Quarenta e Um: Povo.

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Depois de resumir as palavras das cartas para Jack e Henry, me vi enfurecida com o rumo que as coisas haviam tomado depois de minha partida.

— Como que ninguém percebeu antes? Aquele rei de meia tigela nunca quis paz ou aliança alguma. Ele quer tomar a Inglaterra para si e formar um país unificado onde a família dele estará no poder! — praguejei enquanto caminhava de um lado a outro.

— Anabela, você precisa manter a calma — Henry aconselhou e eu lhe encarei como se estivesse louco.

— Como posso ter calma com uma tempestade feito essa pairando sobre o meu país? — perguntei com tanta raiva que acabei por jogar uma caneca de vidro no balcão da taberna. Um grito agudo escapou por entre meus lábios enquanto eu escondia meu rosto entre minhas mãos.

Senti braços grandes e fortes me abraçarem, então me peguei chorando enquanto Henry tentava me acalmar.

— Bela, qual é o verdadeiro motivo para sua raiva? — ele perguntou cauteloso, sabendo que eu não estaria neste estado se fosse apenas pela minha coroa. Afinal, eu havia a abandonado no momento em que decidi partir.

— Não é raiva, Henry — eu tentei lhe enxergar através das lágrimas — É culpa — confessei em um sussurro e ele se distanciou um pouco para enxugar o meu rosto.

— Escuta — ele pediu e eu tentei conter o meu choro — nada disso é sua culpa.

— É claro que é, Henry! Você acha que meu pai estaria incapacitado em cima de uma cama, se eu ainda estivesse no castelo cumprindo com as minhas obrigações? Se eu não tivesse fugido, ele estaria bem o suficiente para não permitir esse golpe! — eu expliquei.

— Bela, você ouviu o que acabou de dizer? É um golpe! Não tem como prever algo assim. E, se estiver certa sobre o caráter do Rei Luís, você não acha que ele daria outro jeito de ficar no poder? — ele suspirou — É isso o que ele quer, que você se sinta culpada o bastante para nunca retornar para o palácio. Você é a rainha da Inglaterra por direito e assumiria seu papel algum dia, não deixando espaço para ele ou a família dele exercer poder sobre o seu país.

— É isto! — eu disse quando algo se acendeu dentro de mim como uma vela — É isto, Henry! — ele me encarou assustado — Com meu pai doente, quem vai assumir o poder é a Dulce assim que se casar com o filho dele. Por isso que ele quer tanto que esse casamento aconteça. Dulce é influenciável e está apaixonada, ela fará qualquer coisa que Benjamin lhe pedir e eu aposto que o príncipe está nas mãos do pai. — supus com as sobrancelhas arqueadas por minha surpresa.

— Se você estiver certa, não acho que seu pai tenha ficado doente naturalmente — Henry acrescentou uma nova ideia.

— Ele foi envenenado! — concluí, assustada, o seu pensamento e ele assentiu — Henry, se estivermos certos, temo que o rei Luís não vá se contentar em ter o poder temporariamente.

— Ele não está deixando seu pai doente, ele está o matando — ele supôs o que estava entalado em minha garganta.

— Eu não posso deixar que isso aconteça, Henry! Não posso deixar que meu pai morra ou que a minha nação tenha um governador tão ambicioso e egoísta como o Rei Luís! — eu disse desesperada.

— Então, o que vamos fazer? — Jack perguntou ao se aproximar, ele havia escutado toda a conversa e eu não me importava com isso.

— Nós vamos invadir um casamento — eu anunciei e eles sorriram.

(...)

Para que eu pudesse voltar ao castelo para consertar as coisas, eu precisava de um plano. Jack e Henry me ajudaram a bolar um, mas o problema estava em arrumar pessoas que estivessem dispostas a lutarem ao meu lado.

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