57.

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Lucca estava completamente fora do ar.

Como se nunca houvesse existido. Ou como se eu não fosse passível de preocupação.

Havia uma semana. Uma semana completa me mantendo em cárcere em um hotel, sem quaisquer informações adicionais.

Ele não ligava. Não aparecia. Não deixava recado. E absolutamente ninguém deixava-me a par de nada.

Nem mesmo Joshua, que desaparecera logo após um telefonema. Ninguém.

Mas aquilo era o de menos.

Eu estava literalmente sendo confinada aquele quarto, vigiada por estranhos 24 horas por dia. E não sabia o porquê.

Pensava o pior. Mas apenas pensava, sem conclusões. Todos aparelhos telefônicos, de TV ou qualquer forma de me comunicar com o meio exterior havia sido cortado. Incomunicável.

Já houvera tentando escapar diversas vezes de milhares de formas diferentes e contatar Lucca, mas uma grande escolta armada de rostos que eu não conhecia, permanecia a posta diante do corredor de meu apartamento.

Aquela seria minha ultima tentativa. E eu só tinha uma chance. Se aquele plano também falhasse, eu não sabia mais o que fazer.

Liguei o chuveirl, deixando o barulho da água cair e a fumaça embaçar os vidros, trancando a porta e fechando-a à chave. Esperei dentro guarda-roupas vazio, de onde todas manhãs surgiam novas peças especialmente para mim. Apertado e escuro, mas o suficiente para meu tamanho, espremi-me sob a umidade da tarde que invadia o quarto e dificultava minha respiração. Era quatro e vinte da tarde, hora exata da troca de lençóis e limpeza e eu sabia que logo as camareiras viriam.

Já tinha tentado me passar por elas, então agora alguém as acompanhava a fim de realizar o serviço, geralmente o mesmo cara: moreno e alto, de olhos escuros. Sempre de terno, alinhado, hostil.

O pensamento me fez estremecer.

Com um "click" rápido, a porta se abriu. Ritualisticamente a camareira arrastou um carrinho com materiais de limpeza, deixando as rodinhas deslizarem sobre o piso. Pela fresta da luz da porta do guarda-roupa e pelo som dos passos, contei duas pessoas no recinto.

Logo que não me encontraram, lançaram-se à porta do banheiro, evocando meu nome. A faxineira arrancou um molho de chaves no cinto, procurando a que pudesse abrir a porta.

Meus olhos fixaram-se no homem, armado e alerta. Estava de costas. Longe da porta.

Era minha chance.

Como último esforço, abri a porta do esconderijo e disparei pelo corredor desesperadamente. O resto dos seguranças, que guardavam os elevadores, ao notar o furdúncio puseram-se ao meu encalço.

Sem opções, corri pelas escadas de emergência, sentindo os pés mal tocarem o piso pela velocidade.

Eu precisava fugir, precisava encontrar Lucca. O que quer que fosse, não era correto, algo de muito errado estava acontecendo. Eu sentia o perigo e a ameaça no ar.

Eles estavam atrás de mim, me alcançando. Por deus, eu já tinha vivido aquilo, não tinha?!

Meu peito subia e descia, ardendo, em combustão. Meus dentes estavam trincados em resignação, enquanto os andares de desfaziam.

Merda, merda!

Disparei para um elevador que se fechava, conseguindo escapar para dentro antes que descesse e fosse pega.

Dom AccioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora