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Não conseguia parar de rir, apesar de abafar as gargalhadas com as mãos.

A Diana subornava as recepcionistas, dizendo que lhes arranjava entradas à borla no estádio do Dragão, pedindo depois desculpas por irem ver desgraçadas. Ainda começou a falar do Benfica, afirmando que era o maior e melhor clube de Portugal, mas que não teve sorte e que lhe caiu um portista na rede.

O mais engraçado eram as tentativas de sotaque espanhol, levando realmente as duas recepcionistas a rir. Acabaram por lhe confiar o quarto, entregando um dos cartões e voltando a repetir o número da porta, devido ao estado da morena.

Encontrei-me com ela perto dos elevadores, acenando para as mulheres que comentavam algo entre si.

- Vês? O futebol resolve tudo.

- Claro, principalmente quando afirmaste ter azar no que te caiu na rede. - Provoquei, ouvindo uma risada. - E que o Benfica é melhor que o Porto, claro.

- Foram vocês que levaram a taça para casa? Não, bem me parecia amorzinho. - Mostrou-me a feição mais convencida e orgulhosa possível, o que me fez revirar os olhos. - Não sei porque continuas a atiçar-me.

- Realmente, és mais apaixonada pelo teu clube que pelo teu namorado.

- Prioridades.

Riu-se, enrolando os braços à minha cintura.

A rapariga parou diante de uma porta, passando o cartão pela ranhura da porta. A primeira tentativa deu-lhe acesso negado, o que deixou a morena confusa. Ao voltar a passar o cartão, o desfecho foi o mesmo. Então, como inteligente que era, levantou o cartão e olhou fixamente para o mesmo.

Começou a pressioná-lo de um lado para o outro, deixando-o meio torto. Enquanto eu, já com noção que estávamos no quarto errado, achava piada à situação. Queria ver quanto tempo iria demorar a perceber o mesmo.

Entretanto, ao dobrar o cartão este estalou. Arregalei os olhos e tirei-lhe o objeto das mãos, avisando-a que não o podíamos partir.

- Então, mas deram-me um cartão estragado? É mesmo sinal que não têm interesse nenhum em ir ao Dragão. - Encolheu os ombros e soltou leves gargalhadas, achando realmente piada ao que tinha dito.

- Tens imensa piada Diana, já sabemos. Agora, qual o número do nosso quarto?

- Hum... Ela disse sessenta e qualquer coisa. - Voltou a tirar-me o cartão da mão, começando a passá-lo por todas as ranhuras.

Numa penúltima tentativa, a porta do quarto foi-lhe aberta de repente, assustando a rapariga de uma forma inexplicável. Ela começou a caminhar para trás e ainda tropeçou nos próprios pés. Mesmo sem qualquer explicação ao homem, comecei a gargalhar imenso. Gargalhadas tão explosivas e capazes de acordar qualquer hóspedes.

Algo me dizia que íamos caminhar de volta para o carro e dormir no mesmo.

Depois de alguns minutos a tentar encontrar o quarto, acabei por perceber que até no andar a Diana se tinha enganado. Um segurança aproximou-se de nós, pedindo o cartão para confirmar o número de quarto.

O que ainda me levou a rir mais, visto que o número e o andar estavam escritos no cartão, que tivemos em mãos durante todos estes minutos.

- Nunca digas que és minha namorada.

- Melhor para mim, que já não estrago a minha reputação. - Retorquiu sem pensar, sorrindo orgulhosa da sua resposta.

- Bom saber, podes passar a noite sozinha então. - Preparei-me para sair do quarto, apesar dos seus braços terem envolvido a minha anca. - Então? Vai lá lamber as botas ao Ederson ou ao André Horta. Se calhar ao Pizzi e ao resto do plantel.

- Muito orgulhosa André, fizeste o trabalho de casa. - Revirei os olhos, acabando por ceder e por olhar para ela. - Só quero estar aqui contigo. Não podia mesmo ser outra pessoa, antes de jogador no Porto, eras meu amigo e seminamorado.

- Ui, estás a dar para bêbeda romântica?

- Acredita coração, posso dar para todo o tipo de bêbeda. - Deslizou as mãos pela minha camisola, mostrando um sorriso matreiro. - Ainda me queres tanto quanto no cinema?

- Quero-te tanto quanto na primeira vez que te vi. - Deixei-me levar pelo toque dos seus lábios, abraçando as suas ancas.

- És tudo o que quero. - Voltou a sussurrar, livrando-se da minha camisola.

- Tudo o que quero, para poder ser feliz, tudo o que quero é o que sempre quis. É poder abraçar o mundo nos meus braços, é, tudo o que quero. - Cantarolei, explodindo em gargalhadas e acabando por me deitar na cama.

Estava tudo a rodar na minha cabeça. Mal me conseguia concentrar numa simples coisa, até que a Diana decidiu sentar-se na minha anca, inclinando-se para mim.

- Não faz isso Be Bela.

- André? - Soltou uma breve risada, balançando a cabeça. - Não me digas que o álcool te deixa sem vontade... Tu sabes.

- You know just how to make my heart beat faster.

A Diana preparou-se para sair do meu colo, apesar de a ter impedido. Sentei-me na cama, dando-lhe impulso nas ancas para se manter ao meu colo e esticar ambas as pernas à volta da minha cintura.

Beijei os lábios dela, livrando-me também da camisola que usava. Passeei os lábios pelo pescoço dela, ouvindo leves e baixas risadas perto do meu ouvido.

- E o Benfica é o nosso grande amor!

- Assim é que perco mesmo a vontade, foda-se ó Diana.

A rapariga riu-se alto, tentando dizer algo entre as gargalhadas. Referiu o quão carregado o meu sotaque soou e o quão óbvio era que jamais nos iríamos envolver com a quantidade de álcool e de canções que cantávamos sem noção.

Deixei-me cair novamente na cama, passando os dedos pelos olhos. Aquela rapariga dava comigo em louco e eu gostava disso. Era uma pessoa diferente, única.

Closer × André Silva ✔Where stories live. Discover now