataclisma.

— Não na frente dela. — Afirmou mais brando Victor, dando um passo pra trás de cenho franzido.

Os olhos de Lucca voltaram-se para mim, envoltos em sua perplexidade e temperamento explosivo. Sentia que podia partir em dois a qualquer segundo por mais motivos que eu saberia contar. Ou coisa pior.

Era a segunda decepção que eu tivera com Lucca. Mais uma sórdida mentira, esta de proporções catastróficas. Ele sempre soubera a verdade sobre a natureza dos documentos que procurava e me escondera friamente dela, porque talvez fosse mais fácil de me manipular.

Meus olhos pairavam sobre ele e podiam enxerga-lo
como ele era: um cretino baixo, capaz de tudo por poder.

Deixei os olhos morrerem nó chão: vergonha e desanimo. Não queria encarar Lucca ou os fatos, muito menos meus sentimentos que conflitavam.

Eu era graduada em ser feita de idiota com especialização em mafiosos italianos fodidamente lindos.

         — Ela ja sabe. — Explicou Victor, lançando-o um olhar furtivo.

         — De que está falando? — Indagou Lucca, friccionando os olhos em completa confusão.

         — Sobre a natureza dos documentos do meu pai, sobre mais uma das tuas mentiras. — Balbuciei sem qualquer ironia na voz, apenas o desprezo de uma profunda decepção. — O que mais não eu sei? Teu nome é mesmo Lucca?

Lucca lançou-me um olhar confuso e logo depois constrangido, enquanto em silêncio aprumava os ombros, deixando partículas de tensão flutuarem pelo ar. Nossos olhos não se encontraram, enquanto envolvidos por aquele sentimento deteriorante, nos restringíamos a não verbalidade do instante.

         — Eu... — Balbuciou Lucca, dando um passo em minha direção

        Mas um bipe incessante interrompeu-no, ecoando dentro de nossas mentes barulhentas. Os dedos de Victor deslizaram até o bolso da calça, puxando um aparelho celular e atendendo-o emergencialmente.

          — Yuri? — Evocou, o tom de voz três oitavas acima, ansioso.

           Meus olhos assistiram seu rosto empalidecer, enquanto seu cenho franzia inexato e seus lábios arquejavam. Observávamos sua expressão transformar-se para o mais completo desespero em questões de segundos.

        — Atrasem-nos o máximo possível até que eu a retire do prédio. — Pediu ele caminhando nervosamente em seu próprio eixo. — Obrigado.

        Ele terminou a chamada, pegando as chaves do carro e enfiando no bolso. Meus olhos estavam fixo em seus movimentos nervosos.

        — O que está acontecendo? — Indaguei sentindo as mãos suarem.

        Victor me lançou um olhar apreensivo, enquanto os paradigmas flutuavam em sua mente.

Dom AccioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora