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André

- André caralho! - Ouvi o grito do meu irmão e parei de andar olhando para ele. - Daqui a nada fazes um buraco no chão, para quieto meu! 

Suspirei irritado e caminhei até ao sofá sentando-me finalmente, depois de não sei quanto tempo a andar de um lado para o outro na sala. Sentia os olhares do meu irmão e dos meus primos em mim, o que me fez olhar para eles também e arquear a sobrancelha. Olhava para o relógio e para o telemóvel ao mesmo tempo. A Diana ainda não me tinha dito nada. Não retribuiu nem as chamadas nem as mensagens, e eu já começava a entrar em stress.

- Puto acalma-te, ela ainda deve estar a trabalhar. - Ouvi a voz do Filipe e levantei os olhos do telemóvel olhando-o.

- Ela foi despedida hoje de manhã, não está a trabalhar. 

- Despedida porquê? - Encolhi os ombros.

- Não me disse. E agora não me responde. - Atirei-me para trás, voltando a olhar para o telemóvel. - Preciso mesmo de falar com ela.

- Já pensaste que ela pode imaginar do que se trata e é por isso que ainda não disse nada? - O Afonso perguntou.

- Foda-se nem me digas isso. - Entretanto a campainha acabou por tocar e o Afonso levantou-se rapidamente indo até à porta. 

Ouvi a voz da Diana e levantei-me rapidamente, sem sequer dar tempo ao meu irmão para me chamar, ou para chegarem os dois à sala. Ela não estava com boa cara e também não disse nada quando me viu. O Afonso despediu-se dela e deu-me uma palmadinha nas costas antes de voltar novamente à sala. Ainda consegui ouvir uns quantos comentários vindos da sala, mas acabei por nem ligar. 

- Então? - Ela perguntou sem qualquer tipo de emoção. Mas o que raio se passou com ela?

- Então? Tens noção que eu já estava a dar em maluco? O que é que se passa? - Ela ignorou totalmente as minhas perguntas e acabou por me puxar para o meu próprio quarto. Realmente uma conversa no meio do hall de entrada, com os meus primos e o meu irmão na sala era tudo menos apropriado.

- Só tive de ganhar algum tempo para me mentalizar do que vais dizer. - Sentou-se na minha cama e eu olhei para ela sem perceber, sentando-me ao lado dela.

- Tu tiras sempre conclusões precipitadas. 

- Será que tiro? Por favor André, diz logo tudo de uma vez ou ainda morro aqui! 

- Eu hoje tive uma reunião por causa das propostas e já há uma decisão quase definitiva. - Fiquei calado durante algum tempo, sentido depois um murro no ombro e ela quase gritou comigo para que continuasse a falar. Acabei por me rir e levar outro murro, porque a Diana não estava a achar piada nenhuma ao assunto. - Vou ficar no Porto.

Ela não reagiu e confesso que a expressão apática dela já me estava a assustar. Ficou calada durante algum tempo, até que se levantou e começou a andar pelo quarto. Pedi-lhe que se acalmasse e que dissesse alguma coisa, embora me tenha ignorado. Acabei por me levantar também, agarrando nas mãos dela fazendo com que olhasse para mim também. Olhou para mim durante alguns segundos, até fechar os olhos e respirar fundo.

- Diz-me que não fizeste isso por minha causa. - Falou calmamente abrindo os olhos. - Diz-me que não estás a condicionar a tua carreira por minha causa, por amor de Deus André.

- O quê Diana? 

- Eu não quero que te sintas na obrigação de ficares no Porto só por minha causa, não quero que condiciones a tua carreira por mim. - Afastou-se de mim, voltando a andar às voltas pelo quarto. - Eu sabia! Era este o meu medo. Quais eram as propostas?

- Sevilla, Valência, Marselha e Arsenal. Mas não fui só eu a decidir Diana! - Puxei-a pelo braço para que voltasse a olhar para mim. - Claro que também tens peso na minha vida! Mas a decisão não me coube só a mim, como te disse estavam a ser estudadas e ficou decidido que por agora vou continuar no Porto, mas isso ainda pode mudar. Não te sintas culpada por algo sem sentido. 

- Como é que queres que não me sinta culpada se há três anos não hesitei em deixar-te para trás e agora tu estás a abdicar da tua carreira? 

- Pára Diana! Tu não foste para fora de Portugal, e em certa parte também tive culpa no cartório. As minhas atitudes contigo não foram propriamente as melhores. Eu não estou a abdicar de nada, estou à espera da altura certa.

- A vida nem sempre dá segundas oportunidades André!

- Não? Então o que é que aconteceu connosco? 

- É diferente. - Suspirou fazendo-me suspirar também. 

- Não é diferente, Diana! Não compliques por favor, estamos tão bem agora! Para quê deixar que o passado volte ao de cima? 

- Promete-me que vais aceitar a próxima proposta independentemente do que quer que possa acontecer. - Começou finalmente a ceder e acabou por colocar os braços à volta do meu pescoço. Coloquei também os meus braços à volta da cintura dela puxando-a mais para mim.

- Isso não depende só de mim. Agora, já me podes dar um beijo ou nem por isso? É que estes dois dias fizeram-me ficar mal habituado. - Ela revirou os olhos acabando por juntar os nossos lábios. Agradeci a Deus mentalmente por tê-la conseguido acalmar, porque esta rapariga quando mete alguma coisa na cabeça, dificilmente muda de ideias. 



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Closer × André Silva ✔Where stories live. Discover now