Ouvia a Diana na cozinha, embora não conseguisse perceber o que estava a fazer. Senti o meu telemóvel vibrar e abri uma mensagem do meu irmão. Era uma foto. Como raio conseguiu tirar uma foto como esta sem nenhum dos dois se ter apercebido?
Abanei a cabeça, pensando naquilo que ela me tinha dito a caminho de casa. O facto de não se querer expor por enquanto. No entanto a minha vontade era de mostrar a toda a gente o quão bem ela me fazia sentir. Depois de tantos anos. Depois de nos quase querermos matar um ao outro quando voltou. Como é que tudo podia mudar de um momento para o outro?
Optei por publicar a foto no instagram. Não a ia identificar, nem ninguém iria perceber quem ela era.
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andresilva9
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Girl, the way you make me smile is the definition of a real lady
As minhas notificações começaram a explodir, em segundos. Desativei os comentários na foto e acabei por atirar o telemóvel para o sofá e olhar para a televisão.
- André Miguel.. - Ouvi a Diana ainda da cozinha. - Valente da Silva! - Olhei para o lado vendo que ela já se encontrava na sala. Com o telemóvel na mão. Percebi que já tinha visto a foto, mas preferi fazer-me de desentendido.
- O que é que se passa?
- Não te faças de desentendido comigo, que isso não resulta! - Apanhou-me e eu comecei a rir. - Depois da conversa que tivemos no carro vais publicar uma foto destas? - Olhou para o telemóvel. - Aliás quem é que tirou isto?
- O Afonso. Quem mais havia de ser? - Ela olhou-me confusa. - Não me perguntes como, só sei que me mandou a foto há uns minutos. Mas estamos demasiado queridos, queria partilhar a minha felicidade com o mundo! - Ela sorriu. - E sim, sei que estou a ser demasiado lamechas.
- Sim, para quem já quase partiu cadeiras num bar e esmurrou uma árvore... Podemos dizer que sim! - Gozou com a minha cara e eu arqueei a sobrancelha apesar de ter um sorriso nos lábios.
- Estás muito engraçadinha hoje, deve ter sido o ambiente da praia que te fez bem... - Provoquei e senti uma almofada vir contra mim. Mandei-lhe a almofada de volta e ela começou a rir. - Não cheira a queimado?
Ela arregalou os olhos.
- Minhas ricas torradas! - Correu para a cozinha, fazendo-me desligar a televisão e ir atrás dela a rir.
A cozinha estava cheia de fumo e cheirava ainda mais a queimado que na sala. Ela saltitava enquanto tirava as torradas queimadas da torradeira, com medo de se queimar também.
- Vais ficar aí a rir ou vais ajudar-me? - Perguntou ao perceber que estava enconstado à ombreira da porta da cozinha.
- Não te apoderaste da minha cozinha? Agora desenrasca-te!
- Ai sim? Então agora quem come as queimadas és tu! Eu vou comer o que é bom. - Sentou-se à mesa começando a comer outras torradas com compota. A certa altura parou de comer ao reparar que a encarava. - O que foi?
- Disseste que ias comer o que é bom. Estou à espera que venhas. - Gargalhei quando ela revirou os olhos e levou a mão à cara.
- Tu não disseste isso, pois não? Vou fingir que não. - Acabei por me sentar à frente dela. Apoiei um cotovelo na mesa de forma a que a minha cara ficasse apoiada na mão. Continuava a observá-la. - André vais parar com isso, por favor?
- Não estou a fazer nada.
- Estás a olhar para mim.
- E então? Só estou a observar a boa escolha que fiz.
