17

3K 143 10
                                    

André

O sol já tinha começado a pôr-se há algum tempo. Estava sentado na areia à espera que ela aparecesse. Olhava várias vezes para o relógio. Já passava algum tempo desde a hora combinada. Deixei escapar um suspiro. Não queria parecer afetado. Mas já não tinha a certeza se ela iria ou não aparecer mesmo.

A certa altura comecei a brincar com a areia gelada. Algumas pessoas passavam à beira mar e eu tentava que não me reconhecessem. Não tinha avisado ninguém que me vinha encontrar com a Diana e esperava que nem o meu irmão nem os meus primos se lembrassem de vir aqui hoje.

Alguns segundos depois senti uma presença ao meu lado. A Diana tinha-se sentado ao meu lado e eu suspirei de alívio, no entanto não a consegui encarar.

- Desculpa. - Ela pronunciou-se. - Adormeci e perdi a noção das horas. - Justificou-se e eu não pude evitar soltar uma gargalhada. Quantas vezes situações parecidas não tinham acontecido no passado.

Mantive-me calado durante algum tempo ouvindo-a suspirar. Queríamos falar, mas não sabíamos como começar. Típico.

- Já sei o que me querias dizer ontem. - Falou levando-me finalmente a olhar para ela, que me encarava também. A pouca luz do sol refletida nos olhos dela faziam-nos ainda mais bonitos. - Sei que inventaste uma desculpa para não estar com a rapariga naquela noite. - Soltou uma risada pelo nariz e voltou a olhar para a frente.

- Quem é que te disse isso? - Continuava a encará-la, porém agora com uma expressão confusa.

- A própria. - Deixou escapar. - Não literalmente, mas ela apareceu lá na loja hoje e estava a falar de ti com uma amiga. - Voltou a olhar para mim. - Mas não foi para isso que aqui viemos.

Abanei a cabeça confirmando o que ela tinha dito.

- Ouve André, eu já estou farta de discutir contigo e de não sairmos do mesmo ambiente. Acabamos sempre aos ataques e sinceramente estou um bocado farta disso. - Ela falou tentando manter-se calma.

- E achas que não estou? - Respondi de forma impulsiva, arrependendo-me logo de seguida. - Temos muita coisa para resolver e esclarecer. Sabes que ainda me afetas. Tal como eu sei que ainda te afeto.

- Não me perguntes o porquê, porque eu não te sei responder.

- Será que não?  Não me venhas com histórias Diana. O que tivemos não foi assumido mas não foi por isso que não deixou as suas marcas. Grandes marcas até. Boas recordações e sentimentos que depois destes três anos talvez estejam apenas adormecidos. Achas que consegui atinar ou ter algo sério com alguém depois de ti? - Fui o mais sincero possível. Nem me estava a reconhecer.

- Pelo que vim a saber, não. Uma diferente todos os dias não me parece atino nenhum.
- Não eras tu que querias uma conversa sem ataques? - Já estávamos de frente um para o outro.

- Eu não estou a atacar, estou apenas a constatar aquilo que sei.

- O que sabes ou o que te contaram? - Ela baixou o olhar por saber que o que lhe tinha perguntado era verdade. Ela não sabia nada, apenas boatos que corriam e que foram parar aos ouvidos dela enquanto estava em Lisboa.

- Nos dois meses antes de me ir embora vi com os meus próprios olhos. - Retorquiu.

- Sabes que idade tínhamos? Claro que nessa altura só pensei nisso. Sentia-me magoado e queria magoar-te também.

- Portanto achas que eu já não estava suficientemente magoada? Sabes o que senti nessa altura? Ou quando fui para Lisboa e tu nem te despediste de mim? Antes de termos alguma coisa eramos amigos, André. Amigos. Tu deixaste de querer saber de mim. E achas que não estava magoada? Que não continuo com essa mágoa dentro de mim? Achas que foste só tu a não conseguir ter algo sério com outra pessoa? Lamento informar-te mas não, não foste.

Ela virou a cara olhando para o horizonte e eu fiz o mesmo. Já não sabia o que dizer. Tudo aquilo que tinha imaginado antes dela chegar fugiu completamente. E ela parecia não saber o que dizer também.

Voltei a olhar para ela alguns segundos depois. Continuava a olhar em frente, pensativa.

- Achas que, de alguma forma, podemos... sei lá tentar ser amigos de novo? - Perguntei sem pensar e ela virou a cara para mim rapidamente.

- Acho que vai ser difícil, mas não há nada como tentar. - Suspirou pesadamente, como se um peso enorme lhe tivesse saído dos ombros.

Deixei escapar um pequeno sorriso e vi um sorriso também a formar-se nos lábios dela.

A calma transmitida e o significado que esta praia tinha para ambos tinha ajudado a amenizar o ambiente e de certa forma, também sentia que me tinha saído um enorme peso de cima.




✨✨✨
Cuties....por agora 😇

Closer × André Silva ✔Where stories live. Discover now