Dezenove: Uma Pensão

945 172 35
                                    

Vaguei por toda a noite atrás de um local seguro para dormir. Passei pela vila vizinha do castelo, mas soube que os guardas estavam em uma patrulha por lá. Não podia arriscar.

Resolvi andar um pouco mais, o que resultou em eu encontrar uma segunda vila. Esta parecia quase deserta, quase.
O cenário era devastador, tudo em um tom cinzento. As casas mal iluminadas, as pessoas mal vestidas, bastante pedintes - aqueles que dormem na rua e vivem de migalhas - e pouco movimento. Eu estava exausta e precisava de uma cama.

Parei em uma pensão, que tinha em sua porta um quadro com figuras representativas de que havia quartos vagos para viajantes.

— Fique aqui, Tempestade — digo ao meu cavalo, que na verdade é uma égua. Descobri isso na nossa primeira parada, então a nomeei.

Retiro uma maçã de minha trouxa de pano e ponho em sua boca. Aliso sua crina até que ela tenha se acalmado por completo. A deixo ali enquanto entro na pensão. É um local empoeirado e vazio, vejo o que suponho ser o dono atrás do balcão. Ele cospe em um copo para enxuga-lo com um pano velho logo em seguida. O homem é barbudo e cheira mal, tem pelos grisalhos e uma cicatriz no queixo.

— Boa noite, senhor — o cumprimento. O mesmo para o que fazia para me avaliar dos pés à cabeça.

— Não queremos os seus serviços — diz rabugento. Seu hálito cheira a cerveja. O que ele tinha insinuado?

— Perdão, acho que o senhor não entendeu. Eu quero um quarto para passar a noite. — o explico no meu melhor tom.

— E como pretende pagar? — cruza os braços enquanto semicerra os olhos escuros.

— Espero que isto sirva — lhe entrego três moedas de ouro. Ele arregala os olhos no mesmo instante, as agarrando.

— Algo de errado? — pergunto confusa.

— Não, não! De maneira alguma! — ele as aprecia — Por aqui — se dirige até uma escada. O sigo por um caminho que nos leva para o andar de cima, onde eu ficaria. Ele abre uma porta e sai em seguida.

— Obrigada — ironizo enquanto avalio o local. Assim como o restante do lugar,  é sujo e velho. Não que isto seja um problema, eu acho.

Encontro um espelho embaçado pelo frio na cômoda do quarto. Me espanto ao ver meu estado, eu preciso de um banho. Pego dentro da cômoda uma toalha marrom e me dirijo até o local de banho. Estremeço ao ver a água barrenta dentro da banheira. Bom, é isso ou nada. Respiro fundo antes de me despir e de entrar dentro do objeto, eu não sentaria ali nem morta. Pego uma bucha que está ali dentro e ao levá-la até o meu corpo percebo que aquilo, na verdade, era um rato. Solto um grito agudo enquanto jogo o animal para longe, saio da banheira o mais rápido que posso e me agarro na toalha.

Que nojo, que nojo, que nojo!

Me limpo com a água que trouxe comigo em um cantil e me visto com as mesmas roupas sujas. Ao sentar na cama, tenho a certeza de que é feita de palha. Ponho a minha trouxa em baixo da cabeça para apoia-la, visto que não há travesseiros.

— Amanhã vai ser um dia melhor — asseguro para mim mesma — tem que ser — sussurro e aperto o meu colar com o polegar. Seria uma longa noite.

******
É importante para mim que vocês comentem e favoritem, se gostarem da história.

Eu tenho outra história que está disponível no meu perfil, o nome é Minha Querida Júpiter.

Entramos no ranking e ficamos em #90 posição, muito obrigada!! ❤️

AgainstWhere stories live. Discover now