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Relembrava a rotina de há três anos atrás, assim como das férias que fui passando aqui no Porto durante esses anos, visto que estava a voltar. Passar horas a conversar na companhia de cervejas ou sumos, com o grupo do costume no bar do costume.

Desde que foi inaugurado que o frequentávamos, o facto do ambiente ser leve e propício a convívio e brincadeiras, tornava-se o espaço mais atrativo.

O único entrave de momento, era mesmo o André. O facto de ser um local que ambos frequentávamos. Porém, ele tinha todo o direito de lá estar, como eu. Não tencionava sequer criar atritos ou tensões entre nós. Era sexta-feira, tinha a certeza que o ia encontrar. Já estava mentalizada que ia entrar no bar e encontrá-lo sentado.

Marta implicava com João, nada a que não estivesse habituada. Raquel apenas observava, rindo-se das figuras que eles faziam pelo meio da rua. Entrei no bar, ainda a rir com eles.

Desejei as boas noites em geral, visto que conhecia as pessoas que lá estavam. Como esperado, o grupo do André, os donos do bar e um outro grupo a jogar ás cartas. Dirigi-me ao balcão, onde o Duarte estava. Um sorriso cresceu no rosto dele quando me viu.

- Pareces muito mais animada hoje!

- E estou! - Soltei uma breve risada. - São duas cervejas, duas somersby e uma Coca-Cola.

Enquanto o Duarte colocava as bebidas no balcão, ia-me perguntando sobre Lisboa, já que mal tinha paciência para falar da primeira vez que entrei no bar depois de vir de Lisboa. Fiquei uns bons dez minutos a falar com ele, até que senti uma presença ao meu lado.

O Afonso pediu mais cinco cervejas, encarando-me com um sorriso receoso, sem saber como iria reagir.

- Boa noite, Afonso. - Decidi falar primeiro, surpreendendo-o.

- Boa noite lisboeta, como correram os três anos de faculdade? - Conseguia perceber a hesitação em falar comigo, algo que me fez rir. - Que foi?

- Porque me estás a falar assim? Nunca me fizeste mal, Afonso. Não sei do que tens receio.

Ele coçou a nuca, um pouco envergonhado com a situação. Enquanto ele procurava as palavras, o João veio buscar as bebidas, devido ao tempo que já tinha passado. Cumprimentou o Afonso, voltando para a mesa. Abri a minha Coca-Cola, encarando novamente o rapaz ao meu lado.

Continuava sem saber o que dizer, tentou abstrair-se com as cervejas que foram pousadas à sua frente.

- Sei que estás ressentida, daí não saber o que esperar.

- E estou, mas não contigo.

Perguntou-me uma ou outra coisa sobre Lisboa e o curso, voltando para a mesa. Dirigi-me também à mesa mais barulhenta do bar, visto que Raquel e Marta teimavam sobre qualquer assunto e os rapazes incentivavam ao barulho.

O grupo do André levantou-se para jogar setas, que por coincidência ou não, a máquina estava ao lado da nossa mesa e eu estava de frente para eles. Os meus olhos não resistiam à tentação de o observar. Um dos seus primos, o Tiago acenou-me, o que me levou a acenar de volta.

Nesse momento, o André estava a dar-lhe as setas. Os nossos olhares cruzarem-se por breves segundos, pois virei a cara mal me apercebi.

Às tantas, estávamos atentos ao jogo que se disputava, tal como Duarte e os que jogavam sueca. Dois queriam disputar o jogo dentro das regras, enquanto outros três só atrapalhavam e faziam figuras. A azia do André e do Afonso aumentava a cada instante.

Eram bastante competitivos, acabei por gargalhar com as figuras dos irmãos contra os primeiros e vice-versa. O André acabou por atirar as setas com alguma força, ficando apenas uma presa. Começou a rogar-se pragas e a dizer todas as asneiras que existiam, provocando gargalhadas explosivas aos primos.

Já todos estavam contra o André, até mesmo o João e o Diogo. Eu apenas me ria das vezes em que murmurava asneiras e dava pulos de irritação. Ele era tão criancinha quando perdia.

Depois de terminar a Coca-Cola, dirigi-me à casa de banho. Estava com calor e a sentir-me um pouco estranha.

Aquele era o André que conheci.

Não o André convencido, orgulhoso e mulherengo que me foram dando a conhecer. Desde que lhe disse que ia para Lisboa, que deixei de o conhecer. Ao entrar na equipa principal do Porto, só piorou/aumentou o seu ego. Porém, as suas reações no jogo... Faziam-me pensar no André que costumava fazer o meu coração bater mais depressa em tempos.

Closer × André Silva ✔Where stories live. Discover now