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Diana

Andava pela loja bastante atarefada. Começava a stressar com todos os clientes que hoje entravam na Mango. Era sábado à tarde, e o centro comercial estava super movimentado. Desarrumavam a loja aqui e a ali, sem depois levarem uma única peça. E lá ia a Diana ter de dobrar umas calças, camisas, casacos e voltar a colocar tudo no sítio, como estava ao início da manhã. 

Mais de dois meses depois de ter regressado ainda não tinha conseguido arranjar trabalho na minha área, daí continuar na Mango. No entanto isto tinha-se tornado num autentico inferno. Horários sempre a trocar, tal como as folgas. Era horrível. Eu andava exausta. E ainda tinha a pressão do André sobre mim. Durante este tempo todo tínhamos andado bastante próximos, apesar de não termos nada devidamente "assumido", estávamos a tentar reconstruir as coisas que ambos destruímos há uns três anos atrás. Estava tudo a correr bem, até terminar o campeonato e ele ficar com bastante tempo livre. Ao contrário de mim. Ultimamente discussões faziam parte do nosso dia-a-dia. Por não ter tempo para ele, por ter de desmarcar algo que há bastante tempo se encontrava marcado. Eu não tenho culpa, mas ele parece não perceber isso. 

Suspirei pesadamente, afastando a minha cabeça destes pensamentos. 

A loja enchia a todos os segundos. Olhava para a cara de todos os meus colegas, percebendo as suas expressões de pânico. Eu estava igual. 

Enquanto dobrava mais umas peças de roupa senti uma presença atrás de mim. Presença essa que reconheci só pelo seu perfume. Respirei fundo antes de olhar para trás.

- O que é que estás aqui a fazer? Por favor diz-me que não vens fazer outra cena! - A minha voz soou como se eu estivesse quase a implorar. E na verdade até estava. 

- Vim ter contigo. - Ele disse da forma mais calma possível fazendo-me suspirar.

- André, eu estou a trabalhar. - Levantei a peça de roupa que tinha nas mãos para que percebesse.

- A loja é pública, ninguém me impede de aqui estar.

- Tu estás a ouvir o que estás a dizer? Tu não estás bem! Vais ficar aqui numa loja a abarrotar a olhar para mim, é isso?

- Ao menos estamos no mesmo espaço. O que é bastante raro ultimamente. 

- Vais começar com isso de novo? Porque se foi para isso que cá vieste podes ir embora. Isso é realmente falta do que fazer. Porque é que não vais sair com o teu irmão e com os teus primos? Vai divertir-te, vão à praia sei lá.

- Porque quero estar contigo, ainda não percebeste isso? - Aproximou-se de mim, deixando-me quase sem espaço para me mexer. 

- Sim André, eu já percebi. E é óbvio que também quero estar contigo. Mas eu já não sou nenhuma criança, eu trabalho e acredita que o que recebo não é muito. Não ando a jogar à bola e a receber ordenados milionários! - Ele olhou para mim de sobrancelha arqueada. Suspirei ao perceber o que tinha dito. - Desculpa. Isto hoje não está a ser um dia fácil e eu estou a entrar em stress.

- Queres ir jantar hoje? - Ele pareceu perceber que não estava realmente nos meus dias.

- Ahm, eu hoje tenho coisas combinadas..- Respondi-lhe a medo.

- Estás a gozar certo? - Elevou um pouco o tom de voz e eu baixei a cabeça. - Diana, nós não temos estado praticamente tempo nenhum juntos e quando penso que podemos combinar alguma coisa não podes porque já marcaste com outro alguém? Devo ser palhaço agora. - A sua irritação era notória. Suspirei e voltei a olhar para ele, reparando que algumas pessoas da loja nos encaravam também, embora tentassem ser discretas. Falhavam redondamente nesse aspeto.

- André, não é nada disso! Mas hoje um colega nosso aqui da loja faz anos e convidou-nos a todos para jantar. Eu já tinha dito que sim. - Ele revirou os olhos fazendo-me suspirar novamente.

- A sério que me estás a dizer isso? Pensava que era mais importante para ti passarmos tempo juntos, mas pelos vistos agora metes o trabalho à frente de tudo o resto. 

- Diana! - Ambos olhámos para o lado, encarando uma colega minha que parecia estar aflita com tanto trabalho. - Ahm, desculpa mas preciso da tua ajuda. - Ouvi o André suspirar pesadamente e olhei para ele de novo. 

- Desculpa, eu tenho mesmo de ir. - Inclinei-me para ele dando-lhe um beijo na bochecha. Antes que pudesse sequer ter tempo para qualquer outra coisa ele saiu da loja super irritado. Fiquei a olhar para a porta durante algum tempo, sentia-me mal obviamente. Ouvi novamente o meu nome ser chamado e caminhei até à minha colega voltando ao trabalho.

Com um enorme peso na consciência. 

Closer × André Silva ✔Where stories live. Discover now