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Como é que pude adormecer durante a tarde?

Caminhava apressada pela casa, já minimamente apresentável para me encontrar com o André. Para além de estar nervosa por já passar dez minutos da hora marcada com ele, sentia-me nervosa pela conversa da noite anterior e pela continuação. Ainda havia tanto por dizer, mas ao mesmo tempo, tanto por superar.

Ao entrar no carro e começar a fazer o tão conhecido caminho para a praia de Matosinhos, um dos nossos primeiros momentos veio-me à cabeça. Como apagar algo tão genuíno? Como esquecer todo o conforto que me transmitia?

Relembrava-me daquela noite como se fosse ontem.

A troca de olhares durante a feira, as vezes em que nos cruzávamos e não falávamos, pois ninguém sabia o que se passava entre nós. Até que a certo ponto da noite, já trocávamos mensagens e não conseguíamos ser discretos. Lembro-me perfeitamente da mensagem para nos encontrarmos na praia antes do fogo de artifício. Apenas os dois. Largar os nossos grupos e apenas nos focarmos um no outro. Encontrei-o na calçada a caminho da praia, rapidamente cruzou os dedos aos meus, visto que o fogo de artifício já tinha começado.

Limitei-me a caminhar atrás dele, a manter o ritmo dele. Passávamos pelas pessoas, até que chegamos à areia da praia. O rapaz deixou a mochila no chão, encarando-me mais atento. Relembro as suas palavras, o olhar intenso e o brilho tão exagerado no olhar dele.

Acabamos por nos deitar na areia gelada, o André puxou-me para junto dele. Beijei a sua bochecha, antes de pousar a cabeça no ombro dele. Um sorriso cresceu nos seus lábios, tal como nos meus, mesmo que me sentisse envergonhada. Encarava o céu, os foguetes a rebentar e a criar diversos desenhos e cores no azul escuro.

Sem dúvida um dos melhores momentos com o André, que guardo com todo o carinho.

Não gostava de fogos de artifícios, até àquela noite. Agora, continuo a não gostar, mas não pelos mesmos motivos. Somente por me lembrar dele com tanta facilidade. Os pequenos gestos, são os que mais pesam.

Vinte minutos já tinham passado, será que o André ainda me esperava?

Acelerei um pouco mais, estava bastante perto. No entanto, por ser hora de ponta, estava algum trânsito. Olhava atentamente para tudo, três anos mais tarde... Estar naquela praia com aquela pessoa, parecia surreal.

Estacionei o carro, saindo apressada do mesmo. Não sabia se devia ou não ligar ao André e perguntar se ainda estava à minha espera. Optei por não o fazer, mas por descalçar os ténis e caminhar pela areia da praia. Apreciava o céu, como adorava o pôr do sol. Ao tirar o telemóvel do bolso e apontar a câmara para o horizonte, ainda a caminhar, avistei-o.

Um André sentado, a olhar para o horizonte e a brincar com a areia por baixo das suas mãos. Pela forma como estava sentado, apercebi-me que estava desanimado.

Sem esperanças que aparecesse, o que me levou a sentar-me ao seu lado.

Closer × André Silva ✔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora