Trinta e Nove: Obrigada.

945 135 42
                                    

Cavalguei por, o que pareciam ser, horas. Demorei um pouco mais pelo desmaio repentino do Henry na metade do caminho, ele acabou caindo e me derrubando junto.

Quando cheguei na vila do Sul, tomei cuidado para não ser vista por ninguém. Observei que haviam guardas, em pequenas quantidades, em alguns pontos estratégicos. Louis não estava brincando, ele queria de fato me capturar o mais rápido possível.

Parei com Tempestade nos fundos da taberna velha, coloquei meu capuz e puxei o Henry para descer da égua.

— Vamos — sussurrei enquanto ele apoiava todo o peso de seu corpo no meu — com cuidado — eu o alertei sobre o corte, que descobri ser mais fundo do que imaginava, enquanto caminhava até a porta.

Dei duas batidas fortes, esperei por alguns segundos. Nada. Bati mais duas vezes com mais força. Nada. Comecei a bater fortemente sem intervalos e uma vela no lado de dentro foi acesa. Jack apareceu na porta com uma besta apontada para nós.

— Uma ajudinha aqui? — eu sorri torto.

— Jesus Cristo! — ele disse, abaixando a arma e me ajudando a pegar Henry que gemeu de dor. Entramos na taberna e eu fechei a porta. — Pode me dizer no que vocês se meteram? — ele perguntou preocupado.

— Você pode ajudá-lo? — mudei o rumo da conversa, eu não tinha certeza se podia revelar minha verdadeira identidade para Jack. Ele me olhou de lado e respirou fundo.

— Me ajude a colocá-lo na mesa — pediu e eu assenti, retirando os objetos que estavam sobre ela e o ajudando a deitar o Henry — Pegue um pano no balcão e água na cozinha, eu irei acender a lareira — ele disse e assim eu o fiz.

Corri pelo local empoeirado, peguei um pano velho em cima do balcão e uma bacia de aço. O enchi de água e voltei para a mesa que Henry estava.

— Limpe o ferimento — Jack ordenou enquanto limpava uma espada e a colocava no meio do fogo. Franzi a testa, mas obedeci.

— Eu vou ter que limpar o sangue — eu disse depois de molhar o pano. Henry me olhou, como se dissesse sem palavras que confiava em mim. Eu desabotoei sua camisa e passei o pano por seu ferimento. Ele fechou os olhos com força e fez uma careta.

— Garoto, isto vai doer — Jack avisou — Estas pronto? — perguntou retirando a lâmina do fogo.

— Faça — ele sussurrou.

Jack, com cautela, pressionou a espada quente na ferida do Henry que se contorceu pela dor. Ele segurou na mesa com tanta força que eu achei que fosse quebra-la. Em seus olhos se formaram lágrimas, mas de sua boca nenhum grito escapou.

— Jack, tire! — eu pedi agoniada.

— Não posso. Não agora. — ele rebateu enquanto se concentrava na ferida. Ele esperou por mais alguns segundos e tirou a espada, despejando um pouco da água que estava na bacia sobre a ferida. Agora em seu lugar estava apenas um arranhão em carne viva, que deixaria uma terrível cicatriz.

— Você vai ficar bem, Henry — eu o disse e beijei sua testa. Ele sorriu para mim, fraco, antes de apagar. Antes que eu me desesperasse, Jack me acalmou.

— Não se preocupe, ele vai acordar. Ele perdeu muito sangue e sentiu muita dor, seu corpo deve está exausto. — explicou.

— Obrigada, Jack — eu disse verdadeira.

— É o que amigos fazem, não é? — ele disse e suspirou cansado — eu vou tomar um banho. Tem lençóis e aquele quarto que vocês usaram da última vez está vago, se quiser tirar um cochilo — ele ofereceu e eu assenti.

AgainstWhere stories live. Discover now