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- Diana? - Ouvi uma voz bastante conhecida atrás de nós. Senti o André ficar tenso, afastando-nos do abraço. Olhei-o nos olhos pedindo-lhe que mantivesse a calma, antes de me virar para trás e encarar o Miguel. Não queria mesmo que isto trouxesse problemas. - Peço imensa desculpa por interromper. - Lá estava ele a tentar provocar novamente. Mas afinal o que raio se passava com ele? Senti que o André estava a fazer um esforço enorme para se controlar.

- O que se passa? - Perguntei de certa forta um pouco chateada pela atitude dele.

- Gostava de falar contigo. É importante.

- Podes falar.

- A sós. - Ele disse a olhar para o André, que depois de ouvir as palavras do Miguel tentou afastar-se e caminhar para o bar. Impedi-o, agarrando o seu braço, fazendo com que se mantivesse ao meu lado.

- Como te disse Miguel. Podes falar. - Respirei fundo ao ver o espanto na cara do Miguel devido à minha ação, de não querer que o André se fosse embora. - Não somos nenhumas crianças. Se queres fazer aquilo que tentaste lá dentro, vais fazê-lo à frente dele. Não quero criar problemas, só resolver o mau ambiente. Tu sabes o que ele significa para mim, eu contei-te tudo.

- Exatamente por me teres contado tudo é que estou a ter esta atitude!

- Não me parece que seja só por causa disso. - O André pronunciou-se pela primeira vez desde que o Miguel se encontrava perto de nós. - Vais contar-lhe de uma vez a verdadeira razão? É demasiado óbvio.

- E o que é que tu sabes? - O Miguel deu um passo em frente e eu coloquei-me entre os dois para que nada acontecesse.

- Que o facto dela não sentir o mesmo por ti, não lhe permite ver o que sentes realmente por ela. Eu estou de fora, é demasiado fácil perceber.

- Do que é que vocês estão a falar? - Alternei o meu olhar entre os dois. O Miguel tinha ficado um tanto ou quanto desconfortável, já o André continuava sem qualquer expressão.

- Foda-se Diana, como é que nunca percebeste? - Encarei o Miguel que passava os dedos pelo cabelo visivelmente nervoso. 

Senti o braço do André à volta da minha cintura, puxou-me para ele fazendo com que os seus lábios ficassem perto do meu ouvido.

- Acho que precisam mesmo de falar a sós. O rapaz só precisava de um incentivo. - Beijou a minha bochecha. - Depois falamos. - Caminhou até ao seu carro. Percebi que o irmão já esperava por ele, encostado ao mesmo. Em poucos segundos deixei de ter o carro no meu campo de visão.

Voltei a olhar para o Miguel que continuava com uma expressão nervosa. Ele aproximou-se um pouco mais de mim. Cruzei os braços em frente ao meu peito e esperei que ele dissesse alguma coisa.

- Então? Estou à espera que fales.  - Pressionei e ele encarou-me.

- Nunca percebeste que o que sinto por ti é mais que uma amizade? - Falou finalmente e eu olhei para ele sem saber o que dizer, ou como reagir. Como é que pude ser tão tapada ao ponto de nunca ter percebido? Daí o veneno nas palavras contra o André, as suposições para que ficasse preocupada e com pensamentos errados.

- Eu nem sei o que dizer...

- Não preciso que me digas nada. Achas que algum dia eu podia competir com um jogador de futebol profissional? Não sou assim tão burro. - Atirou ao ar e eu nem estava a acreditar no que estava a ouvir.

- Espero que não estejas a insinuar aquilo que eu acho que estás, Miguel.  - Olhou para mim ao perceber que não devia ter dito o que disse.

- Desculpa. Não era isso que queria dizer, eu sei a vossa história. Conheço-te, sei que se por alguma razão estiveres com ele é pelo que sentes e não pela profissão dele. - A afirmação dele fez-me respirar de alivio. 

Pensei em tudo o que lhe podia dizer neste momento. Mas não sabia como fazê-lo. Nunca tinha estado em nenhuma situação parecida. Não sabia como reagir sequer.

- Desculpa. - Ele olhou para mim surpreso. - Desculpa nunca ter percebido. Desculpa se de alguma forma te magoei ou te fiz sofrer. Eu não podia adivinhar. - Suspirei. - Como é que eu não percebi antes?

- Ainda bem que não. Tinhas-te afastado de mim e eu não queria isso. - Neguei a afirmação dele mas no fundo sabia que tinha um pingo de verdade. - Sabes que é verdade Diana. Mas não te posso culpar por isso. Seria o teu instinto a falar mais alto. Ainda bem que amanhã já estou longe.

- Não digas isso. Eu não me quero afastar de ti. Não quero perder a tua amizade.

- Não vais perder, mas se calhar foi melhor eu ter vindo aqui. Assim esclarecemos tudo. E também vamos estar longe um do outro durante muito tempo. Acho que dá para conhecer umas quantas raparigas giras. - Ele tentou brincar e eu forcei um sorriso. - Sabes que podes contar sempre comigo. E acho que esta noite foi um pequeno abre olhos, tanto para ti como para ele. Nota-se que ainda gostam um do outro. - Ouvi um suspiro da parte dele. - Se é o que queres, corre atrás. - Beijou a minha testa e caminhou até ao seu carro. Antes de entrar no carro voltou a olhar para mim sorrindo-me. Depois acenou e entrou no carro, afastando-se do local do bar.

Ele tinha razão. Esta noite serviu para perceber muitas coisas. Entre elas, o facto dos meus sentimentos pelo André estarem bem à flor da pele. Tal como os dele por mim. Já não somos nenhumas crianças, e se calhar está na altura de começar a lutar por aquilo que eu achava que já estava morto.

Closer × André Silva ✔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora