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Diana

- Diana? - Olhei para trás, ao reconhecer a voz.

O André caminhava na minha direção a passos largos, notava-se perfeitamente que estava chateado com algo. Arqueei a sobrancelha, sem saber o que se passava. E porque raio me olhava daquela maneira, como se tivesse cometido algum crime. Antes de ter oportunidade para me pronunciar e perguntar os motivos que o deixaram tão chateado, o André começou a disparar tudo aquilo que sentia.

Limitei-me a ouvi-lo. Começou por falar do momento constrangedor e íntimo que tivemos na casa de banho do bar, depois dos treinos onde só fez asneiras e da forma como prejudicou o jogo esta tarde. Até, que me atacou, como se tivesse culpa.

- Porque raio voltaste? Eu estava tão bem, mas tão bem! Foda-se Diana, achas que podes chegar e revirar a minha vida? - Balançou a cabeça, fechando os punhos. - Achas que tens o direito de me lixar pela segunda vez?

Fiquei sem saber o que dizer, o único que fiz foi soltar a trela da Kayla, deixando-a correr livremente pela praia, pois sabia que não iria sair daquele lugar tão cedo.

- O que é que queres de mim, Diana? Diz-me, porque estou a dar em louco. - Levou ambas as mãos ao meus ombros. - Foda-se, tu não me sais da cabeça.

- André... O que queres que te diga? - Encolhi os ombros.

- Que não foi o álcool o motivo da nossa proximidade. - Sussurrou mais calmo, olhando-me nos olhos.

Senti o meu rosto a aquecer.

Como podia negar tal coisa? Tinha álcool no organismo, mas nunca foi desculpa para nenhuma ação minha. Ou motivo suficiente para fazer coisas das quais me arrependi ou não fui capaz de controlar. A bebida não criou a intimidade entre nós, mas sim aquilo que ambos tentávamos negar sentir. Tentávamos controlar, embora sem sucesso.

- Sabes perfeitamente que não.

- Eu sei, mas precisava de ter a certeza. - Sussurrou, levando os lábios aos meus.

Recuei alguns passos, apesar do André os ter acompanhado, impedindo que partisse o beijo. Conforme guiou os meus lábios, intensificando o beijo, as minhas mãos agarraram na camisola que usava, retribuindo o beijo com tanta vontade e desejo.

Era como a primeira vez. Como se todas as brigas, todos os erros e provocações nunca tivessem acontecido. Sentia que o estava a beijar pela primeira vez, que todas as emoções e sensações eram novas para mim. Para ambos. No entanto, passaram-se três anos desde que senti os seus lábios nos meus pela primeira e última vez. Três anos que adormeceram os nossos sentimentos e toda a necessidade que nutríamos. Pensei que não iria significar nada ao fim de tanto tempo, porém... Nunca me enganei tanto sobre mim mesma.

Parei o beijo, começando a sentir as suas mãos pelas minhas ancas e barriga. Precisava de respirar, de perceber o que estava a acontecer entre nós. Afastei os nossos lábios, apesar dos braços do André continuarem na minha cintura, impedindo que me afastasse. Os lábios entreabertos e avermelhados do rapaz, aqueceram-me ainda mais.

- André... Eu preciso de ir. - Peguei na trela da Kayla, que entretanto caiu na areia. - Kayla! Kayla, vamos embora.

Quando a cadela parou perto de mim, não consegui unir a trela à coleira. As minhas mãos estavam trémulas, os meus nervos começavam a aumentar. Para além de sentir o calor dos seus lábios nos meus, mesmo não existindo qualquer contato. Preparei-me para lhe virar as costas, apesar de me ter impedido.

- Não vás, Diana. - Murmurou, voltando a concentrar-se no meu olhar.

- Tenho tantos motivos para ir, André. E nem um para ficar. - Começava a sentir-me vulnerável. - Ambos sabemos o que vai acontecer se deixarmos isto andar. O que quer que isto signifique para ti.

- Significa o que sempre significou antes de ires embora. - Segurou as minhas mãos. - Ainda sinto aquela vontade de te beijar cada vez que te vejo.

- Não posso fazer nada quanto a isso. Tu magoaste-me tanto, o que me garante que não vais voltar a magoar?

- Nada, nada te garante. Mas não és a vítima aqui, Diana. Tu deixaste-me, isso não conta para nada? - Balançou a cabeça, passando os dedos pelo cabelo. - Foda-se, não quero voltar a ter esta conversa contigo. Eu errei e tu erraste. Custa-te muito admitir?

- Custa-me admitir algo que não fiz! Era o meu futuro e eu pensei que ficasses feliz por mim. - Já não sentia o toque das suas mãos nas minhas.

- Como podia ficar feliz, se estava a abrir mão da pessoa que gostava?

Encolhi os ombros, sentindo lágrimas nos meus olhos. Baixei rapidamente a cabeça, não queria que me visse chorar. Passei as mangas do casaco pelos olhos, respirando fundo antes de voltar a encará-lo. Sentia-me demasiado vulnerável para continuar a conversa, aquele beijo fez-me perceber o quanto aquele rapaz ainda me afetava.

- Desculpa. - Sussurrei, apercebendo-me de toda a mágoa no olhar dele. - Nunca foi a minha intenção, André.

- Eu gostava tanto de ti e sabes o pior? Bastou ver-te há umas semanas para perceber que não te esqueci por completo. - Aproximou-se novamente de mim, levando a mão ao meu rosto. - Nada fez com que me esquecesse de ti.

- Pelos vistos, aconteceu o mesmo comigo.

O André voltou a inclinar-se, roçando os seus lábios nos meus.

Voltou a beijar-me, apesar de não ter deixado avançar. Afastei-me dele, pedindo-lhe novamente desculpa. Não podia simplesmente fechar os olhos e deixar-me levar. Depois das discussões que tivemos, eu não o reconhecia e era isso que me preocupava. Não saber com o que contar.

Segundo tudo o que ouvi, aquilo que Duarte mencionou no bar, o André não era pessoa de uma mulher só. Nem mesmo de ter algo sério, assumir uma pessoa. E eu não queria isso para mim, não pela segunda vez.

- Não posso, desculpa.

Desta vez, ele não me impediu. Chamei a Kayla, começando a andar até ao carro.


✨✨✨

Foguetes? Ou é melhor não?

Closer × André Silva ✔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora