Dezesseis: Finja e sorria!

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O meu dia foi corrido. Tive que ficar cercada de criados na maior parte do tempo. O único momento em que fiquei sozinha foi para o meu banho. Aproveitei a oportunidade e separei uma trouxa com algumas coisas. Como moedas, comida, água e roupa. Eu não sabia para onde iria ou se conseguiria ficar fora por tanto tempo, mas rezava para que sim.

— Senhora, precisa ir mais rápido. Ainda temos maquiagem e cabelo para arrumar. — Marta avisa do outro lado da porta. Escondo a trouxa por trás de uma cortina e abro a porta, deixando os criados invadirem meus aposentos novamente.

— Tragam o vestido da princesa Anabela! — Rosie ordena. Ela também estava me acompanhando durante o dia. Aproveitou que eu havia ido tomar meu banho e se arrumou para a festa.

— Você está linda — afirmo.

— Deixe de me enrolar e vá por essa maravilhosa obra de arte — se refere ao vestido que dois criados trazem. Sorrio com seu exagero. Marta me ajuda a colocar a cinta e as saias de pano.

— prenda a respiração — pede e eu faço, ela puxa os cadarços e fecha a cinta. Solto a respiração com calma, isso me deixa sufocada.

É preciso três criadas para que eu consiga por o vestido sem rasgar nada. O vestido, apesar de todos os babados, é confortável e leve.

— Por aqui, Alteza — Marta me instrui a sentar em uma cadeira em frente ao espelho, logo se põe atrás de mim para ajeitar meu cabelo.

— Os convidados já estão chegando — Rosie anuncia o que uma criada lhe informou.

— A senhora poderia fechar os olhos? — a criada responsável por minha maquiagem pergunta. Assinto e assim faço. Sinto o pó branco invadir minhas narinas e espirro, fazendo o penteado da Marta se desfazer.

— Anabela! — Rosie repreende. Dou de ombros, eu não podia controlar meu nariz.

(...)

Passei mais de uma hora sentada naquela cadeira. Minhas nádegas devem ter tomado a forma do assento.

— Avisarei que você está pronta — Rosie sorri para mim através do espelho e sai do quarto, junto à todos os criados que por ali estavam. Aproveito para tirar a trouxa de trás da cortina e ver se não esqueci de algo, alguém entra em meu quarto sem avisar e me vejo obrigada a jogar tudo no chão.

— Desculpe se lhe assustei — o príncipe Benjamim pede. Sorrio falsamente.

— O que está fazendo aqui? — olho para os meus pés e agradeço pela cama ser alta o suficiente para cobrir a visão do príncipe.

— Sua mãe achou melhor que entrássemos juntos. Futuros rei e rainha, sabe? — arruma o cabelo e se dirige até mim. Chuto devagar a trouxa para de baixo da cama.

— Vamos acabar logo com essa tortura — digo sem pensar enquanto abro a porta.

— O quê? — pergunta embasbacado. Penso que talvez eu não o veria nunca mais, por que não ser franca?

— Eu sei que você não gosta de mim — ele arregala os olhos — tudo bem, eu também não gosto de você. — sorrio. Ele arqueia a sobrancelha e se aproxima.

— E-eu... — se enrola.

— Não precisamos conversar, apenas finja que está tudo bem para a sua família e eu farei o mesmo com a minha — cruzo nossos braços e o arrasto para fora dos meus aposentos.

****
Anabela 'sincerona!

AgainstWhere stories live. Discover now